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Melina

Visto uma calça moletom e um cropeed branco. Hoje o dia está nublado mas Cristian insistiu em dizer que era apenas o universo colaborando pra nostalgia do lugar. Estamos dentro do carro a cerca de 2 horas. Ele com a mão repousando em minhas coxas vez ou outra fazendo um coração ou um comentário espertinho.

– estamos quase chegando. - ele avisa e meu coração bate forte.

– legal...você sabe onde está meu tio? - encaro o maxilar quadrado de Cristian.

– desde a nossa última ligação não tenho entrado em contato. Não sei onde ele está. - mordo os lábios.

– tudo bem...vamos focar no hoje por enquanto. - encaro estrada.

Pelo que vejo a cidade é grande. Há vários shoppings e algumas lojas e bibliotecas, parece um lugar legal pra se viver.

~

Estacionamos o carro perto de algumas árvores o vento que bate em meu rosto é gelado assim que saímos de dentro do carro. Cristian segura minha mão, me guiando pela floresta densa.

– você já se perdeu por aqui...fique por perto. - ele me dá um sorriso.

– você vem aqui muito? - pergunto curiosa.

– as vezes eu vinha tirar o pó. - Nós andamos pela floresta até que eu avisto ao longe a madeira escura.

Sinto que vou parar de respirar. Minhas mãos começam a soar conforme eu me aproximo. O lugar é realmente no meio do nada. A porta de madeira tem algumas marcas. Cristian tira sua chave do bolso abrindo a porta. Por dentro o estilo é simples mas por algum motivo me vejo chorar.

– e então...? - ele segura meus rostos entre as mãos limpando as lágrimas.

– Cristian...eu...sinto muito mas eu não me lembro de nada. Desculpa. O lugar é lindo, me trás uma sensação boa porém é só isso. Não me recordo do que aconteceu aqui. - abaixo meu rosto.

Cristian beija o topo da minha cabeça. Ele ainda vai ficar aqui. Ainda somos nós. Mesmo que eu...não me lembre?

– tá tudo bem querida. Tá tudo bem...vou te contar uma história então. - ele me pucha, me levando até o sofá.

A casa é bem arrumada. Apesar de tudo não há marcas de poeira.

– eu prometi que a gente ia fugir. Íamos ser só nós. Bem aqui. E depois de 16 anos ainda é a gente. Aqui. Somos reais.

– eu não me lembro disso. Você deveria estar bravo. - mordo os lábios.

– Melina eu nunca ficaria bravo com você. Eu conheci a mulher da minha vida, a mulher para a minha vida. E ela é você, com ou sem memórias ela continua sendo você. - Nossas testas se unem.

– você não existe. - reviro os olhos sorrindo.

– vamos no lago. - ele se afasta indo em direção a uma pequena porta. De lá ele tira duas toalhas.

– aqui tem um lago... - estou morrendo de frio mas resolvo não comentar.

– vem. Ele me chama com os dedos. - caminhamos juntos até lá fora. Ele fecha a porta.

– eu não trouxe roupas de banho. - entramos na floresta novamente.

Há uma pequena trilha que seguimos. Várias flores nos cercam.

– quem disse que precisamos de roupas? - Seu tom é sacana.

– idiota. - reviro os olhos.

Chegamos ao lago, a água é tão limpa quanto é possível, ela continua até onde eu não consigo ver. A cor azulada é ipnotizante. A um pequeno deke. Cristian tira sua camisa e logo se livra de sua calça. E seus sapatos. Colocando as toalhas encima de um tronco caído. Ele me dá um último sorriso antes de pular na água. Gostas respingam em mim e eu faço careta. Está fria. Muito. Fria.

Vamos lá Melina...não pode ser tão ruim. Me livro de meu cropeed ficando apenas de sutiã. O vento bate em meus peitos e meu corpo se arrepia. Droga. Por último me livro das calças. Agora ou nunca. Corro em direção ao deke e caio na água de uma só vez. Me arrependo em seguida. Estou errada. Ela é mais fria ainda. Subo a superfície e meus cabelos aumentam.

– nada mal pra quem se esqueceu. - Cristian comenta a minha frente.

– claro. - tento não tremer os lábios.

Está muito frio. Droga. Cristian joga água em meu rosto e eu pragejo. Vou pra cima dele o afogando na água. Sorrio vitoriosa.

~

Votem! Bjss.

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora