✶ Capítulo cinquenta e seis ✶

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A pedra de Ryan começou a vibrar intensamente e seus dedos se afundaram ainda mais no rosto de Loren

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A pedra de Ryan começou a vibrar intensamente e seus dedos se afundaram ainda mais no rosto de Loren. O mago absorvia para si a magia que fluía dela, e conforme o líquido viscoso se fundia com sua pele, suas veias começaram a se tornar escuras e salientes, serpentando sob sua pele como linhas de sombra.

O brilho da pedra aumentou, pulsando em um ritmo frenético em perfeita sintonia com o caos ao redor. Ryan logo se deu conta de que sua conexão com a magia estava tão forte como se estivesse dentro da própria torre. O controle total de seus poderes retornava com uma força avassaladora.

Lentamente, os olhos de Loren começaram a piscar, revelando o familiar tom de púrpura. A escuridão em sua íris recuava, como uma névoa se dissipando após a tempestade, até que, por fim, seus olhos voltaram ao normal.

Exausta, a garota desabou nos braços do mago, enquanto ele, suado e ainda atônito com o que acabara de acontecer, limpava a testa com a mão.

Percebendo o quão desconfortável o príncipe estava diante daquela cena, Ryan se esforçou para acomodar Loren sentada, recostando-a cuidadosamente em uma pedra próxima até finalmente se livrar da garota.

— É toda sua — disse ao passar por Don e ir em direção a Edric, North e Beatrice, que estavam parados como estátuas de pedra ao lado da carruagem tombada.

Enquanto Loren parecia completamente drenada de energia, o mago, por outro lado, irradiava vitalidade. A magia absorvida o deixou resplandecente, seus olhos brilhavam intensamente, como se fossem dois cristais iluminados por uma chama interior. Sua postura, antes cansada, agora estava ereta e poderosa, seus ombros abertos com uma confiança renovada. A pele dele, ainda que marcada pelas veias escuras, parecia mais vívida. O poder que o preenchia o transformava, tornando sua beleza ainda mais hipnotizante.

Don olhou para o mago, depois para a sacerdotisa caída, sem dizer mais nada, ele se aproximou ao lado de Loren, segurando-a com cuidado. Com um movimento preciso, ele a puxou para mais perto, posicionando o braço dela ao redor de seu pescoço enquanto a ajudava a ficar de pé. Seus olhos, sempre atentos, varreram o rosto da garota em busca de algum sinal de melhora. Apesar de toda sua força, havia uma vulnerabilidade naquela cena - uma combinação de preocupação silenciosa e um zelo protetor que apenas ele parecia capaz de oferecer.

North não tirava os olhos do mago.

— Ryan, você tirou toda a magia dela? — o grandalhão finalmente perguntou, dando voz à inquietação que latejava na mente de cada um ali.

O mago, por sua vez, mal parecia notar a seriedade da pergunta. Deu de ombros enquanto olhava para as próprias mãos, movendo os dedos no ar enquanto sentia o poder vibrando ao seu redor.

— Ryan! — Don o chamou atenção.

— Não, ela ainda tem muita magia, eu absorvi só uma parte — respondeu o mago com uma leve arrogância, seus lábios se curvando em um sorriso satisfeito. O orgulho em sua voz era evidente, o sentimento de invencibilidade refletido em sua postura ereta, como se estivesse saboreando a força recém adquirida que pulsava dentro dele.

De repente, um grito agudo e inumano ecoou das profundezas da montanha, cortando o ar como uma lâmina de puro desespero. Todos olharam para cima, e o que viram os fez congelar de terror: uma criatura grotesca emergia das cavernas, sua forma era coberta por sombras vivas que se contorciam e rastejavam ao redor de seu corpo, como se fossem uma extensão da própria escuridão que a envolvia. Sua pele era pálida e translúcida, esticada com tanta força sobre os ossos que parecia prestes a rasgar, revelando o que quer que estivesse por baixo.

Membranas apodrecidas e deformadas se projetavam de suas costas, lembrando as asas de um morcego corroído pelo tempo, pulsando com uma energia doentia. As garras afiadas reluziam à luz fraca, curvando-se em arcos feitas para despedaçar carne e esperança.

A boca da criatura era descomunal, um abismo repleto de dentes irregulares e grotescamente pontiagudos, cada um mais ameaçador que o anterior, talhados pelo próprio desespero. Mas o mais perturbador era o vazio absoluto onde deveriam estar seus olhos: não havia órbitas, nem fendas, nada além de uma lisura perturbadora, que emanava uma sensação de ausência completa de alma ou emoção.

A criatura pareceu "olhar" para Ryan, mesmo sem olhos. Suas asas deformadas batiam freneticamente, emitindo um som abafado que cortava o silêncio da noite em um prelúdio de morte iminente.

Don, North e Edric sacaram suas espadas em perfeita sincronia, o medo gelado se misturava a fúria em seus rostos. Ryan, por sua vez, agarrou sua pedra com força, a energia pulsando entre seus dedos, mas seu olhar era de pura frustração.

A criatura finalmente mergulhou em direção a eles.

— Fujam! — gritou Don, sua voz ecoou como um trovão de desespero.

Beatrice, em pânico, agarrou a mão de Loren e a puxou com toda a força, tentando afastá-la o mais rápido possível. A sacerdotisa, hipnotizada pela criatura, finalmente cedeu à pressão da garota, entrelaçando seus dedos com mais força à mão dela. Cada passo parecia um martelar frenético no chão pedregoso e congelado, o som de seus corações descompassados ecoava junto ao barulho de suas botas. O caminho era estreito e traiçoeiro, mas o medo as impulsionava a continuar, ignorando a dor nos pés, ignorando o cansaço que começava a pesar.

Loren lançou um último olhar para trás, e o que viu a paralisou por completo. A criatura se lançara sobre Ryan com uma ferocidade animalesca, suas asas rasgadas chicoteando o ar com fúria. As garras da besta cravaram-se profundamente em seu corpo, puxando-o para seu abraço mortal. Don, North e Edric avançaram com tudo o que tinham, suas espadas brilhando enquanto investiam contra o monstro, tentando afastá-lo do mago. Em um instante aterrorizante, o pior aconteceu, o solo se abriu em um abismo profundo e o chão sob eles cedeu, como se a própria terra estivesse apodrecendo sob o peso daquele pesadelo, engolindo-os totalmente.

A besta, ainda envolta na luta frenética, foi arrastada junto, suas garras e dentes tentavam se agarrar a qualquer coisa enquanto caíam. Os grunhidos grotescos do monstro se misturavam com os gritos desesperados dos homens enquanto seus corpos eram puxados para o vazio sem fim.

E então, a noite ficou mortalmente quieta.  

  

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