61 - nas estrelas do seu pensamento

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19 de dezembro; 2024
GABRIELA GUIMARÃES

Acordei mais cedo do que o normal, com o treino já martelando na minha cabeça. O dia estava cheio de expectativas, e a ansiedade estava a mil. O time todo estava contando com a minha energia, e eu não queria decepcionar ninguém, especialmente Amélia. Ela estava em casa, ainda se recuperando, e mesmo sem saber como realmente estava se sentindo, eu sabia que o apoio dela me dava forças. E por mais que eu estivesse com ela o tempo todo, sentia que algo ainda a incomodava, como se uma sombra a seguisse.

Fiz a minha rotina de aquecimento, mas, como sempre, minha mente vagava para Amélia. Sabia que ela estava em casa, tentando lidar com tudo o que acontecera, e não conseguia deixar de me preocupar. O que mais me machucava era que, por mais que eu estivesse ali, em meio ao time, me sentia impotente, incapaz de ajudá-la como queria. Como ela poderia seguir em frente com tantos medos, com aquela distância que parecia aumentar a cada dia?

O treino seguiu seu curso, intenso como sempre, com risadas e gritos de incentivo. Mas, no fundo, eu só conseguia pensar em como Amélia estava sozinha, sem conseguir colocar para fora o que sentia, bloqueada pelo medo e pela dor. Aquelas imagens da sua expressão cansada e distante me perseguiam, e cada vez mais eu me perguntava o que eu podia fazer de verdade. Eu a amava tanto, queria ser o suporte para ela, mas me sentia cada vez mais perdida.

Enquanto o time se preparava para ir embora, Anna, Belle, Marina, Mônica e Martyna se aproximaram de mim. Não era surpresa que elas soubessem o quanto Amélia estava me afetando. O time era uma espécie de segunda família, e eu sabia que elas estavam apenas tentando me apoiar, mas cada palavra sobre ela me fazia sentir mais vulnerável.

— E aí, Gabi, como está Amélia? — Anna perguntou com a preocupação evidente no olhar.

Eu soltei um suspiro profundo, tentando encontrar palavras que não fossem tão pesadas. Eu sabia que elas estavam tão preocupadas quanto eu, mas falar sobre Amélia de novo fazia meu peito apertar.

— Ela está... tentando se recuperar. Mas está difícil. Não consigo tirar da cabeça o que ela está passando. — Eu falei, tentando manter a calma, mas a dor se infiltrando nas palavras.

Belle, sempre atenta, me olhou com um sorriso gentil, mas não disfarçou a tristeza que vinha em seu olhar.

— Você sabe que ela não está sozinha, né? — Belle disse com uma voz suave, tentando me confortar. — Ela tem você, e você é mais do que suficiente para ela.

Eu fechei os olhos, balançando a cabeça. O apoio era reconfortante, mas sentia que a distância que estava se criando entre nós era algo que não podia ser facilmente resolvido.

— Eu sei, mas... isso não parece suficiente, sabe? Ela precisa mais do que eu posso dar, mais do que eu posso oferecer agora. — Respondi, a voz falhando um pouco.

Marina, que sempre foi mais objetiva, interrompeu com uma calma tranquilizadora.

— Gabi, você tem que confiar nela. Ela vai encontrar a força dentro dela mesma. Não é fácil, mas ela tem você para apoiá-la quando ela estiver pronta para dar o próximo passo. — Ela disse, firme, como quem sabia que as palavras eram verdadeiras.

Mônica, que estava sempre pronta para dar uma opinião prática, falou em seguida.

— Você precisa estar forte para as duas, Gabi. A recuperação dela vai ser difícil, mas você também precisa cuidar de si mesma nesse processo. Não é só sobre estar ali para ela, mas também sobre não se perder no meio disso tudo. — Ela me disse com um olhar sério.

Martyna, sempre sensível, foi a última a falar, sua voz cheia de empatia.

— Às vezes, o melhor que podemos fazer é dar espaço e tempo. Ela vai te procurar quando estiver pronta, e você estará lá, não importa o que aconteça. Não se cobre tanto. — Martyna disse com um sorriso suave, como se soubesse exatamente o que eu estava sentindo.

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