A noite envolvia o mundo lá fora novamente, fria e úmida. Don estava no alto da montanha, parado na borda de um penhasco rochoso, sentindo o vento cortante em seu rosto. De lá, ele podia ver tudo.
A floresta abaixo era densa, uma massa escura de árvores retorcidas que se espalhavam como um labirinto mortal. Não muito longe, no meio de um pântano enevoado, estava Valakar, uma cidade muito, muito antiga. As casas pendiam das árvores enormes, construídas diretamente em seus troncos e galhos, e estavam conectadas por pontes de madeira tão finas e bambas que pareciam ceder a qualquer momento. Luzes alaranjadas e fracas brilhavam nas janelas e lanternas penduradas entre as passarelas, tudo era coberto por lodo e musgo.
O céu acima de Don, estava completamente nublado e uma chuva ameaçava despencar a qualquer momento, o príncipe sabia que precisariam partir para a tal cidade lamacenta antes que o pântano ficasse ainda mais traiçoeiro, essa era a única forma de conseguirem um meio de transporte que os levassem de volta ao Vale.
Atrás dele, dentro da caverna, todos estavam adormecidos, passaram o dia todo assim; mergulhados em um descanso profundo, exceto ele, é claro. O príncipe nunca encontrava descanso, mesmo que o cansaço lhe pesasse nas pernas e o sono nublasse seus pensamentos.
Enquanto Don traçava em sua mente a melhor forma de conduzir seus amigos em segurança até Valakar, uma gota gelada caiu do céu, atingindo-lhe o rosto. Um relâmpago riscou o horizonte, iluminando toda a floresta por um breve segundo, seguido por uma trovoada que reverberou como o rugido de um monstro adormecido.
Ele praguejou em silêncio. O tempo havia acabado.Virando-se rapidamente, Don deu de cara com Kalandor, apoiado em seu velho cajado.
— Vocês devem partir — anunciou o velho.
— Sim, estou indo chamá-los agora — respondeu Don, tentando se desviar e seguir em direção à caverna, mas o mago se moveu na frente, bloqueando o caminho.
— Eu nunca pensei que fosse me decepcionar com você, garoto...
Don bufou, irritado, os ombros rígidos. — É, sinto muito, mas isso sempre acontece. — Ele tentou mais uma vez passar, mas o mago firmou-se à frente novamente, impedindo-o de avançar.
— Você se rendeu à paixão.
— Eu não sei do que você está falando.
Kalandor manteve o olhar firme. — Eu aconselhei seu pai a designar Loren sob sua tutela, pois eu sabia que você era um jovem forte, obstinado, capaz de resistir à tentação. O único em todo o reino capaz de suportar a dor de uma paixão.
— Eu não caí em tentação. Loren permanece virgem, e você não faz ideia do esforço que estou fazendo agora para conter meu desejo, para não deixar que ela roube tudo de mim.
O velho mago assentiu. — Eu sei que ela permanece virgem, caso contrário, o mundo todo estaria pagando o preço agora.
Don franziu o cenho, confuso. — Do que você está falando? Ela apenas perderia seus poderes... o único afetado além dela seria eu mesmo.
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A Torre Invertida - Volume I
Fantasy🪙 ROMANTASIA ✶ DARKFANTASY ✶ WEBNOVEL +18 ✶ Em uma terra onde a magia é tanto um presente quanto uma maldição, Loren, uma sacerdotisa com poderes de cura, vive sob um decreto real que a torna intocável. Ironicamente, o príncipe designado como seu p...