✶ Capítulo cinquenta e nove ✶

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— Como eu não senti sua presença antes? — Loren caminhava ao lado de Kalandor, a mente inquieta

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— Como eu não senti sua presença antes? — Loren caminhava ao lado de Kalandor, a mente inquieta. Durante sua varredura mágica, ela não havia captado nenhum sinal do velho mago. Aquilo não fazia sentido.

— Talvez porque você estivesse ocupada demais procurando por aquele insolente ali — Kalandor respondeu, apontando com o cajado para Ryan, que seguia logo atrás, guiado por Don que sussurrava alertas sobre as pedras soltas e raízes traiçoeiras que surgiam pelo caminho.

— O "insolente" aqui salvou a vida de todos com um belo escudo de defesa, então... de nada — Ryan rosnou, mas nenhum de seus amigos lhe respondeu. Ele resmungou, completando para si mesmo: — Bom... nem tudo foi salvo.

— Lamento por Edrok — disse o velho mago, em tom de consolação.

— O nome dele era Edric — Ryan corrigiu. — E eu não estava falando dele... Eu estava falando de... — Sua voz vacilou, como se fosse doloroso demais admitir aquilo em voz alta.

— Seus olhos — completou Loren, suavemente.

— Kalandor, você pode...? — Don começou, meio hesitante. Era difícil olhar para o amigo, cuja face exibia uma laceração profunda no lugar dos olhos. O príncipe compreendia melhor do que ninguém a dor de carregar cicatrizes tão profundas no rosto. Talvez o velho mago pudesse fazer o que Loren não conseguia — devolver a visão a Ryan.

— Não — Kalandor respondeu firmemente, girando o corpo para encarar Ryan diretamente. Todos ao redor seguiram o movimento, seus olhares repletos de pena e preocupação.

Ryan, sempre vaidoso e confiante, estava irreconhecível agora. O belo mago, que outrora atraía a atenção pelas suas feições perfeitas, encontrava-se vulnerável, desfigurado, completamente cego. O peso da situação pairava no ar, cada um dos presentes refletindo em silêncio sobre o quanto aquilo havia tirado dele — não apenas os olhos, mas o orgulho, a certeza de quem ele era.

Os ombros de Ryan tensionaram, como se pudesse sentir o olhar pesado de todos sobre si. Seus punhos se fecharam.

— O que vocês estão fazendo? — Sua voz soou dura, frustrada. Ele girou a cabeça cegamente em direção aos outros. — Parem de me olhar assim!

Rapidamente, todos se dispersaram, disfarçando seus pensamentos, fingindo uma normalidade que nenhum deles realmente sentia.

Mais adiante, Beatrice estava exatamente onde Loren a havia deixado: paralisada de medo, os olhos arregalados e o corpo rígido como uma estátua. North aproximou-se dela com cuidado, tocando-lhe o ombro suavemente. Com um tremor súbito, a princesa piscou várias vezes, como se estivesse voltando ao mundo real. Ela engoliu em seco, o medo ainda evidente em seus olhos, mas agora consciente de seu entorno.

Kalandor, sem dizer uma palavra, assumiu a liderança e os guiou por um caminho estreito e sinuoso, até chegarem à entrada de uma caverna oculta entre as rochas. A abertura era disfarçada por uma camada densa de vegetação, musgo e raízes, entrelaçadas de forma tão natural que se confundiam com o terreno ao redor. Apenas um olhar atento perceberia que as pedras maiores formavam uma passagem irregular, estreita o suficiente para parecer uma mera fenda na rocha. O ar ao redor era úmido, e a escuridão dentro da caverna parecia engolir toda a luz, aquilo não era nada convidativo, mas eles não tinham escolhas.

A Torre Invertida - Volume IOnde histórias criam vida. Descubra agora