Em casa!

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Unholygirl

- Como você está querida? - ele me pergunta assim que entro no carro.

- Bem! - minto, meu ombro dói pelo esforço que fiz ao pular do prédio, além do meu pé que está latejando, com certeza torci.

- Porque precisou de mim? - sua voz sai calma, e ele cantarola uma música que não consigo prestar atenção na letra, me concentrando em respirar devagar, pra ver se a dor diminui.

- Acho que foi o Stanley quem mandou me matar! - dou de ombros.

- Porque acha isso querida? - ele me olha rapidamente e depois volta a se concentrar no trânsito. - pensei que vocês estavam bem. Será que ele estava chateado por você tê-lo deixado na ilha, sozinho?

- Ai meu ombro! - gemo com dor e levo a mão a ferida fingindo uma dor absurda, que na verdade está doendo, mas não do jeito que estou fingindo.

- Estou forçando você não é meu anjo? Me desculpe! Descanse querida, quando chegarmos em casa vou cuidar de você, minha princesa! - ele me olha com carinho e sorri.

Suspiro, detesto estar vulnerável na frente dele.

Não me leve a mal por não querer conversar com meu pai, mas se não parar por aqui, suas perguntas so vão aumentar e eu sinceramente não quero conversar, não gosto de interagir com ninguém, fico esgotada com conversas, mesmo que sejam com eles, prefiro lutar ou trepar, porque não preciso usar a boca, no primeiro pelo menos.

Durmo todo o trajeto até minha casa, não a que fizeram de peneira, mas a que cresci. Uma hora depois chegamos, tenho certeza que meu pai furou alguns sinais de trânsito para chegar até mim em vinte minutos, mas também sei que ele só estava dirigindo mais devagar por que eu reclamei de dor.

Viu que ele me trata como uma princesinha, eu te disse!

- Oi minha querida! - meu pai me abraça e o abraço de volta, não sou uma fã de contato físico, mas eles são, então deixo que me abracem.

Exagerados são seus nomes do meio, o primeiro é abraço em grupo, que é o que eles estão fazendo agora, me apertando em seus braços.

Sinto meus olhos úmidos e deixo as lágrimas rolarem, não gosto de me quebrar na frente de ninguém, mas me sinto confortável com eles agora, depois de tantos anos. Eles deixam que eu chore tudo o que tenho para chorar, esperando com paciência.

Eu sei você queria que eu fosse mais forte, que não demontrasse fraqueza nunca, mas ao lado deles sou apenas eu, cheia de traumas e eles me conhecem bem demais, e uma hora ou outra, com toda a certeza, iriam me esgotar de perguntas até que eu colocasse para fora tudo que estou sentindo, ou chorasse até não ter mais nada para chorar, então ja encurtei o caminho e me desfiz no casulo que eles me colocaram, dentro dos seus braços.

Sim eu sei, você está meio confusa, eu falei que fui diagnósticada com socipatia e psicopatia, mas lembre da bipolaridade também. Geralmente quando estou assim, "frágil", é porque estou tendo algum tipo de surto e às vezes passo dias sem levantar da cama!

Mas assim como uma sociopata e Psicopata, não tenho remorso algum em infligir as leis que a sociedade impõe, ou arrependimento do que faço, mas com a bipolaridade, fica tudo uma merda, quando quebro na frente dos outros sem motivo aparente. Primeiro foi com o Stanley e agora com eles.

Um choro chato e persistente começa aos fundos e meus pais me soltam indo até o barulho, posso ouvir eles falando em susurros sobre o porque eu estava assim, e meu pai grita um "o Stanley? Não acredito! Vou cortar a cabeça dele se isso for verdade!"

Bom, Stanley está bem ferrado se for ele!

Subo para o meu quarto, que tem apenas uma cama, uma mesinha de cabeceira com um abajur e uma parede repleta de livros, sim, sempre fui uma pessoa de poucas coisas, não que meus pais não tivesem dinheiro para me dar o que eu queria, é que eu pensava que se pedisse algo a eles, eles me devolveriam para o orfanato, então sempre recusei o que eles me ofereciam.

Unholy Girl - Entre a loucura e o prazer...Onde histórias criam vida. Descubra agora