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2 dias depois

Cristian

Melina está sentada no banco ao meu lado. Ela me encara pensativa. Esse final de semana foi bom. Quer dizer...não parece real. Depois de tanto tempo ela voltou pra mim. Estamos juntos de novo.

– eu não sei se queria voltar. - ela comenta distraidamente encarando o vidro do carro.

– podemos vir todo final de semana agora. - tamborilo meus dedos pela sua coxa.

– vai ser bom. Mas...o que farei? Vou ficar em casa o dia todo..? E o necrotério? - a estrada está vazia. Isso é bom. Trânsito calmo.

– eu posso conversar com o Fernando. Dar a ele um novo lugar. Ele vai te aceitar de volta...claro se você quiser continuar trabalhando com isso. - Melina coloca suas mãos sobre a minha.

– Sabe...eu até gostei de trabalhar lá. É calmo. Eu aprendi tudo sobre cadáveres. E me interessei por isso...

– mas? - presiono o volante.

– depois de tudo que eu soube...voltar pra lá parece...

– tediante? - concluo.

– sim. É uma profissão linda...mas agora eu sei que eu tinha algo diferente. E isso me chama a atenção também... - ela aperta meus dedos.

– eu te entendo. As vezes a vida pode tomar outro rumo. - olho pra ela rapidamente.

– eu tenho a sensação que preciso dizer algo. - sua voz fica mansa.

– Claro querida...o que seria? - arqueio as sombracelhas.

– eu...eu te amo. - ela comenta seria. Paro o carro de imediato e a encaro.

Meu peito parece querer explodir. Eu tinha esquecido de como era ouvir isso.

– Melina.

– me escuta...eu sinto que preciso dizer isso. - ela sorri pra mim. - eu te amo sinto isso.

Porra. Eu vou morrer. Essa garota me deixa maluco. Consegue me ter nas mãos.

– eu também te amo, mas além disso. Quer dizer...eu nunca fui um homem religioso mas eu roguei ao céus que me trouxessem você de volta. Caí de joelhos e esperei...esperei por tanto
tempo que agora é impossível voltar atrás.Agora que tenho você em mãos só
consigo pensar o quanto eu tenho sorte.
Eu não diria eu te amo. Pq somos mais que isso, eu sou seu. você é minha. - vejo Melina morder os lábios.

– droga! Você não sabe brincar. Era pra eu fazer o discurso. - ela limpa o rosto.

Me inclino no banco e deixo um beijo em sua testa.

– é que eu passei muito tempo pensando nisso. - sorrio me afastando.

– idiota. - ela revira os olhos daquela forma.

– linda. - dou uma piscada me virando para frente.

Um farol alto brilha atrás de nós olho pelo retrovisor.

– Cristian! - Melina avisa.

Troco de pista acelerando o motor. Há uma curva a frente. O caminhão me persegue indo para a mesma direção.

– Cristian ele está atrás da gente. - Melina diz aflita.

Piso com toda força que posso no acelerador. O carro começa a correr na pista. As rodas derrapam quando eu viro. O caminhão buzina.

– perto. Muito. Perto. - Melina sibila em desespero.

Meu peito bate forte. Porra. Eu devo conseguir dispistalo. Se eu for até a rotatória. Ele não vai conseguir imitar o movimento, o caminhão é grande de mais pra isso.

– tudo bem, tudo bem. - acalmo a garota desesperado.

120km/hr. 140km/hr. 160km/hr. Chegamos a rotatória. Faço a curva de forma brusca diminuo a velocidade o máximo que consigo. Mas algo inesperado acontece. Porra. Eles estão atirando.

– se abaixa agora! - grito.

– Seja forte. - ela grita.

Não tenho tempo de fazer muita coisa. Uma das balas acertam o pneu. O carro começa a derrapar pelo asfalto. O caminhão nos alcançou.

Ele bate na traseira do carro. Tudo parece ficar lento. Encaro o rosto de Melina. Ela apenas sorri levemente. Como se já tivesse aceitado os fatos.

E derrepente o carro capota. Os vidros se estilhaçam. Melina é jogada para fora do carro. Sou impresado contra a lataria. Sinto uma dor intensa em todo o meu corpo, mas ela dura pouco. Porque tudo escurece.

~

Votem! Bjss.

A moça do necrotério. Onde histórias criam vida. Descubra agora