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Cristian

A porta se abre, ergo meu olhar desanimado. A imagem de Melina vem a mente, ela corre em minha direção não parece real...mas ela está aqui. Vejo seu lindo rosto...um pouco...sujo? Ela usa um...terno? Melina segura minha cabeça em seu peito. Ela beija meu cabelo. Nada disso parece real...ela é um anjo? Ouço o bater do seu coração. Sonhos costumam ser tão reais?

– eu estou aqui meu bem. Eu estou aqui. - ela diz.

Me recuso a acordar se isso for um sonho. Me recuso. Não. Mas...é um sonho. Não é possível.

– você vai ficar bem. Vamos ficar juntos. Eu vou te proteger. Ele não pode mais te fazer mal. - Engulo em seco sentindo seu cheiro.

Ela tem o cheiro doce. Esse sonho é cruel. Sinto falta da sua voz. Sinto falta de tudo. Droga. Eu estou ficando maluco.

– vamos embora agora. Vamos ficar juntos. - o anjo tenta me levantar. Não consigo.

Minhas pernas falham. Não tenho vontade de me erguer.

– fica aqui. Fica aqui comigo. Não vai embora. Você não pode ir embora. - minha visão embaça.

– eu estou aqui. Eu estou aqui meu amor. Eu estou aqui de verdade. Vamos pra casa. Vamos pra casa. - ela repete beijando minha testa.

Sorrio. Casa..? É uma palavra bonita. Mas eu não entendo. Eu não tenho mais casa.

– eu estou em casa. Agora. Fique aqui. - ergo minhas mãos tocando seu rosto. - meu anjo.

– eu sou real. Cristian. Eu sou real. Sim? Somos reais. Você e eu. - Melina beija meus lábios ressecados. É doloroso. Sua boca é quente mas seu piercing é gelado. Assim como me lembro.Nossas bocas se unem de forma natural.

A garota pega minha mão e coloca sobre seu peito. Encaro seus olhos castanhos me afastando. Ele bate rápido. Assim como o meu.

– eu estou bem. Eu estou viva. Ele mentiu Cristian. Ele mentiu. Eu estou bem. - ela sorri. Suas lágrimas caem molhando minha roupa.

Meu peito contrai. Abraço seu corpo pequeno. O abraço por algum tempo...até que eu me convencer que é real. E ela fica ali. Ela não vai embora desta vez. Inves disso ela me levanta usando toda a sua força.

– Eu te amo. Eu te amo. Me desculpa. Me desculpa. - bagunça seu cabelo. Encaro seu pescoço. A veia está ali. Ela está respirando. Quente contra o meu rosto.

– não tem que pedir desculpas. Nois vamos ficar bem. - beijo todo o seu rosto e ela dá uma risada.

Essa risada. É real. É real. Ela está aqui. Não é fruto de um sonho distante. Minha respiração volta ao normal. Meu peito para de pesar. É um alívio que eu não consigo descrever.

– Cristian. Vamos embora. Eu vou te ajudar. - A garota me pucha com dificuldade para fora da sala.

Tudo que consigo é assistir. Encarar seu rosto. Sentir seu toque em minha cintura. É quente. Olho em volta...eu estou vendo certo? A sangue por todo lado. E...meu pai. Ele está...morto. Ele finalmente está morto. Paro de andar.

– vamos. Vamos embora. - a garota sorrir pra mim segurando a minha mão.

– você...você matou ele? - encaro suas mãos. Agora noto marcas de sangue seco.

– bem...sim? Olha...eu te amo. E ele está morto. Eu fiz o que tinha que fazer pra tê-lo de volta. - a pucho pros meus braços.

Beijo sua cabeça.

– desculpa. Desculpa por fazer você ir tão longe. Desculpa querida. Desculpa. - apoio meu queixo em sua cabeça.

– está tudo bem. Eu faria de tudo por você...você me disse isso. Eu estou apenas retribuindo. - ela aperta minha cintura.

Me sinto leve agora. Ele está morto...isso parecia uma realidade tão distante. Mas ele está morto...estou aliviado. Estou feliz...eu sou ruim por isso..? Quer dizer...ele era meu pai. Não. Na verdade. Ele era um filho da puta desgraçado. Sorrio encarando seu corpo inerte.

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Votem! Bjss.

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora