✶ Capítulo sessenta e um ✶

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A caverna poderia ser deslumbrante, mas o clima definitivamente, era desolador

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A caverna poderia ser deslumbrante, mas o clima definitivamente, era desolador.

— E mesmo assim você parece ter esquecido da profecia, Loren — o velho mago a acusou. — Está quebrando sua bondade, destruindo sua pureza. Posso sentir que a semente do mal despertou em você.

Loren sentiu os olhares de North e Beatrice sobre ela, apreensivos, sem saber ao certo o que pensar. Don, por outro lado, permanecia com a cabeça baixa, mergulhado em seus próprios pensamentos, a tensão em sua postura era óbvia. Até que ponto isso também era culpa dele? O príncipe não podia negar o que tinha acontecido entre eles, o que havia sido desencadeado pela sua própria falta de controle. Ryan, ao lado, estava aflito, esfregando os cabelos, inquieto. O mago, parecia finalmente encaixar algumas peças soltas.

A caverna ao redor de Loren parecia se fechar, esmagando-a enquanto Kalandor aguardava uma resposta, seu olhar fixo na garota.

— Não é verdade, eu... eu ainda sou pura — Loren tentou se justificar, as palavras saindo com esforço, como se ela estivesse tentando convencer a si mesma. Mas, no fundo, sabia que não era tão simples. Cada encontro com Don, cada toque, cada beijo, a fazia sentir-se mais poderosa, e era inegável como o último encontro entre eles havia a levado a um limite, no qual sua magia explodiu incontrolavelmente. Seu coração errou uma batida ao pensar nisso. As palavras do velho mago eram como um espelho, refletindo verdades que ela se esforçava para suprimir.

Kalandor a encarou com um olhar repreensivo, sua voz fria como gelo.

— Pureza não é apenas sobre castidade, Loren. — Ele apontou para o peito dela de forma acusatória. — Você estimulou sentimentos perigosos dentro de si. — Sua voz ficou mais grave, repleta em desaprovação. — Você despertou o Ser que vive na escuridão. Tem ideia dos sacrifícios que centenas de magos fizeram para adormecer aquele demônio e mantê-lo preso lá embaixo?

Antes que ela pudesse responder, Don se levantou de repente.

— Não foi culpa dela. — Sua voz se elevou, firme. — Loren foi atacada, e no mesmo dia um tremor foi sentindo na torre, provavelmente a ligação que ela tenha com seu... — Ele hesitou, tentando se convencer de que realmente falaria aquilo. — A ligação que ela tenha com seu pai... o fez despertar em resposta ao ataque.

— Atacada? — O velho mago questionou, agora inspecionando Loren com olhos curiosos e suspeitos.

— Tentaram me matar, mas não conseguiram. — Loren tomou coragem e se levantou, tentando se firmar apesar do caos ao redor e dentro dela. — Apenas feriram minha perna... que acabou se curando sozinha. — Ela se voltou para Don, seus olhos cheios de lágrimas. — Me desculpe. Eu queria poder dar uma explicação melhor para tudo isso, mas depois daquele incidente, meu corpo começou a se regenerar sozinho sempre que eu me machuco. E eu não controlo isso.

— Você não controla, mas o mal que despertou dentro de você não se importa com controle. É apenas uma questão de tempo até ele tomar completamente o que você é. — A voz de Ryan soou firme de onde ele estava.

— Ryan, não fale assim com minha sacerdotisa — Don rangeu os dentes, a raiva queimando dentro dele como uma fogueira prestes a explodir.

Ryan, porém, não recuou.

— Você não vê, Don? Não percebe a verdade? — exclamou, indignado — Desde que Loren nasceu, o número de manipuladores no Vale caiu drasticamente! Ela está drenando o poder de todos e concentrando em si mesma! Ela despertou a porra de um demônio, Don! — Ele cuspiu as palavras, sua frustração transbordando. — Até a pedra dela rachou, não aguentando o fluxo de tanta magia! E você ainda quer defendê-la?

Don permaneceu imóvel, os punhos cerrados ao lado do corpo, ele queria arrebentar ainda mais a cara do mago, mas foi North quem finalmente quebrou o silêncio que se seguiu.

— Ryan tem razão. Antes de Loren, o Vale era poderoso. Meu pai costumava dizer que não dependíamos de nenhum outro reino para sobreviver. Tínhamos manipuladores suficientes no exército para comandar metade do continente. O poder deles se estendia muito além das terras devastadas... — Ele fez uma pausa, seu olhar sombrio. — Mas agora, estamos à beira da ruína. Precisamos forçar casamentos entre príncipes e princesas para conseguir comida. Nosso reino caiu, e Loren... é a culpada.

— Não... isso não é verdade — sussurrou ela, mas sua voz soava fraca, sem convicção. — Eu... eu nunca quis nada disso.

Don olhou para Loren, e por um breve instante, ele viu a dor, pura e genuína.

— Não importa se você quis ou não. O fato é que você é a fonte de nosso declínio, e enquanto continuar existindo, nosso reino nunca voltará a ser o que era — despejou Ryan.

— Ryan, chega! — Don rosnou. — Se você trocar mais uma única palavra com ela, eu não vou te poupar.

O mago, sempre desafiador, dessa vez não respondeu. O tom do príncipe era mais sombrio do que qualquer um já ouvira, e até ele soube que havia ultrapassado uma linha.

Don então se virou bruscamente para North, a autoridade em sua postura impossível de ignorar.

— Venha! — sua voz era um comando frio. — Vamos encontrar o corpo de Edric para cremá-lo.

— Don, nos dê um momento... além do mais, Edric deve estar nos escombros, isso poderá levar dias... — North tentou intervir.

— AGORA! — o príncipe interrompeu com um grito explosivo — Nenhum soldado meu morre e permanece abandonado.

Ele então se virou para o velho mago, os olhos faiscando com desprezo. — Você! Venha conosco para nos guiar.

— Eu... — o velho começou a responder, mas foi cortado rapidamente.

— Isso é uma maldita ordem! — Don rugiu. — E não pense que você sairá impune por ter abandonado o Vale. Eu ainda sou a porra do príncipe, e mando em cada um de vocês aqui!

O silêncio que se seguiu foi absoluto, e ninguém ousou dizer uma palavra.

Beatrice segurou o braço de North em um gesto silencioso de cautela, um lembrete de que, apesar da proximidade e das experiências compartilhadas, Don não era apenas um amigo — ele era o príncipe, um verdadeiro membro da realeza, e quando sua autoridade era imposta, ninguém tinha permissão para questioná-lo. O respeito pela sua posição, que às vezes ficava em segundo plano devido à intimidade que tinham, agora vinha à tona, lembrando a todos quem era o verdadeiro líder. 

 

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