19 - sailor song

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24 de outubro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

Ontem foi um dia difícil, mas no final deu tudo certo. Estava com as pessoas que eu amo, e é isso que importa.

Hoje eu já me sinto melhor, mais leve, mais tranquila. Não vou dizer que aqueles pensamentos saíram completamente da minha cabeça, mas sinto que vou conseguir lidar com eles. É como se, aos poucos, eu estivesse aprendendo a deixar o peso se dissipar. Talvez não de uma vez, mas o suficiente para respirar mais aliviada.

Estava me arrumando para o treino. Hoje não seria no ginásio, o que era um alívio. O treino seria na academia, um ambiente muito mais tranquilo e silencioso. Na verdade, era exatamente do que eu precisava para aliviar a mente. A rotina física ajudava a silenciar os pensamentos que insistiam em se agitar. Coloquei minha roupa esportiva com cuidado, ajustando o top e amarrando o cabelo em um coque simples, prático. O calor estava agradável, o que tornava o exercício ainda mais convidativo.

Enquanto eu calçava os tênis, o grupo do time no chat de mensagens apitou. Eles tinham decidido que, depois do treino, fariam uma caminhada ao ar livre. A ideia parecia perfeita — a combinação de exercício físico e o contato com a natureza era sempre revigorante. Eu precisava disso, um espaço para respirar, tanto no sentido literal quanto no emocional.

Já pronta para sair, senti meu celular vibrar no bolso. Era uma mensagem da Gabi. Meu coração acelerou por um breve momento.

"Oi. Bom dia, espero que você esteja melhor! Na estou ansiosa para te ver novamente"

A simples notificação com o nome dela na tela já causava um efeito em mim que eu não sabia muito bem como lidar. Ela tinha um jeito de mexer comigo, de me fazer sentir algo que, até pouco tempo atrás, eu evitava admitir para mim mesma. As mensagens dela sempre eram descontraídas, mas havia algo mais em jogo. Eu podia sentir. E esse sentimento estava me deixando confusa. Não sei o que fazer com isso. Não sei nem se quero fazer alguma coisa ou simplesmente deixar as coisas seguirem seu curso.

Respirei fundo, bloqueei a tela do celular e o guardei no bolso novamente. Uma parte de mim queria responder imediatamente, outra parte precisava do tempo e da distância que o treino prometia oferecer.

Respirei fundo mais uma vez, tentando me acalmar enquanto me dirigia à saída. A sensação do sol batendo no meu rosto era acolhedora, e eu sabia que o treino ajudaria a clarear minha mente. O caminho para a academia era familiar, e mesmo enquanto andava, eu ainda pensava na mensagem da Gabi.

"Na estou ansiosa para te ver novamente." A frase ecoava na minha cabeça, e eu não conseguia evitar um leve sorriso. Havia um toque de doçura no jeito que ela se expressava, como se estivesse compartilhando um segredo só nosso. O que era isso? Uma amizade ou algo mais? Eu me perguntava se ela também sentia essa conexão intensa, essa eletricidade no ar.

Ao chegar à academia, fui recebida pelo cheiro do suor e da determinação. O ambiente era vibrante, cheio de pessoas focadas em seus próprios objetivos. Eu me juntei ao grupo para o aquecimento, os risos e as conversas me envolvendo como uma segunda pele. A atividade física começou a fazer efeito, e eu sentia a tensão nos meus ombros começando a se dissipar.

Durante o treino, a minha mente vagava entre os exercícios e a imagem de Gabi. O jeito que ela sorria, sua risada leve que me fazia sentir à vontade. Eu queria saber mais sobre ela, explorar essa nova dinâmica que estava se formando entre nós. Mas, ao mesmo tempo, um medo surgia — e se eu me arriscasse e estragasse tudo?

Depois do treino, enquanto o grupo se reunia para a caminhada ao ar livre, o céu tingido com tons de laranja e rosa. Era lindo. O ar fresco trazia uma sensação renovadora, e eu me senti mais leve, como se as preocupações estivessem sendo levadas pelo vento.

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