✶ Capítulo cinquenta e um ✶

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O ar no corredor parecia mais frio enquanto eles caminhavam em silêncio

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O ar no corredor parecia mais frio enquanto eles caminhavam em silêncio. Loren tentava acompanhar Don, mas com as pernas dele tão longas, era impossível, especialmente quando o nervosismo o fazia andar ainda mais rápido.

— Pelo menos não era a rainha na cama, não é? — arriscou a garota, tentando chamar sua atenção.

O príncipe parou bruscamente e Loren finalmente o alcançou. Ele se virou, a expressão sombria.

— Nunca mais fique entre mim e meu alvo — rosnou em um tom ameaçador.

— Eu não posso deixar que você machuque Ryan — ela respondeu, firme.

— Por quê? Ele não precisa de sua proteção, você não deve nada a ele!

— Porque você não me deixaria curá-lo, e vê-lo ferido acabaria comigo. Eu sei do que você é capaz. Já vi o que faz quando está com raiva — sua voz vacilou ao lembrar dos momentos em que o vira torturando inimigos. Don não tinha piedade. Ele não parava até que a dor os quebrasse por completo, usando métodos brutais que até mesmo os soldados mais endurecidos hesitavam em testemunhar.

Ele deu um passo encurtando a distância entre eles.

— Tenho ordens explícitas para não deixar que você cure ninguém além de mim.

Loren ergueu o olhar para alcançá-lo, disposta a enfrentá-lo, mesmo que, no fundo, estivesse com de medo. 

— E você já se perguntou o porquê disso? Por que só você pode ser curado, enquanto tantos outros poderiam se beneficiar dos meus poderes? De que adianta dominar a magia se não posso usá-la para ajudar os outros também? — ela deu um passo à frente, deixando apenas um palmo de distância entre eles. — Já pensou em como eu me sinto todas as vezes que vejo alguém agonizando de dor e sou incapaz de ajudar, sabendo que, com apenas um toque, eu poderia salvar uma vida?

Don permaneceu em silêncio, sua mandíbula tensa. Ele não sabia a resposta, e isso o envergonhava. Não era como se não tivesse tentado descobrir — ele já havia confrontado o pai sobre o decreto, mas arrancar qualquer informação do rei era impossível. No entanto, por mais que a ordem do monarca o intrigasse, havia algo que ele não podia negar: no fundo, o decreto lhe era conveniente. Se Loren não podia tocar em mais ninguém além dele, o único que se beneficiava... era ele mesmo.

— Você já passou do seu quarto — ela bufou, desistente, percebendo que ele não a responderia.

— O quê?

Loren apontou para a porta do quarto dele, ao fim do corredor, do qual eles já haviam ultrapassado há alguns metros.

— Eu não estava indo para lá — respondeu com firmeza, virando-se rapidamente. Ele se aproximou da porta à sua frente e bateu com força, dois toques rápidos e decididos, antes de gritar: — North, acorde! Vamos partir agora!

Em seguida, voltou-se para Loren, o rosto impassível.

— Você tem 20 minutos para estar pronta — ordenou, sua voz assumindo o tom de comando que a garota conhecia bem.

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Navios surgiam e desapareciam no horizonte distante, como se fossem sombras tocando o limite entre o céu e o mar, onde o mundo parecia se dissolver. Loren seguia por uma trilha de pedras, envolta por flores brancas que se moviam gentilmente com a brisa. Ela queria absorver cada instante no jardim elevado do castelo antes de partir de volta para casa.

— Você não acha perigoso o que está fazendo? — a voz de Ryan soou atrás dela.

— Não sabia que passear por um jardim era motivo para alarde — ela rebateu, tentando manter o tom despreocupado.

— Você sabe muito bem do que eu estou falando.

— Não, Ryan, eu realmente não sei. O que é tão perigoso assim? — ela se virou para encará-lo, e só então percebeu o brilho intenso da pedra que ele carregava, reluzindo em resposta à sua presença.

— O que você está fazendo? — ele envolveu a pedra com a mão, como se tentasse protegê-la do efeito que a garota causava.

— Eu... eu não estou fazendo nada — respondeu com sinceridade.

— Então por que estou sentindo tanta magia emanando de você? — o mago deu um passo para trás, seus olhos a examinando dos pés à cabeça.

— Você consegue sentir? — ela ergueu as próprias mãos, como se tentasse enxergar algo que talvez apenas ela soubesse que estava ali — Eu acordei assim.

Antes que pudessem continuar, foram interrompidos pela aproximação de Edric.

— Está tudo pronto para partirmos, o comandante já está furioso a espera de vocês lá em baixo.

— Desceremos em breve — respondeu Ryan, com um tom entediado, quase desdenhoso.

Edric lançou um último olhar demorado para Loren antes de se retirar, o mago pareceu se incomodar com a atitude prepotente do soldado, ele jamais faria isso na frente do príncipe.

— Não gosto desse cara — declarou abruptamente.

— Posso saber o motivo?

— Não, não pode. Se você não vai me dar respostas, eu também não te darei —cruzou os braços, irritado.

— Ryan, eu juro que não sei o que está acontecendo comigo. Acordei sentindo minha magia de forma diferente, mais intensa. O que mais você quer que eu diga?

— Quero que me diga toda a verdade.

— Eu estou lhe dizendo a verdade — insistiu.

O mago lançou um olhar furtivo ao redor, certificando-se de que ninguém os observava. Ele se aproximou dela, perto o suficiente para fazer o coração da garota subir pela garganta.

— Nunca se esqueça de quem eles realmente são... e do que fazem com pessoas como nós. 

 

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