Macabro e belo!

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Stanley

- O que faz aqui? - sua voz soa calma e ela traga do cigarro.

- Só estava passando! - minto e ela ri, uma risada vazia. - o que você faz aqui? - pergunto vendo seu olhar vazio mirando a lápide a sua frente.

- Nada! - fala frustrada. Ela joga a bituca fora, levanta, limpa a terra da bunda e passa por mim. - Não há mais nada aqui!

Observo o lugar, ha uma casa mais a frente, pelo menos era uma, já que só há as cinzas. Na frente da casa há uma lápide com duas cruzes, como se fossem dois caixões na mesma cova. Não há nomes, nem identifição na lápide.

- Porque veio até esse fim de mundo se não há nada aqui? - pergunto curioso, observando ela ficar tensa e depois disfarçar.

- O que você quer Stanley? - ela me olha com tédio - porque porra esta aqui?

Não respondo, não sei o que responder, não sei o que porra vim fazer aqui. Ela ri, colocando sua máscara, se escondendo atrás do sorriso.

- Vamos, estou com fome! - ela se vira indo pela trilha dentro da mata fechada e a sigo.

Andamos cerca de dez minutos e paramos em frente a uma barraca de camping. Na beira de um precipício. Vou até a beirada e vejo como é alto, com um rio embaixo, porra, qualquer descuido e ela cai dessa merda!

Volto meu olhar para ela e a vejo sorrindo como se estivesse feliz, sentada em frente a um fogão improvisado com pedras e com um bicho assando quase queimado, e uma chaleira velha com água fervendo. Como se fosse acostumada com isso, como se essa fosse sua vida.

Quando pesquisei sobre ela não havia nada sobre acampar ou atividades ao ar livre e ela nunca sumiu assim nesses cinco anos em que trabalhamos juntos!

- A quanto tempo está aqui? - a questiono obervando ela virar o animal e colocar pó de café na água.

Já fazia um mês desde que a vi a última vez.

- Acho que nunca sai daqui, na verdade! - sua voz soa calma, mas posso ver que há dor em suas palavras. Ela disfarça com um sorriso em sua boca, que não alcança seus olhos. - Tome! - estica sua mão para mim com um pedaço da carne do bicho quase queimado.

- Não vou comer isso! - dispenso com nojo e ela revira os olhos, levando a carne a boca, comendo como se fosse algo saboroso. - como consegue comer isso? Não basta o atum? - faço uma careta por baixo da máscara.

- Estou acostumada e não fale mau do meu atum! - ela brinca e tira mais um pedaço e o leva a boca - vai ficar ai ou vai sentar? Se puder ir embora eu agradeço! - me expulsa como se estivesse falando do tempo.

- Está me expulsando? - pergunto surpreso. - pensei que estava com saudades! - brinco e vejo seu sorriso aumentar.

- Se a carapuça serviu e para sua decepção eu já tive melhores! - da de ombros.

- Mentirosa filha da puta! - Gargalho e me sento ao seu lado.

Ela ri também e me olha com os olhos divertidos, enquanto come da carne. Pelos céus, estou quase jogando esse bicho no precipício!

Passo meus olhos por seu corpo. Está vestida com um conjunto escuro, estilo militar, mas consigo ver os arranhoes em seu pescoço. Franzo o cenho incomodado com sua pele machucada. Ela estava desaparecida a um mês, não levou nada de casa, nem mesmo a vi sair do quarto.

Ela me entrega uma caneca com café, pelo menos esta limpa e parece nova.

Bebo do café e está bom, ela se serve e toma um gole. Observo ela tranquila, comendo da carne do bicho e penso na última vez que nos encontramos, não deveria tê-la deixado sozinha, depois de fodê-la, porra!

Unholy Girl - Entre a loucura e o prazer...Onde histórias criam vida. Descubra agora