40 - nossa aventura

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12 de novembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

O cansaço está me consumindo de uma forma que mal consigo disfarçar. Minha mente está exausta, mais do que qualquer treino físico poderia me deixar. Os dias têm sido uma corrida interminável entre treinos, compromissos e responsabilidades, como se eu estivesse sempre correndo atrás de algo que nunca alcanço. A pressão do próximo torneio só piora as coisas. Há uma expectativa enorme pairando sobre mim, e mesmo que eu tente afastar, ela se infiltra em cada pensamento, em cada segundo de descanso que eu tento roubar.

A sensação é de um desgaste que vai além do corpo — é um peso mental que parece aumentar a cada dia, um acúmulo de tudo o que estou tentando aguentar. Às vezes, sinto como se estivesse dentro de uma bolha de tensão, onde tudo ao meu redor pressiona e eu mal consigo respirar. Até mesmo estar com a Gabi não tem sido fácil; embora eu queira, nossas rotinas nos afastam, nos empurram para direções opostas, e a falta de tempo para nós só torna tudo mais difícil.

Gostaria de parar, respirar e simplesmente... descansar. Mas sei que não posso. E é exatamente isso que mais me cansa: a impossibilidade de me permitir fraquejar, mesmo quando tudo em mim clama por um descanso.. Mas a noite em que iríamos para o chalé se aproximava, e a ideia de finalmente termos um tempo a sós me deixava animada.

Enquanto me arrumava, minha mente vagava para tudo que poderia acontecer nesse retiro. A ideia de estar em um lugar mais isolado, longe das pressões do dia a dia, preenchia meu coração de esperança. Eu imaginava Gabi ao meu lado, rindo e compartilhando histórias sob as estrelas, ou simplesmente aproveitando a tranquilidade e a intimidade que aquele espaço proporcionaria.

Quando finalmente cheguei ao ponto de encontro, a expectativa me envolveu. A maioria das meninas já estava lá, com bagagens e sorrisos largos. Eu procurei por Gabi entre a multidão, e meu coração disparou quando a encontrei, conversando animadamente com Belle. Ela estava radiante, e meu olhar se fixou nela por um momento mais longo do que eu pretendia.

— Amélia! — Belle me chamou, interrompendo meus pensamentos. — Está pronta para a nossa aventura?

— Quase! — respondi, tentando esconder o nervosismo que a ideia de passar mais tempo a sós com Gabi me causava.

Assim que subimos no carro, tentei me concentrar na conversa das meninas, mas não consegui evitar furtivos olhares em direção a Gabi. Ela parecia tão à vontade, seu sorriso iluminando o ambiente. A viagem foi cheia de risadas e músicas, mas a ansiedade em relação ao que estava por vir não me abandonava.

Enquanto dirigíamos em direção ao chalé, a animação das meninas ao meu redor parecia contrastar com a tempestade de sentimentos dentro de mim. A Belle falava sobre tudo e nada, e eu tentava acompanhar, mas minha mente estava em um lugar diferente. Cada vez que desviava o olhar para Gabi, meu coração disparava.

Tentei me concentrar nas risadas e nas histórias que flutuavam no ar, mas a expectativa do que viria a seguir se tornava cada vez mais palpável. O simples ato de passar um tempo a sós com Gabi era carregado de possibilidades, e a ideia de que poderíamos ter um momento só nosso me deixava inquieta de uma maneira deliciosa e aterrorizante ao mesmo tempo. O que eu diria? E se o clima mudasse? E se tudo que eu sonhei se desmoronasse antes mesmo de começar?

A música tocava ao fundo, mas a melodia parecia se misturar com a batida acelerada do meu coração. Olhando para Gabi, percebi que ela também lançava furtivos olhares em minha direção, e, por um momento, nossos olhares se cruzaram. Um frio na barriga me atingiu. Aquela conexão silenciosa, aquele instante em que tudo parecia possível, me fez esquecer, por um breve momento, do nervosismo.

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