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Cristian

Ouço uma voz ao longe...o que aconteceu? Meus olhos pesam...Melina. onde ela...está?

– Vejo que você está acordando. - essa voz.

Sinto meu corpo entrar em estado de alerta. Obrigo meus olhos se abrirem. Encaro o teto cinza. Olho em volta e vejo a figura que assola meus pesadelos.
Ao longe inxergo também um homem com jaleco de médico.

– filho. Quanto tempo. - tento mover minhas mãos mas eu estou preso.

– onde ela está? - ladro tentando mecher meu corpo. Mas sinto uma dor latejante em minha perna.

– quem? A vadia que colocou você contra mim? - O homem velho diz. Sua barba por fazer me repugna.

– vai se fuder. O que fez com ela? - meu corpo começa a suar.

– primeiro devo dizer que não era pra haver tanto extrago. Mas você não me deu opção. Eu estava esperando o momento que você iria ficar distraído. Aquela garota te distraia.

– se você tocar em um fio de cabelo dela eu juro que vou te matar. - grito esterico.

– vai? Boa sorte com isso. Você não o fez até agora. Não se mecha tanto. Você está com uma bota imobilizadora. Não vai conseguir mecher as pernas por uns 2 meses. E seu ombro foi deslocado. Não se estresse tanto meu filho. - Santiago sopra a fumaça de seu charuto.

– porra. Onde ela está? - tento mover meus braços. A dor é cortante. As algemas fazem um barulho de tilintar quando eu tento movê-las.

– pare de tentar filho.

– pare de me chamar assim. Você nunca agiu de acordo. - ladro.

– Ela está...morta. O amor te tornou previsível. Você é fraco. Por isso não me matou, e eu que tive que matá-la. - as palavras escoam no meu cérebro

Morta?

Meu corpo começa a ficar frio. Meus movimentos param.

– você está mentindo! É um filho da puta mentiroso. - minha voz saí fraca.

– tem certeza? - ele coloca as mãos nos bolsos tirando de lá um celular.

O homem demora alguns minutos até que um sorriso diabólico repucha seus lábios. Eu o encaro cético. Ele precisa está mentindo.

– veja por si só. - o homem me mostra uma imagem.

Meu raciocínio parece ficar lento. É a Melina. Seu corpo inerte na estrada. Sangrando. Há um corte grande em sua barriga. E outro na testa. O sangue jorra pelo seu lindo rosto.

– satisfeito? - Santiago fala.

Não consigo responder. Meu mundo ficou silencioso. Escuro. Tudo parece insignificante agora. Frio. Minhas mãos começam a tremer...

– Cristian?

Santiago não consegue me alcançar. Ninguém mais pode. Me sinto inerte. Um corpo sem propósito. Um homem miserável e fraco. Meu peito pesa. É uma dor insuportável...as lágrimas borram minha visão e o ar parece ficar escasso. Parece um pesadelo. Eu tenho que acordar. Eu tenho que ver a minha garota...a blueberry. Eu gosto dessa fruta agora.

– Senhor ele está agitado. Sua pulsação está subindo muito rápido...

– desculpa. Desculpa. Desculpa. O que eu fiz? O que eu fiz pra você? - grito furioso. ‐ trás ela de volta. Ela está sozinha. Trás ela de volta.

Meus ouvidos estão zumbindo. As vozes parecem sumir. Me sinto quebrado. Sem concerto. A tristeza começa a se transformar em algo doentio. Raiva. Muita raiva.

– eu vou matar você. Eu vou matar você. Ela não merecia morrer. Porra. Porque não matou eu? Porque não matou eu?

Eu grito me mechendo. Não ligando se as algemas vão rasgar minha pele. Não ligando se agora ele vai me matar. Pra ser sincero prefiro que ele o faça.

– você vai ver. Vai ver o monstro que criou. - eu grito furioso.

– senhor ele está fora de controle.

O médico se aproxima e eu tento me mecher. Me debato com toda a força que me resta. Sinto uma agulha em meu pescoço. Imediatamente meu coração começa a ficar calmo. Eu não quero ficar calmo. Porque...tudo vira um borrão. Meus olhos começam a se fechar.

~

Votem! Bjs.

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora