25 - quem sabe, com o tempo.

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29 de outubro; 2024
GABRIELA GUIMARÃES

Enquanto caminhava pelas ruas, tentava organizar meus pensamentos. A briga com Amélia tinha me deixado confusa, e o eco de suas palavras ainda ressoava em mim. Eu estava tão determinada a conhecê-la que, em vez disso, parecia ter criado uma divisão ainda maior entre nós.

Gabriela Braga Guimarães, a detetive emocional, pensei ironicamente. Sempre fui a pessoa que tentava entender os outros, mas agora estava sentindo que havia ultrapassado limites. O que eu fiz? Eu só queria que ela visse que a estava apoiando. No entanto, a verdade era que estava presa em meu próprio desejo de conexão e acabei invadindo sua privacidade.

Olhando para o céu que começava a escurecer, me perguntei: Eu estou sendo egoísta? O que eu queria era entender Amélia, mas será que eu realmente estava levando em conta o que ela estava sentindo? Meus sentimentos estavam emaranhados, e a frustração começava a se misturar à dor.

Talvez ela precise de tempo. Essa ideia se repetia na minha cabeça. Se eu apenas desse espaço a Amélia, talvez ela pudesse processar tudo isso. Eu sabia que ela tinha um passado difícil, e eu não queria ser uma fonte de dor para ela. Ao mesmo tempo, a ideia de deixá-la sozinha me deixava inquieta. O que aconteceria se ela precisasse de mim e eu não estivesse lá?

Decidi que precisaria encontrar um equilíbrio. Estar presente, mas sem pressionar. Uma parte de mim estava cansada, cansada de tentar entender o que se passava na cabeça dela, mas a outra parte ainda acreditava que Amélia era alguém especial, alguém por quem valia a pena lutar. Por que não dar a ela a liberdade de se abrir no seu próprio tempo?

Eu também tinha minhas próprias emoções para processar. A raiva e a frustração que senti na discussão me fizeram perceber que não era só sobre Amélia; era sobre mim também. Sobre como eu lidava com os sentimentos e as expectativas. Eu precisava me perguntar: Eu estou sendo justa comigo mesma?

De volta ao meu apartamento, decidi que, ao invés de mergulhar na autocomiseração, eu procuraria formas de me distrair e me cuidar.

A vida continua, certo? Esse pensamento me trouxe um pouco de alívio. Eu não precisava me fechar em um canto, esperando que Amélia resolvesse suas questões. Mas vez disso, eu poderia encontrar formas de crescer e me fortalecer, independentemente do que acontecesse entre nós.

Chegando em casa, fiz uma pausa antes de entrar. Eu quero Amélia na minha vida, mas não posso fazer isso sozinha. E, mesmo que estivesse um pouco machucada, havia uma centelha de esperança em mim.

E se não? Bem, eu teria que aceitar isso também. Mas não desistiria sem lutar. Amélia era importante para mim, e eu sabia que, se houvesse uma chance de reatarmos, eu estaria disposta a dar o passo que fosse necessário. Agora, tudo o que eu precisava fazer era dar um passo atrás e esperar. E talvez, um dia, ela também estivesse pronta para dar o dela.

Assim que entrei em casa, a familiaridade do ambiente me envolveu, mas a sensação de desconforto ainda pairava sobre mim. Eu precisava me distrair, me manter ocupada, então fui direto para a cozinha. Enquanto preparava um lanche, deixei minha mente divagar. Amélia. Era quase impossível não pensar nela, na frustração que nos separou e na confusão que eu ainda sentia.

Enquanto picava frutas, meu telefone vibrou na mesa. Um alerta de mensagem. Era Paola.

"Oi, tudo bem? O que aconteceu? Você sumiu!"

Uma onda de gratidão me invadiu. Paola sempre soube quando eu precisava de um ombro amigo.

"Não estou bem. Tive uma discussão com a Amélia. Estou confusa."

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