48° CAPÍTULO

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Ângelo Fontana

Ao abrir os olhos veio a decepção, a sensação que eu tive era que havia perdido totalmente o controle da minha vida, estava frustrado por não ser os olhinhos de coruja a primeira coisa a qual bati os olhos ao acordar, sentindo o corpo todo ferrado despertando da anestesia geral que com certeza fui submetido ao chegar nesse hospital. Minha boca estava seca e os meus lábios pareciam estarem craquelados, veio uma tontura horrível e eu a ignorei, a confusão mental já deixava de existir ao olhar para o lado e enxergar a bolsa de soro suspensa em um equipamento e um monte de fios em meu abdômen com coceira enfaixado com ataduras.

Acredito que a maior tristeza da minha vida foi não ter morrido nas mãos daquele maldito. Pelo visto eu não sangrei até morrer como era o meu plano ao ir até ele. Droga!

Que merda de realidade!

Meus devaneios veio e eu me questiono o por que daquele infeliz ter me soltado? Eu não lembro de nada! Mas independente do por que, o que realmente deve ter ferido o ego dele foi ter me visto idolotrar e implorar por mais cortes ao invés de pedir clemência. Ele desprezou ver meu êxtase ao saber que era ele quem me presenteava com aquilo. No fundo meu pai desejava me ver agonizando de dor e não agonizando para pedir mais daquilo por que estava muito pouco, por que eu estava gostando e me deliciando. Os olhos dele enraivecidos não mentiram, aquilo de ver meu vício beirando ao prazer por ele está me ferindo doeu mais nele do que em mim, ele odiou sim perceber que eu morreria dando risada. Covarde!

De repente, a porta do quarto do hospital abriu e meus homens entraram. E ela, a Lavínia não estava no meio. Era isso. Ela desistiu mesmo de mim. Julgo que não havia nem consideração da parte dela. Uma pena. Ela estava claramente me provando que amar alguém é a pior miséria que possa existir na terra. É o mal do século.

— Finalmente você despertou. _O matador Popkov aproximou da cama.

Cansado de ficar deitado nessa cama idiota, puxo o fio das minhas veias e jogo para o lado, sentando-me e prestes a sair daquela cama.

— Calma ai, porra! Você está pensando que é o Thor só por que é grande? _O matador 2 ousou a me tocar nos ombros, mas bastou meu olhar mortal para que ele desse um passo atrás e me deixasse em paz.

Arranco os fios do meu abdômen.

— Podem me dizer o que estão fazendo aqui e não trabalhando, matando ou qualquer outra merda que não seja me olhando? _Passei o olhar frio entre todos. Eles se olharam e alguma coisa em mim alertou que algo estava fora de ordem. O olhar de todos persistia preocupado mesmo estando eles me vendo vivo. O corpo deles parecia inquietos demais. A respiração... eu podia ver a respiração deles rareando pela pouca frequência em que suas gargantantas movimentavam. De pé e sem me atrever a ficar desconfortável, não me importei em retirar a porra do avental hospitalar que colocam nos pacientes para suas necessidades fisiológicas, fiquei nu diante dos matadores que não estavam me dando nenhuma privacidade. Viro-me e avistando uma bolsa nas mãos de um dos matadores, sigo até ele e pego, sei que foi a governanta que preparou, pois aquela bolsa era minha. Rapidamente abro e visto-me a calça e os sapatos, eu sairia desse lugar mesmo que não me dessem alta.

— Você não sente nada? _O Popkov questionou e o tom de voz era corioso.

Eu o olho, passando devagar a manga da camisa em meus braços enfaixados, agradecendo por ser manga longa, eu não suportaria ser espetáculo para os olhos alheios sem ter que dar um tiro na cara de cada um.

— Sim. Sinto vontade de matar os quatro se não me falerem o motivo de estarem omissos e com receio de me contarem o que estão escondendo. _Finalmente visto a camisa escura e fecho os botões. Por fim, os encaro novamente. — Como me encontraram? _Pergunto mantendo a calma.

A MERETRIZ - Predestinada a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora