22 de novembro
GABRIELA GUIMARÃESEnquanto me trocava e tentava aliviar os ombros tensos daquele dia pesado, ouvi o som do celular vibrando dentro da mochila. Sem muito interesse, estendi a mão para pegar o aparelho, mas, ao ver o nome que apareceu na tela, senti um sorriso se formar automaticamente no rosto. Era a Pri.
Desbloqueei o celular, e a primeira mensagem já veio com uma dose de sarcasmo:
Pri: "Ei, dona Gabriela, como está o rolo aí com a Amélia? Vocês vão marcar algum evento especial ou vão continuar só na trocação de olhares intensa?"
Não pude deixar de rir. Como se não bastasse toda a pressão do treino, a Pri tinha que acrescentar essa tensão "romântica" que ela achava que eu vivia. Tentei ignorar, mas outra mensagem chegou logo em seguida.
Pri: "Fala sério, amiga, vocês duas ainda não têm um rótulo? Achei que você fosse mais rápida no jogo! Cadê a capitã que eu conheço?"
Revirei os olhos, tentando disfarçar o riso para as meninas do vestiário. A Pri nunca perdia a chance de fazer essas piadinhas. E o pior de tudo é que ela sabia exatamente onde cutucar. O tal "rolo" com Amélia ainda estava meio indefinido, e a última coisa que eu precisava era da Pri para me lembrar disso.
Eu: "Pri, sério, vai arrumar o que fazer. Ou quer vir pro jantar que vai acontecer hoje com os patrocinadores também? Assim dá pra você ficar perguntando isso na frente de todo mundo!"
Pri: "Ah, boa ideia! Vou puxar o microfone e perguntar ao vivo! Imagina a cara dela?"
Eu não consegui segurar uma gargalhada com a imagem mental que veio.
Enquanto lia as mensagens da Pri e tentava abafar o riso, senti uma sombra se aproximando. Levantei o olhar e lá estava Amélia, me encarando com aquela expressão curiosa e um sorrisinho no canto dos lábios.
— Pra quem você está sorrindo assim no celular? — perguntou, com um ar descontraído, mas que, eu sabia, escondia um toque de curiosidade genuína.
Me senti pegar no flagra e, por um segundo, até pensei em esconder o celular, mas sabia que isso só iria dar mais munição para as perguntas dela. Tentei disfarçar o sorriso, mas a essa altura já era impossível.
— Ah, ninguém importante... só a Pri, sendo... bom, sendo a Pri — respondi, rindo e dando de ombros, mas Amélia estreitou os olhos, divertida.
— Ah, então deve ser sobre alguma piada às minhas custas — disse, se inclinando levemente, como se tentasse espiar a tela.
— Não exatamente — repliquei, rindo e tentando esconder o celular, mas claramente sem sucesso. — Ela só está... bem, sugerindo que nosso "rolo" já deveria ter rótulo e... perguntando se vamos continuar só na trocação de olhares.
Amélia ergueu as sobrancelhas, surpresa e divertida.
— É mesmo? Nossa relação agora virou motivo de fofoca pelo mundo? — provocou, ainda mantendo aquele sorrisinho, enquanto se apoiava no banco ao meu lado.
Revirei os olhos, sentindo as bochechas esquentarem.
— Como se não bastasse a pressão da mídia, agora tenho que aguentar a Pri jogando esse tipo de pergunta — brinquei, fingindo desespero.
Ela riu e balançou a cabeça, relaxando os ombros como se, por um instante, a tensão do treino também tivesse se dissipado.
Enquanto ainda me recuperava das provocações da Pri, o celular vibrou novamente. Olhei a tela e vi que era outra mensagem, dessa vez da Rosa. Dei uma risada, antecipando o que viria. Rosa nunca perdia uma chance de fazer piada da situação entre mim e Amélia.
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Missão impossível
FanfictionAmélie Martinez, uma jovem jogadora de vôlei talentosa, recentemente medalhista de ouro nas Olimpíadas, encontra-se diante de uma importante decisão em sua carreira: escolher o clube onde continuará a brilhar. Ela opta pelo renomado Imoco Conegliano...