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Melina

Cristian me coloca dentro do carro. Ele me carregou de volta. Ele vai até o outro lado entrando também.

– vai me contar tudo né? - pergunto com cuidado.

– vou. Eu disse que iria. - ele se mantém firme.

– ótimo. - encaro o vidro envergonhada.

Há apenas alguns minutos que a gente transou e foi tão natural...bom. isso é possível? Parecia certo. Ainda sinto suas marcas no meu corpo.

– não fique com vergonha. - ele comenta dando partida no carro. - foi bom de mais pra isso.

– sério? - o encaro perplexa.

A verdade é que eu me lembro de ter transado com 1 ou 2 caras na faculdade e nenhuma das vezes pareceu tão certo. Ou bom.

– é. - ele dá de ombros.

– você é experiente. - ele aperta o volante.

– não sei se essa é a palavra certa. Eu apenas conheço seu corpo. - franzo a testa.

– você não poderia..? - estreito meus olhos.

– vamos conversar quando chegarmos em casa, sim? - ele diz calmo.

– tá.

Reviro os olhos. Suas respostas vagas vão acabar. A verdade virá a tona. Eu vou saber de tudo.

~

Chegando em casa desço do carro mas Cristian me impede de continuar.

– você está descalça. - ele me pega no colo.

– você é muito...

– cuidadoso? - ele repreende e eu olho pro lado, escondendo meu sorriso.

Ele me leva até o andar de cima, entramos em seu quarto e só então ele me coloca no chão.

– vamos cuidar desses ferimentos. - ele encara meus pés.

– o que aconteceu depois que eu saí? Ouvi um barulho de tiro. - conento distraidamente.

Cristian vai até o banheiro e liga a água da banheira.

– algumas pessoas não aceitam a verdade. Nada com o que se preocupar, o Pablo serviu de exemplo. - ele diz sério.

Em seguida vejo ele me levar até o banheiro. Tirando minha roupa com cuidado e dando pequenos beijos em todo o meu corpo.

– vai me contar então? - ele me encara dessa vez completamente nua.

O vejo pensar. Ele está procurando as palavras certas.

– vou. Mas antes você tem que limpar isso, vai infeccionar. - ele aponta pros meus arranhões.

– você não vai entrar também? - o encaro ele parece tenso.

– eu tenho um pouco de medo.

– da água? - arqueio minhas sombracelhas entrando na banheira. A espuma começa a se formar.

– da verdade. - ele começa a tirar seu terno. Afrouxa a gravata. Sua camisa cai no chão.

Prendo o ar. Seus músculos são impressionantes, há várias cicatrizes perto do peito. Ele começa a tirar sua calça escura. E por último a cueca. Vejo a tatuagem perfeitamente agora. A frase indecifrável. E há também a tatuagem de um corvo com outra frase desconhecida.
Ele se aproxima entrando na banheira e se sentando a minha frente.

– o que significa? - aponto para a frase em outra língua primeiro.

– Amor vincit omnia. O amor tudo supera. - ele recita como um mantra.

– e o corvo? - é um desenho diferente mas nele parece combinar. Há várias cicatrizes perto.

– Corvus oculum corvi non eruit. Um corvo não arranca o olho de outro corvo. - mordo os lábios.

– como...conseguiu essas cicatrizes? - me aproximo devagar dedilhando o local.

– bem...meu pai. Ele se chama Santiago. Santiago Neville. Ele sempre me treinava. Caso contrário eu não podia sair. E bem eu conheci uma garota...por ela valia a penas sair. - sinto meu peito apertar. Dá pra ver que ele gosta muito dela.

– o que aconteceu com ela? - pergunto com cuidado. Mas ele dá de ombros. Bufo.

– os Bryon. São uma das máfias que comandam São Francisco. Mas eles comandavam o tráfico de drogas. Os Neville já trabalham com armas. - penso um pouco.

Sei muito pouco sobre minha família...a uma laquna.

– você se lembra do seu tio? Ou do que aconteceu com seus pais? - ele me encara sério.

– na verdade...não sei. Quer dizer...me lembro de poucas coisas. Nada detalhado, meu tio disse que eu só tinha a memória ruim.

– filha da puta inútil. - Cristian xinga e eu pressiono os lábios.

– o quer quer dizer...?

Eu estou sentindo tudo ficar confuso. Me sinto quebrada. Eu não me lembro. Não lembro de nenhum detalhe completo da minha vida em relação aos últimos 4 anos. Antes disso é um espaço vago.

~

Votem! Bjss

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora