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Melina

Bruno está com cara feia desde o último acontecimento. Andrea está falando sobre a invasão.

– de acordo com o maluquinho temos que achar os traidores. E tomar cuidado com os que o veem como pai. - Hestia encara seu copo de cerveja.

– é. - tamborilo os dedos na mesa de madeira.

– não fica chateado Bruno. Ele morreu feliz. - Andrea zoa.

– vai se fuder. - Bruno o encara bravo.

– vamos a caça amanhã. Descansem. Amanhã eu estarei ao lado de Cristian. Vou conversar com Emma e James. - me levanto indo até os dois que esperam do lado de fora.

Emma me encara curiosa e James parece...o James. Ele não tem muitas expressões aparentemente.

– eu ouvi barulho de tiro. Você anda matando muitas pessoas. - Emma adverti.

– alguém tem que sujar as mãos. Mas...vamos atacar amanhã. Estejam na casa...e vocês façam o que quiser. Desde que Cristian seja resgatado e Santiago seja morto. Não ligo pros detalhes. - dou de ombros.

– você não teme ser presa no processo? - Emma questiona.

– você só prende alguém se encontrar. A partir do momento que eu pisar lá dentro, vocês dois não me verão mais. - encaro as árvores.

– sua confiança é louvável. - James diz.

– ou talvez vocês dois deixem a desejar. - sussurro.

– calma Melina. Estamos do mesmo lado.

Penso um pouco...FBI? definitivamente não me parece amigável quando se é uma negociante de drogas.

– talvez. - brinco com o piercing em meus lábios.

– pra alguém tão jovem você tem uma ficha intensa. - A mulher se vira pra mim.

– você também teria. Se não tivesse proteção do governo...nem todos tem esse privilégio. - dou uma piscadela. Meu tom é ácido.

– bem...meu filho...como ele é? - dou um leve sorriso.

– não que eu goste de você. Não gosto. Mas se tem algo que você acertou foi nele. Ele é incrível...de verdade. Quando ele era pequeno mesmo sem a mãe ele era gentil. - meu peito aperta.

– sinto muito por tudo isso. - a mulher me pucha. Colocando minha cabeça sobre seu peito.

– ele não se irritava. Mesmo quando fingia estar bem ele era legal. Eu sinto falta dele. Esses últimos quatro anos devem ter sido horríveis. Ele estava sozinho. - bato em seu peito.

A mulher apenas acaricia meu cabelo. Sinto as lágrimas caírem.

– sozinho. Desde que o conheci ele me deu companhia. Mas agora está lá. Sozinho de novo. Com seu maior pesadelo. - fungo.

– tudo bem. Vamos resgatar ele. - a mulher diz.

Vai dar tudo certo. Recito. Eu vou buscá-lo. E ele não vai mais ficar sozinho. Vamos ser felizes.

~

A noite me persegue. Tento acordar mas é vão. A ansiedade parece tomar conta de mim. Meu peito está pesado.

1...2...3.

Conto. E repito. Meu demônios gritam de noite. É uma música doente.

– você vai morrer. - escuto a voz sem rosto aparente.

Um pesadelo. É isso que é. Monstros não podem ter o controle. Não agora.

– e junto vai levar ele com você. - a voz de Brendow ecoa no meu cérebro.

Droga. Acorde. Acorde.

– papai e mamãe não estão aqui. Você é fraca. Uma garotinha fujona. Fugir pra floresta não adiantou. - me vejo mudar de cenário. – você deveria ter morrido com seus pais.

Encaro a cabana. Começo a me debater na terra. Mas a areia ameaça me engolir.

– vamos Melina. Grite. Eu gosto de te ouvir gritar.

Relembro de todas as brigas, de todas as vezes que apanhei.

Corro. Tento alcançar a cabana. Tento alcançar ele...quando finalmente alcanço a porta, abro meus olhos.

Estou de volta. O teto azul. Eu gosto dessa cor. Lá fora chove...a muito tempo não tenho pesadelos com isso...Cristian tinha razão. Ele sempre teve. Brendow era um monstro. E agora ele está me perseguindo de novo...mas dessa vez Cristian não está aqui para me fazer parar de chorar.

~

Votem! Bjss.

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora