38 - cicatrizes se curam?

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9 de novembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

enquanto tomava café da manhã na cozinha com minha avó, não consegui evitar que meus pensamentos girassem em torno de Gabi. Era impossível não me sentir animada e ao mesmo tempo nervosa com a ideia de tudo o que estava acontecendo entre nós. As lembranças da noite, com ela tocando violão na sacada, ainda estavam frescas na minha mente.

— Vó, você lembra da Gabi, né? — perguntei, tentando parecer casual, mas sabendo que meu coração acelerava só de pronunciar o nome dela.

— Claro, minha querida! A jogadora de vôlei brasileira, não é? Ela é uma moça muito bonita e talentosa — minha avó respondeu, com aquele sorriso acolhedor que sempre trazia conforto.

Enquanto falávamos, uma onda de insegurança me envolveu. A verdade era que, apesar da química que eu sentia com Gabi, havia uma parte de mim que não conseguia se livrar da sombra do acidente. Minhas cicatrizes, que se estendiam do quadril até os ombros, eram constantes lembretes do que eu havia perdido. Eu sabia que elas faziam parte de quem eu era, mas em momentos como aquele, a insegurança se tornava difícil de ignorar. Sim, eu estava com vergonha de mostrar o meu corpo para Gabi

— Vó, eu... — hesitei, buscando as palavras certas. — Eu estou gostando da Gabi, mas às vezes fico pensando se ela realmente me aceita do jeito que eu sou. E se as minhas cicatrizes a incomodarem?

Minha avó olhou para mim com um olhar gentil, como se pudesse ler todos os meus medos em meu rosto.

— Amélia, meu amor, cicatrizes são marcas de superação. Elas contam a sua história, a luta que você enfrentou e venceu. A Gabi parece ser uma pessoa que valoriza o que está dentro, não o que está fora. Se ela está interessada em você, é porque vê além da sua aparência.

As palavras dela trouxeram um pouco de alívio ao meu coração. A certeza de que Gabi poderia olhar para mim e ver a mulher forte que eu me tornei, além das cicatrizes, me encorajou.

— Você realmente acha isso, vó?

— Com certeza! Além do mais, você é incrível, e a Gabi seria sortuda por estar ao seu lado. Não tenha medo de mostrar a sua verdadeira essência. Lembre-se, amor, que o que importa é o que você carrega dentro de si.

Enquanto ouvia minha avó, percebi que precisava confiar não apenas em Gabi, mas também em mim mesma. As cicatrizes faziam parte da minha história, e eu não iria deixar que isso me impedisse de ser feliz. A ideia de compartilhar esses momentos com Gabi, com suas risadas e a conexão que estávamos construindo, me fazia querer abrir meu coração ainda mais.

— Obrigada, vó. Você sempre sabe o que dizer para me fazer sentir melhor.

Ela sorriu, e eu sabia que estava pronta para enfrentar o que quer que o futuro reservasse para mim e Gabi. A sensação de esperança e a promessa de um novo começo pairavam no ar, e eu estava determinada a abraçá-las.

— Agora, por que você não traz a Gabi aqui para jantar? — minha avó sugeriu, com um sorriso malicioso. — A Valen já está perguntando por ela: "Cadê a amiga da Amélia?" Sabe como é a pequena, fala fala que sente ciúmes, mas no fundo ela amou a Gabi

Eu ri ao imaginar a pequena Valentina. Para uma menina tão nova, ela tinha uma personalidade forte e uma opinião bem formada sobre quem merecia sua atenção. Era engraçado pensar que ela, geralmente tão protetora com relação a mim, já havia se encantado por Gabi, mesmo não admitindo

— Fiquei até impressionada! A Valen não gosta de ninguém que roube a atenção da irmã, mas parece que a Gabi conseguiu a façanha, mesmos a própria não admitindo — comentei, lembrando-me da forma como Gabi interagiu com Valentina na última vez que estivemos juntas.

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