1 de dezembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZEu estava no vestiário, vestindo minha camisa de treino, tentando me concentrar nas instruções do Santarelli para o próximo jogo. Mas minha mente não conseguia deixar de divagar sobre o meu joelho. As dores estavam mais intensas e, por mais que eu tentasse esconder isso, estava começando a me preocupar. E, ao mesmo tempo, algo mais me preocupava: Gabi.
Ela havia estado tão perto de mim ultimamente, mas algo havia mudado. Eu sentia que ela estava me observando mais, mas também mais distante. Como se estivesse tentando encontrar uma maneira de me apoiar sem invadir meu espaço. O pensamento disso fazia meu peito apertar, mas também era confortante, de algum jeito.
Santarelli olhou para mim com a expressão de sempre: sério, focado, mas com uma leve dúvida em seus olhos.
— Você ainda sente muita dor? — ele perguntou, analisando meus movimentos durante o aquecimento.
Eu respirei fundo, tentando não mostrar o quanto a dor me incomodava, e olhei para ele com um sorriso forçado.
— Então... eu vou poder participar do próximo jogo? — minha voz saiu um pouco mais firme do que eu imaginava, mas no fundo, eu sabia que o risco estava ali.
Santarelli fez uma pausa, avaliando minha postura, meu ritmo de treino e o estado do meu joelho. Ele parecia estar em dúvida, o que me fez ficar ainda mais ansiosa.
— Amélia, você sabe que precisamos garantir sua saúde, mas... se você sentir que consegue, podemos tentar. Mas me avise se piorar. Não quero que você se machuque ainda mais. — ele disse, com um tom preocupado.
Fui capaz de balançar a cabeça com um aceno, mostrando que entendia. Eu queria muito jogar. Mas, ao mesmo tempo, o pensamento de não conseguir dar o meu melhor naquele jogo me consumia. Eu sentia que a pressão não vinha apenas do time ou de Santarelli, mas de mim mesma.
Enquanto me afastava, me peguei pensando em Gabi novamente. Será que ela estava sentindo o que eu sentia? Ela parecia entender mais do que eu queria admitir. Eu só não sabia como lidar com isso.
Quando terminei o treino, o calor do vestiário parecia ter aumentado, mas o que realmente estava me esquentando por dentro era a ansiedade. Eu sabia que meu corpo não estava 100%, mas a vontade de jogar, de não decepcionar ninguém — principalmente a mim mesma — era mais forte. Fiquei ali por um momento, respirando fundo e tentando focar no que eu precisava fazer. A dor no joelho estava presente, mas eu tentava ignorá-la.
Mas a presença de Gabi, lá do lado de fora do vestiário, mudou um pouco a dinâmica. Ela sempre estava por perto, me esperando, mas hoje, ela parecia mais calma. Eu podia ver em seu olhar que ela sabia que algo estava acontecendo. Algo que eu não conseguia controlar completamente. Não queria preocupar ela, mas também não queria fingir que estava tudo bem quando não estava.
Quando saí do vestiário, Gabi estava recostada contra a parede, com aquele sorriso que fazia meu coração dar um salto. Ela me olhou, e eu senti que ela estava esperando que eu dissesse algo. Eu queria ser honesta, mas não sabia como começar. A última coisa que queria era parecer fraca ou pedir mais apoio do que eu estava pronta para receber.
Ela deu um passo à frente, percebendo o peso no ar, e a forma como meu corpo se comportava me entregava o que eu tentava esconder.
— E aí, como você está? — ela perguntou, com a voz baixa e suave, mas com um toque de preocupação que fez meu peito apertar ainda mais.
Eu tentei sorrir, mas foi um sorriso mais triste do que eu queria mostrar.
— Tá tudo bem, Gabi. Só uma dorzinha chata. Nada demais. — eu falei, tentando desviar o olhar, mas ela não me deixou escapar tão facilmente.
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Missão impossível
FanfictionAmélie Martinez, uma jovem jogadora de vôlei talentosa, recentemente medalhista de ouro nas Olimpíadas, encontra-se diante de uma importante decisão em sua carreira: escolher o clube onde continuará a brilhar. Ela opta pelo renomado Imoco Conegliano...