45 - Não só no jogo, mas em tudo.

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15 de novembro; 2024
GABRIELA GUIMARÃES

O dia começou como qualquer outro, com o sol raiando pela janela do meu quarto e o cheiro do café fresco invadindo o ar. O retorno à rotina dos treinos no Imoco Conegliano trouxe uma mistura de excitação e ansiedade. A temporada estava apenas começando, e cada dia de treino era uma nova oportunidade de aprimorar minhas habilidades e construir uma química ainda mais forte com o time.

Cheguei ao ginásio e a energia já estava alta. O barulho das bolas de vôlei batendo no chão, o eco das risadas e conversas das minhas companheiras de equipe, tudo isso me lembrava porque eu amava estar ali. Assim que entrei, avistei o treinador Daniele Santarelli, com seu olhar focado, já organizando os planos para o treino.

— Bom dia, meninas! — ele disse, com uma voz firme, mas ao mesmo tempo encorajadora. — Hoje vamos trabalhar em nossa comunicação e estratégia de jogo. Quero que se sintam confortáveis em compartilhar ideias durante os exercícios.

As palavras dele acenderam um fogo dentro de mim. Estava pronta para me jogar de corpo e alma naquele treino, e não podia esperar para mostrar a todos o quanto eu havia evoluído.

Começamos com um aquecimento, e durante os alongamentos, não pude deixar de pensar em como era bom ter as meninas ao meu lado novamente. A camaradagem que desenvolvemos no chalé ainda pairava no ar, como uma aura de confiança que se transformava em nossa força coletiva.

— Vamos, Gabi! — Anna gritou, me puxando para o meio do círculo. — Você se esqueceu de aquecer? Quer ficar com cãibras durante o treino?

— O que você acha? — respondi, rindo. — Estou aqui para arrasar!

O treino começou, e a intensidade rapidamente aumentou. Trabalhamos em jogadas ensaiadas, passes e posicionamentos, e eu sentia cada movimento se encaixando como se tivéssemos ensaiado aquilo a vida toda. A comunicação fluía naturalmente entre nós, e, em momentos, um olhar ou um gesto era suficiente para que entendêssemos o que cada uma precisava fazer.

No entanto, o que mais me animava era ter Amélia ali, ao meu lado, seu sorriso iluminando o ginásio mesmo nos momentos mais exigentes. Nossos olhares se cruzavam, e uma pequena chama de confiança se acendia entre nós. Lembrar dos momentos que tivemos no chalé me fazia querer dar ainda mais de mim.

Aquela manhã de treinos passou rapidamente, e quando Daniele apitou para encerrar, um sentimento de satisfação me envolveu.

— Ótimo trabalho hoje, time! — ele elogiou. — Vamos continuar assim e aproveitar cada treino. Temos uma temporada incrível pela frente.

Senti que, não apenas eu, mas todo o time estava mais unido e motivado. Quando nos dirigimos para o vestiário, não consegui deixar de me sentir animada com o que ainda estava por vir. O vôlei não era apenas um esporte para mim; era uma paixão, uma forma de expressão, e agora, mais do que nunca, eu estava pronta para brilhar.

Ao entrar no vestiário, todas estavam ainda em alta, comentando os melhores momentos do treino. Eu me sentei para tirar os tênis, enquanto Anna e algumas das meninas falavam animadas sobre a última sequência de pontos que conseguimos em conjunto. Estávamos em sintonia, e era como se o time estivesse vivendo um momento de pura magia.

Amélia se aproximou e sentou ao meu lado, me oferecendo uma garrafa de água com um sorriso suave. A proximidade dela ainda me causava um certo nervosismo, mas havia também algo de reconfortante naquele olhar, como se ela fosse meu porto seguro em meio ao turbilhão de treinos e competições.

Nos levantamos e, antes de sairmos do vestiário, trocamos um último olhar cúmplice. Era incrível como aqueles segundos pareciam prolongados, como se o tempo parasse só para nós. Amélia apertou levemente minha mão antes de soltar, e eu senti um misto de empolgação e nervosismo percorrer meu corpo.

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