Uma Crise de Pânico no Ar

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Estou sentada no avião, Carlos está do meu lado em uma ligação com o pai, eles estão falando sobre negócios, Charles está na poltrona do outro lado mexendo no celular e com o fone de ouvido no colo provavelmente escolhendo as músicas que vai ouvir...

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Estou sentada no avião, Carlos está do meu lado em uma ligação com o pai, eles estão falando sobre negócios, Charles está na poltrona do outro lado mexendo no celular e com o fone de ouvido no colo provavelmente escolhendo as músicas que vai ouvir durante o voo.

E na minha cabeça só se passa o mesmo cenário um milhão de vezes, eu não posso estar grávida, nesse momento não, agora não, eu só tenho 23 anos eu não posso estar grávida, e se eu realmente estiver grávida como eu vou contar isso pros meninos?

Eu não posso estar grávida porque eu...
Eu tenho mais de um parceiro sexual.
Porque eu vou pra cama com mais de um homem.
Eu pensei que só estava me divertindo e vivendo na minha vida de solteira da maneira certa finalmente, sendo bem tratada, tendo as experiências prazerosas que eu acho que jamais teria, mas agora eu estou aqui, eu fiz tudo da maneira certa, eles me instruíram a fazer tudo da maneira certa, eles sempre se cuidaram, e sempre cuidaram de mim.

Eles sempre usaram preservativo, e depois me pediram pra começar a tomar remédio, eu fiz tudo que eles me pediram na certeza de que eu estava me cuidando, não é possível que um remédio, de uma simples dor de garganta, vai destruir a minha vida dessa maneira.

Como eu vou contar pra eles que confiaram em mim, que confiaram que eu estava tomando meu remédio que confiaram suas vidas e suas carreiras na minha mão, como eu vou chegar pra eles e dizer que eu estraguei tudo.

Será que eu estraguei tudo sozinha?
Se tudo que aconteceu em Mônaco não tivesse acontecido, se eu não estivesse tão ocupada com tudo que aconteceu na Itália, ocupada pensando em abrir mão do Charles pra viver uma vida com o Carlos, ocupada tentando resolver tudo que aconteceu com os dois e deixar nosso passado pra trás, ocupada me reconciliando com eles, talvez se nada disso estivesse acontecido eu tivesse prestado atenção antes, eu tivesse prestado atenção no remédio, eu tivesse prestado atenção no atraso da minha menstruação.

Será que eu tenho alguma doença?
Será que eu tenho um cisto?
Será que eu tenho câncer?
Eu prefiro estar doente a estar grávida?

As portas do avião se fecham e o piloto começa a passar as instruções de decolagem, Carlos desliga a ligação com seu pai e volta sua atenção pra mim, e como se eu já não estivesse ansiosa suficiente o sufoco de estar dentro do avião volta tomar conta de mim.

Escuto bem de longe o piloto pedir para afivelar os cintos, e sinto um pânico gigantesco invadir o meu corpo.

Carlos: Mi Corazón já vamos decolar

Olho pra ele seria, eu simplesmente não consigo responder eu apenas olho pra ele piscando os meus olhos como se meu corpo não tivesse reação.

Carlos: Deixa eu colocar isso pra você

Olho para as mãos dele que apertam o meu cinto em volta da minha cintura, acho que ele colocou apertado demais, estou me sentindo presa, eu sei que essa é a intenção, mas a minha cabeça dói tanto, mas eu não consigo reclamar, viro minha cabeça pro lado em câmera lenta ainda com os olhos piscando e vejo Charles olhando pra nós dois de cara feia.

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