Por pouco!

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Unholygirl

Abro os olhos por três segundos e os fecho novamente sentindo arderem como se estivessem cheios de areia, mas foi tempo suficiente para ver a figura esguia sentado ao meus lado.

- O que faz aqui? - sinto minha garganta arranhar como se engolisse vidro e seca, muito seca.

Não consigo ficar com os olhos abertos, mas tenho um vislumbre dele, porra, está sem máscara, mas não consigo focar e ver com nitidez.

- Johane me ligou! - a voz dele soa estranha aos meus ouvidos, deve ser a dor que estou sentindo.

- Quem é Johane? - me sinto confusa e esfrego meus olhos.

- A atendente! - ainda está estranha.

- Ah! - isso não me surpreende, Stanley parece estar em todos os lugares - quanto tempo eu apaguei? - gemo tentando me levantar, mas meu braço dói pra caralho, assim como minha cabeça.

- Três dias! O que está fazendo? - Stanley está preocupado e isso me deixa tensa.

- Preciso alimentar a Senhorita Maria! - resmungo quando ele me empurra na cama novamente. - Ela morreu? - tento abrir os olhos, porra de dor, que queima como o inferno!

- Não, eu alimentei sua gata!

- Obrigada! - ouço Senhorita Maria miar ao longe.

- Porque não me pediu ajuda? - agora ele está irritado.

- Você estava muito ocupado trepando!  - dou de ombros e tento abrir meus olhos novamente, mas a dor arde meu cérebro.

Sim eu sei, o cérebro não sente dor, são as terminações nervosas, mas não estou com saco para discutir isso com você!

- Merda! - xinga baixinho.

- Não estou reclamando nem nada, o pau é seu e você come quem quiser! - tento sorrir mas sai uma careta.

- Eu... Não...

- Olha, Stanley, não precisa me esplicar nada, somos adultos e só trepamos algumas vezes! - deixo claro logo, antes que ele entenda errado. - Já pode ir, estou bem! - minto, não me sinto confortável com toda essa preocupação dele.

- Quem fez isso? - sua voz sai estranha e me remexo tensa. Ele parece, magoado?

- Se você que é o cara que sabe tudo não sabe, imagina eu! - faço uma careta tentando sorrir - há quanto tempo está aqui? - porra estou com sede! - pode me dar água por favor!

Ele me entrega a garrafa gelada e eu bebo quase toda. Jogo o resto em cima da minha cabeça sentindo que vou explodir de dor, porra o tiro foi no braço, porque sinto que foi na cabeça.

- Dois dias, você deveria ter me ligado! -ele insiste.

Porque sinto que sua voz soa arrependida? Culpada?

- Estou viva, Stanley, não ha porque se sentir culpado! - sinto a dor aumentar mais - você não podia fazer nada mesmo! Porra! - gemo apertando a cabeça entre as mãos, porra vou enlouquecer.

- O que você tem? - preocupado. Tremo de nervosa, merda!

- Dor, uma puta dor na minha cabeça! - rosno irritada.

Sinto o colchão mexer e ele sai do quarto. Alguns  minutos depois ele volta e o colchão afunda ao meu lado.

- Estique o braço! - ele manda e eu faço.

O quê? Preciso confiar nele, estou com dor, se for algo que vai me matar, a dor acaba, não é?

Sinto a agulha perfurar minha carne e gemo de alivio quando minha cabeça começa a aliviar e eu deito novamente! Porra, estou vendo estrelas, constelações inteiras, meu corpo pesa, a escuridão me toma, acho que ele me drogou, porra, Stanley vai me matar, certeza!

Unholy Girl - Entre a loucura e o prazer...Onde histórias criam vida. Descubra agora