"anestesia para as dores..."

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Narrado por Bento

Cheguei no pequeno hotel, o silêncio trazia a paz para meu coração que andava tão doloroso, e pra minha mente que andava tão barulhenta... Era começo de maio , não estava suportando respirar o mesmo ar que meu irmão, então descidi sair antes que um mate o outro, afinal ultimamente qualquer coisa saímos aos socos. O lugar era lindinho, a luz amarela uma rede em cada alpendre dos quartos que era um junto ao outro e o ar... Aaah , o ar úmido e puro, era tudo que precisava... Me livro de todos só pensamentos, aqui posso ter um pouco de ter minha paz novament... Pera aí , Helena?!

Saio de meus pensamentos ao ver Helena deitada em um banquinho de madeira perto da fogueira, de roupa de banho, provavelmente vindo de alguma lagoa. Não escondo minha pressa de ir até ela.

B: Helena? ( Ela me olha rápido saindo de seus pensamentos)

H: Bento? O que você está fazendo aqui??

B: o mesmo que você suponho! ( Me deito em outro banquinho, não totalmente igual ela devido a diferença de tamanho, mas também perto da fogueira , nossos bancos uma a frente do outro com espaço seguro para uma fogueira no meio)

H: como descobriu esse lugar? ( Risonha )

B: pesquisei no Google, o lugar mais calmo que existia por perto ! ( Ela rir )  Mas e você ?

H: e do meu pai , quis vim pra cá para descansar minha mente , o chifre pesa muito! ( Não consigo segurar a gargalhada e ela rir também) Chegou hoje ?

B: sim , pela manhã! E você ?

H: depois que acordei naquele dia, acordei fiz minhas malas e fugi pra cá! ( Risonha )

B: ninguém sabe que está aqui ?

H: não , só disse aos meus pais que estava bem... Precisava viajar um pouco!  E você ?

B: se lasque todo mundo, só saí mesmo! Deixei um bilhete dizendo que não sabia quando voltaria !

Um leve silêncio...

H:e você... já acostumou com tudo?

B: não... Sai de casa pra não matar aquele desgraçado! ( Falo rancoroso)

H: como a gente foi tão cego?

B: nem me lembra... Eu ainda comi aquela vagabunda de manhã! ( Ela rir )

H: eu também dei aquele desgraçado de manhã! ( Rimos ) Que merda, que raiva também!

B: sinto tudo que você sente , acredite !

Desabafamos e conseguimos fazer um ao outro sorri, foi leve aquele momento, ambos sabiam como ninguém o quanto que nos doeu.

Os dias passaram e sempre nos víamos , ela se fez Guia turista do local , me apresentou cada canto e cada lagoa uma mais linda que a outra, inevitavelmente muitas vezes tocamos no assunto, com indignação sobre tudo que aconteceu, bebemos vinho, conversamos bastante também , andamos pela pequena cidade que ficava pertinho dali

Não vou negar, foi muito bom tê-la ali , ela entendia minha dor , e não me julgava pois ela também sentia essa dor... Conseguimos desabafar sobre os momentos de ingenuidade nossa, em momentos que estavam nítidos em nossa cara , mas não percebemos... Falávamos também todas as demonstrações de amor que demos e o que recebemos em troca foi traição e decepção, falamos também abertamente e sem medo de julgamento todos os defeitos que eles tinham , fomos filhos da puta em rasgar os defeitos mais íntimos que eles tinham..

H: uma vez mamãe e eu pegamos ela se masturbando com uma banana ! ( Jogamos todos os podres deles no ventilador, fazendo nossas dores aliviarem )

Sabíamos que isso era infantil, mas quem liga ? Eu e ela sabemos a dor e a vergonha que eles nos causaram !  Poderíamos sim destilar nosso ódio , em coisas mais sombrias deles , que foram filhos da puta primeiro.

B: uma vez meu pai e minha mãe e eu pegamos ele se masturbando em um vídeo pôrno de uma velha ! ( Rimos )

H: ele é uma flozinha, não faz nada! Parece um morto , eu quem sempre dominei aquele bunda mole !

B: ela é uma preguiçosa também, nunca fazia nada ! E com ele tava sentando! ( Rimos ) Ela é ruim de cama !

H: ele também é!! ( Falávamos e recebíamos uma anestesia para nossas dores) Como é bom acabar com a raça deles ! ( Rio concordando , bebiamos vinho em uma das mesas do lado de fora )

B: eles merecem, por mim jogava todos os podres dele em um ventilador e espalhavam aí pelos ares !

H: por mim também! ( Rimos ) Desgraçados!

B: eles não pararam de se ver, tá ?!

H: não ?( Sem acreditar )

B: não , mas todos estão contra eles... Ele continua com ela , agora ele é o trouxa que tá pagando os luxos da aquela vagabunda desempregada e folgada !

H: folgada mesmo , todos ajudam nas contas lá de casa menos ela ! E vive gastando, já ofereci emprego a ela mas ela recusou, dizendo que não gosta de trabalhar assim!

B: além de puta , preguiçosa!

H: e folgada , muito folgada! E aquele babaca e mão de vaca !

B: muito!

H: eu que sempre pagava as contas , até a do motel !

B: ele me disse que vocês dividiam ! Gigolô do caralho.

H: não dividimos nada , ele que pedia pra eu pagar sempre! E ele é isso mesmo, gigolô! Você falou bem !

B: gigolô, mão de vaca , babaca, e broxa!  ( Rimos )

H: e sim , broxou mais de uma vez comigo!! ( Rimos )

...
Continua...

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