8 - os patos!

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4 de outubro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

No dia seguinte, acordei com um sorriso no rosto, ainda sentindo a leveza da noite anterior. Tudo que aconteceu entre mim e Gabi dançava pela minha mente como uma trilha sonora. Por um breve momento, ao me levantar, senti uma pontada de dúvida. E se eu estivesse imaginando coisas? E se, para Gabi, tivesse sido apenas uma noite entre amigas? No entanto, o brilho em seus olhos quando nos despedimos ainda estava vívido em minha mente. E por isso, escolhi me agarrar àquela sensação boa.

Fui ao treino como de costume, mas assim que cheguei ao ginásio, percebi que algo estava diferente. A equipe estava reunida de forma descontraída, e havia uma energia animada no ar. Daniele, o treinador, se aproximou de mim com um sorriso divertido no rosto.

— Hoje a gente vai dar um tempo dos exercícios normais, Amélia. Vamos fazer uma coisa um pouco diferente, — ele anunciou, cruzando os braços com uma expressão misteriosa.

— Diferente? — perguntei, um pouco surpresa. — O que vamos fazer?

— Nós fomos convidados para uma visita ao campo de prosecco, nosso patrocinador, — ele explicou. — Eles têm uma plantação imensa lá, e também vamos conhecer o processo de produção. Achei que seria uma boa maneira de dar uma relaxada e mudar o ambiente.

— Ah, entendi, — Anna respondeu por mim. — Tipo uma viagem para uma fazenda de prosecco? Parece... interessante.

— É tipo isso, — ele riu. — E tem muito mais coisas para fazer lá. Talvez até mais do que você está imaginando.

A ideia de passar o dia em um lugar diferente, cercada por vinhedos e longe da rotina puxada dos treinos, foi imediatamente atraente. Comecei a me empolgar com a perspectiva de explorar o lugar e, quem sabe, passar mais um tempo próximo de Gabi. Afinal, depois da noite passada, eu queria saber como as coisas estariam entre nós agora.

O ônibus já estava estacionado na frente do ginásio, e a equipe se reuniu ao redor dele, conversando animadamente. Todos pareciam animados com a ideia de quebrar a rotina e explorar o campo de prosecco.

Anna, como sempre, estava ao meu lado, animada para a excursão. Ela tinha esse jeito espontâneo e brincalhão que sempre me fazia sentir à vontade

— Vem, Amélia! — ela me chamou, já subindo no ônibus. — Vamos pegar um bom lugar antes que todo mundo ocupe os melhores.

Subi no ônibus e procurei um assento mais para o fundo, onde eu poderia observar o grupo sem ser o centro das atenções. Gabi já estava lá, sentada próxima à janela, olhando para fora. Ela levantou os olhos assim que me viu e deu um sorriso meio tímido

— Ei, — eu disse, tentando soar casual. — Posso me sentar aqui?

— Claro, — ela respondeu, afastando sua bolsa do assento ao lado e me dando espaço.

Eu me sentei ao lado dela, sentindo uma leve tensão no ar, mas não do tipo desconfortável. Era uma tensão boa, cheia de expectativa e possibilidades. O ônibus começou a se mover, e enquanto o grupo ao nosso redor conversava e ria alto, nós duas ficamos em um silêncio confortável, observando a paisagem da cidade se transformar em campos verdes e estradas sinuosas.

— Dormiu bem? — perguntei, mais para quebrar o gelo do que por curiosidade real.

— Sim, até que dormi, — ela respondeu, virando-se para mim com um sorriso. — E você?

— Bem também, — respondi, desviando o olhar por um segundo, lembrando de como acordei pensando nela. — Acho que ontem ajudou um pouquinho

Gabi pareceu compreender a indireta sutil, como sempre conseguia entender minhas palavras não ditas. Um sorriso travesso surgiu em seus lábios e ela deu uma risadinha, olhando pela janela mais uma vez.

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