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Melina

Já sei! O guarda roupa. Encaro o móvel. De fato...olhando assim não parece ter nada. Mas a madeira tem um espaço que parece errado. Muito alto. Abro espaço entrando no guarda roupa. É abafado e quente. Encaro o pequeno espaço.

– bem...deve ser aqui. - a uma falha.

Empurro minhas mãos pela abertura e caio de 4 no chão quando ela se abre de uma só vez. O lugar do outro lado parece um escritório? Ou sala do pânico?

A uma mesa, escrivaninha, computador, cadeira e vários livros sobre medicina cerebral ou neural. Ele é um tipo de médico? Há também quadros por todo o cômodo. Fotos de Cristian. Ele está sorrindo em todas elas, parecendo olhar para quem tirou a fotografia. Quem tirou? Ele parece mais novo.

– Cristian Neville e suas vastas personalidades?

Vou até o computador o ligando. Mas para supresa de ninguém, tem senha. O que será? Quer dizer...eu não sei muito sobre ele. O papel de parede é uma foto estranha...duas pessoas de costas, apontando para uma espécie de galpão em...chamas? É uma mulher dá pra identificar apenas isso, o cabelo está preso, um tom de castanho. Pele bronzeada. Pouca iluminação. A mão de Cristian sobre seus ombros...

– aniversário?

Nem se fosse eu não saberia. Não sei seu aniversário. Devo perguntar futuramente. Ouço um barulho e meu peito acelera. Ele já chegou?

Desligo o computador rapidamente e corro em direção ao guarda roupa. Fecho a porta atrás de mim e prendo a respiração quando ouço a voz de Cristian. Ele está em uma ligação pelo que parece, bravo.

– eu realmente não ligo. Você teve sua chance. - ele briga do outro lado.

Seja lá com quem ele esteja falando esse tom...eu ainda não tinha visto ele usar.
Abro um pequeno espaço e encaro os ombros de Cristian. Ele está tenso.

– você não ajudou em porra nenhuma! Passaram anos. Anos. Eu esperei...agora irei fazer do meu jeito. Foda-se seus negócios. Eles são tão ruins quanto você. - ele encara a tela do celular.

E ouço um bip que indica o fim da ligação. Cristian olha para trás e eu me esquivo em meio a suas roupas.

– você é péssima se escondendo. - a sua voz parece ficar menos tensa.

Eu reviro os olhos saindo do guarda roupa.

– ok. Você me pegou. - sorrio sem graça.

– você achou mais rápido do que imaginei. - ele se senta na cama.

O terno parece apertar seu corpo tenso. Seu semblante é de total cansaço.

– eu sou inteligente. - presiono os lábios.

– vejo. - ele afrouxa sua gravata.

Um gesto banal mas que por alguma razão faz eu me sentir quente.

– noite ruim? - Cristian encara meus olhos.

– apenas pessoas idiotas. Nada que eu já não tenha visto antes. - Seu maxilar fica tenso cada vez que me aproximo.

– eu vejo. - me sento ao seu lado.

– descobriu algo então? - seus fios escuros caem sobre os olhos. A luz da lua faz ele parecer mais intenso.

– não muito. Apenas sua obsessão por rosas mesmo. - vejo ele franzir o cenho em divertimento.

– não contava com tamanha descoberta. - ele sorri de canto.

– eu não vi muito. Juro. - minto na cara de pau. Mas ele parece não ligar tanto.

– vou acreditar por hoje. - o vejo molhar os lábios.

– andei pensando...o que tanto te perturba Cristian? - o homem encara meus olhos e depois desce para o meu corpo, parando nas minhas pernas.

– você. Você me perturba bastante blueberry. - e está lá novamente. Seu tom de voz sarcástico.

– um problema que é totalmente seu. Você me sequestrou. - apoio minhas mãos no peito.

– deve ser. - ele dá de ombros encarando o teto.

Me levanto caminhando em direção a saída.

– Melina. - paro se andar. - boa noite.

– boa noite Cristian. - por alguma razão quando ele me chama assim...é estranho.

E é o meu nome. Ele está estranho essa noite. E me preocupo. Porque? Eu não ligo pros vivos. Saio do quarto indo em direção ao meu. Entro e fecho a porta.

~

Votem! Bjss

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora