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Melina

Me forço a lembrar. Mas não há nada. Sempre faltou algo. Eu não sabia ao certo o quê.

– 4 anos atrás você sofreu um acidente. Passou dias em coma, quase morreu. E Quando acordou... você não se lembrava de mim. Você se esqueceu de mim Melina.

Meu chão começa a desabar.

– E esqueceu também de todo o resto, esqueceu de quem seu tio era. Se esqueceu de quem você era. Tudo. O Brendow disse que era melhor assim, disse que você se lembraria se não forçase...eu esperei. Mas o dia nunca chegou, você começou a faculdade e seu tio nunca te explicou absolutamente nada.

– isso...isso não pode ser real... - minha respiração fica pesada.

– é bem real pra mim. Esse anel que você nunca tira foi eu que te dei. Eu. Você simplesmente viveu os últimos 4 anos sem se lembrar de nada. Os médicos diceram que era impossível se lembrar...um bloqueio. Causado pelo trauma.

Sinto as lágrimas caírem. A verdade é amarga. Eu sou uma idiota. Eu sou a idiota da história.

– como...como aconteceu? O que aconteceu no acidente?

– era um novo carregamento que estava chegando. Nois dois íamos juntos. No entanto houve uma briga idiota. Você foi sozinha. O negócio era seu, as drogas eram suas. Você as fabricava.

– eu...eu fabricava? - dou uma risada seca.

Ele parece se culpar por não ter ido comigo.

– não foi culpa sua Cristian. - sorrio para ele.

– eu...deveria ter ido. - ele diz firmemente.

– não. Só não se culpe, sim? - acaricio seus fios escuros.

– eu...olha... No meio do processo houve uma tentativa de invasão, um dos caras acabou por pegar você, te levando assim a tentar fugir mas isso só piorou tudo, de acordo com a perícia o homem tentou queimar o lugar, deu errado mas uma das paredes de concreto acabou por cair encima de você.

Espera...espera.

– aquele galpão em chamas da tela do seu computador, o que significava? - ele me encara.

– aquela foi nossa primeira missão. Derrubamos um dos galpão que meu pai mantia. Nos queríamos juntar as máfias mas isso obviamente não aconteceu, então a outra alternativa era derruba-las. - ele comenta parecendo triste.

– seu pai. Seu pai queria me matar então? - arqueio a sombracelha.

Vejo Cristian juntar os fatos. Ele parece não ter suposto isso ainda. Mesmo sendo o óbvio.

– o homem disse que agiu por conta própria. Ele foi submetido a tortura. - Cristian tensiona a mandíbula.

– ele pode ter mentido. A porra do seu pai tentou me matar! - mecho as mãos.

– você...tem razão. Eu fui idiota. Tomei o controle do meu pai mas ele...ele não ia aceitar fácil. Claro que não. Porra. Eu foquei tanto em fazer você se lembrar que esqueci do motivo. - ele coloca a mão sobre os olhos.

– era meu tio no telefone aquele dia?

– sim. Ele queria ver você. - bufo.

– ele mentiu....e... desculpa por me esquecer de você. E por ser idiota. - encaro as bolhas de sabão.

– tudo bem. Agora você está aqui comigo. - ele se aproxima juntando nossas testas.

– e se eu nunca me lembrar...? - Nossas respirações são aceleradas.

– eu te conto. E se mesmo assim nada mudar...você se apaixona por mim novamente. Eu te contatei tudo.

Nos beijamos. É um beijo com significado, ele vai continuar me amando sempre, eu que devo amá-lo de volta agora. Cristian me pucha e eu me acomodo entre suas pernas deslizando a mão em suas costas.

– quando éramos pequenos você me fez prometer que eu só ia namorar com você. - ele diz contra a minha boca e eu reviro os olhos.

– você cumpriu sua promessa então? Nesses últimos 4 anos que ficou longe? - seus olhos verdes me analisam.

– todo fudido dia. Eu pensei em você. Nunca existiu outra, Melina. E nunca vai existir. Por exatamente 1491 dias eu esperei. E valeu a pena cada horrível segundo.

Cristian alisa minha cintura. Sua boca beijando meu pescoço. É assim que somos...somos nós.

~

Votem! Bjss.

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora