Você voltou para mim!

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Passado

- Você está segura agora, garotinha! Não vou deixar mais ninguém te machucar! - o homem a olha com carinho enquanto dirige pelas estradas de terra da ilha.

A garotinha tremia e chorava no banco de trás, com medo daquele homem que ela pensou que a estava ajudando a livrar sua mãe do monstro. Mas ele trouxe outros homens com ele que prenderam a mãe dela e o monstro. Ela não ficou grata por aquilo, porque eles a separaram de sua mamãe e de suas irmãs.

O homem ao olhar pelo retrovisor percebeu que a garotinha estava tremendo e chorando em silêncio, mas ele não sabia se ela entenderia caso ele lhe explicasse tudo o que aconteceu. O fato dela chorar pela mãe, a responsável por seu estado, o fazia entender que ela nao estava pronta para aquela conversa, mas talvez devesse, ja que ela provavelmente estava pensando que ele a havia tomado da mãe e do desgraçado do tio.

Quando finalmente parou o carro no hangar abandonado que existia ali na ilha, viu que a garotinha dormia abraçada a si mesma, com o rosto marcado por lágrimas. Seu coração doeu ao lembrar em como a encontrou desmaiada com as roupas rasgadas e as costas sujas de sangue devido a surra que levou, enquanto a mãe sorria, com as outras filhas ao lado.

O rostinho dela estava inchado e um dos olhos não abria. Das quatro crianças ela era a única machucada, a mãe alegava que a estava treinando para quando o pai dela voltasse e ela virasse a rainha da Rússia, a mulher estava visivelmente louca. Carl deveria tê-los matado ao invés de denunciá-los, mas sabia que foi o certo a se fazer e estava grato por ter livrado as garotas daqueles filhos da puta!

Infelizmente só lhe foi entregue a guarda provisória dela, as outras ficariam sob os cuidados de outros agentes do FBI. Lembrar de como a mãe dela estava louca fez seu corpo arrepiar com medo de ter perdido Violet, caso não chegasse a tempo. Ela surtou quando os federais chegaram e tentou se matar e matar as filhas, desgraçada filha da puta.

O monstro desgraçado até tentou dizer que não fora ele quem machucou Violet, que fpi a irmã quem fez, que ela era a culpada! Porra, ele pensou, deveria ter cortado a garganta dos dois.

Ele esperou pacientemente que ela acordasse e meia hora depois ela despertou, tremendo e chorando, sem saber onde estava e mesmo reconhecendo o rosto do homem, continuou chorando pedindo a mãe.

- Olhe para mim querida. - o homem pediu gentilmente e ela o fez - eu não vou machucar você, sei que está com medo e faz sentido que esteja, eu sou alguém desconhecido, que chegou na sua casa e levou todos aqueles homens até lá, e houve toda aquela gritaria e choro, mas aquilo foi para o seu bem e da suas irmãs. - ele respirou fundo tentando achar as palavras para que ela entendesse - assim que sua mãe voltar do hospital ela virá buscar você! - ele mentiu sentido um gosto amargo na boca, ja estava apaixonado pela garota, sentiu que sua alma se ligou a dela, como se fosse sua filha, nascida dele! - então até lá, eu vou cuidar de você, está bem? - ele a olhou com ternura, mesmo que seu coração estivesse destroçado pelos hematomas no rosto e corpinho dela.

- Minha mamãe vem me buscar quando ficar boa? - a vozinha fraca dela o fez se controlar para não chorar, ele não queria assusta-la.

- Sim, amor, ela virá! - mentiu novamente, mas em seu íntimo torcia para que ela se esquecesse da filha da puta e vivesse feliz ao lado dele.

Depois de alguns meses a garota decidiu confiar no homem estranho, ele a tratava com amor e cuidava dela como se realmente fosse sua filha, e mesmo ele não passando tantos dias com ela, devido ao seu trabalho, ela gostava de viver com ele. Aos nove anos não queria mais ir embora dali, torcia para que sua mãe nunca voltasse.

Mas, um dia  ela foi levada de volta para o monstro e mesmo sofrendo e indgnado, Carl não pôde fazer nada a respeito, era decisão da justiça, mas ele iria recorrer,  iria ficar de olho no desgraçado. O filho da puta havia provado que os hematomas eram a mãe quem causava, mas Violet sabia que sua mãe só a machucava porque a amava, mas ele fazia por prazer.

Quando voltou para casa ele sorria com suas irmãs ao seu redor, elas estavam tristes e amendrontadas iguais a ela. Para os outros, aquele sorriso dele poderia até parecer que ele estava feliz ao ver as sobrinhas de volta, mas para elas ele parecia perverso e ameaçador, elas conseguiam ver as promessas dolorosas que haviam ali naquele sorriso largo.

A mãe não voltaria, ela era um vegetal agora, foi o que o tio lhe disse, a depressão a havia deixado de cama, internada em um hospício depois de várias tentativas de fuga. Ela não comia sozinha ou fazia qualquer outra coisa por conta própria. O médico havia dito que ela se fechou na própria mente e que não sabia quando ela acordaria do transe.

O inferno na vida de Violet começou. O tio a odiava, porque foi ela quem trouxe Carl até sua casa, foi ela quem destruiu sua familia perfeita e fora por causa dela que a irmã dele foi trancada em um manicômio, então ela iria pagar, sofrer as consequências dos seus atos e ele faria questão de que sua vida fosse miserável e dolorosa.

Ele a espancava, abusava dela e a deixava com fome, mas Violet aguentava tudo calada, porque sabia que enquanto ela obedecesse, sua três irmãs estariam a salvo, era o que ela pensava, até vê-lo em cima de Emilly, e descobriu que ela e Lilly já haviam sido abusadas por ele!

Ela tinha dez anos quando o deixou bêbado e o matou com uma corda. As duas mais velhas arrastaram seu corpo pesado para fora da casa e o esconderam entre as árvores atrás da casa. Cobrindo o corpo com folhas.

- Eu vou procurar ajuda! - Violet olhou para Emilly, assim como ela, Emilly estava muito machucada e debilitada pela fome, as irmãs também estavam do mesmo jeito - eu prometo que não vou demorar!

- Eu estou com medo irmã! - Emilly chorou.

- Não tenha, agora que o mostro está morto, não tem mais o que temer. - Violet sorriu aliviada. Eu não vou demorar, prometo!

Mas ela não voltou, Violet nunca mais voltou para elas, porque, assim que saiu para pedir ajuda, foi presa por um dos moradores, abusada e levada para longe da ilha, onde passou seis meses trancada em um orfanato, até conseguir fugir, mas quando encontrou um jeito de voltar a ilha, não e controu as irmãs e haviam duas covas em frente a casa. Desenterrou o túmulo e descobriu que só havia um corpo, o do tio.

Alivio tomou seu corpo ao ver que suas irmãs estavam vivas, pelo menos era o que esperava. Ela ficou meses na ilha, sozinha, caçando para comer e tentando sobreviver, esperando que as irmãs voltassem, mas elas não voltaram, então ela decidiu queimar a cabana e ir atrás delas, procurar suas irmãs. Pegou carona escondida em caminhões, muitas das vezes andava quilômetros a pé e roubava para poder se alimentar, até que chegou a Nova York, onde Carl morava.

Passou um mês inteiro observando a casa, vivendo nas ruas, sem coragem de ir até ele. Agora era uma assassina e seu corpo estava mais sujo do que quando aquele desgraçado abusou dela. Não era digna de pedir para voltar para casa.

Estava sentada em uma calçada, duas quadras da casa dele, depois de ser enxotada de várias outras, quando uma sombra parou a sua frente e o homem desconhecido ficou a olhando com a testa franzida a deixando tensa.

- Que foi tio? Quer me comer é? - ela rosnou.

- Cristo, é você! - ele ofegou surpreso.

- Não sou isso aí não tio, nem sei quem é! - ela o olhou confusa.

- Não foi isso que eu quis dizer! Seu nome é Violet não é? - ele perguntou surpreso  e a garota sentiu seu corpo esfriar, será que era alguém que ela roubou e não se lembrava?

- Meu nome não é esse não tio! - a garota levantou-se rapidamente e correu antes do homem a pegar.

- ESPERE VIOLET... - ela não ouviu o que ele queria porquê ja estava longe dali.

Mais um mês se passou e ela continuou andando sem rumo pela cidade, logo faria onze anos, mas não havia nada para comemorar. Querendo ou não ela sempre voltava para perto da casa, mesmo sentindo que deveria seguir seu rumo, não conseguia se afastar, queria ver Carl um última vez.

- Violet? - seu corpo travou ao ouvir a voz daquele homem, sentiu os olhos marejarem. Mas não se virou e saiu andando apressada para longe dele - espere! - ele a segurou pelo braço e ela baixou a cabeça, esperando que ele não a reconhecesse. - Ai meu Deus, é você querida! Ai meu Deus é você! - ele ofegou e a abraçou apertado, chorando e rindo. - Você voltou para casa querida, voltou para mim! - ele ria feliz sentindo seu coração aliviar - Bob! Olhe quem voltou, minha garotinha voltou! - ele gritou e Violet desabou nos braços dele.

...



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Unholy Girl - Entre a loucura e o prazer...Onde histórias criam vida. Descubra agora