20 de dezembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZEu acordei com uma sensação de vazio, algo que parecia me acompanhar todos os dias desde o acidente. O silêncio da casa era pesado, ainda mais agora que Gabi não estava por perto, e eu podia sentir a distância entre nós como uma parede difícil de transpor. A proposta de Yuri ainda estava na minha mente, ecoando nas minhas decisões, mas algo dentro de mim dizia que eu não poderia ficar aqui, estagnada, sem tentar algo que pudesse me dar uma chance real de voltar para o que eu amava: o vôlei.
Mas ao mesmo tempo, o medo de partir me consumia. Eu sabia que, ao aceitar essa oportunidade de tratamento com o médico do Havaí, minha vida iria mudar de uma maneira irreversível. Não era só o meu joelho que estava em jogo, mas também minha relação com Gabi, com minha família, e com tudo o que construí ao longo desses últimos anos.
O vôlei era tudo para mim. Ele não apenas moldava meus dias, mas também quem eu era, o que eu sentia, o que eu sonhava. Cada treino, cada jogo, cada lesão e vitória faziam parte de mim, e agora, com essa incerteza pairando no ar, eu não sabia mais quem eu seria sem isso. Será que eu conseguiria me recuperar? Voltar ao meu melhor? Ser a jogadora que todos esperavam que eu fosse, que eu mesma esperava ser?
E, além disso, o que aconteceria com minha vida fora das quadras? Com minha relação com Gabi? Ela era o único ponto de equilíbrio em meio a todo esse caos, mas pensar no futuro me enchia de medo. Eu não queria que ela esperasse por mim, que sentisse a obrigação de se prender a alguém que, talvez, não pudesse oferecer tudo o que ela merecia. Mas, ao mesmo tempo, só a ideia de perder ela era insuportável. Como lidar com a possibilidade de que, nesse momento, eu pudesse estar caminhando para um futuro sem vôlei e sem ela?
Levantei da cama com dificuldade, sentindo cada passo pesar mais do que o anterior. O joelho ainda estava longe de ser o que eu esperava, e eu sabia que o caminho da recuperação seria longo. Mas havia algo que me impulsionava, algo que me fazia acreditar que, se eu fosse ao Havaí, talvez houvesse uma chance de eu voltar a ser quem eu era, a jogadora que eu tanto amava ser.
Passei pela cozinha sem realmente ver nada ao redor, meu foco estava nas minhas próprias inseguranças. A mensagem de Gabi ainda estava aberta no meu celular, e eu hesitei por um instante antes de decidir responder. Ela me amava, isso era claro, mas o medo que ela demonstrava em esperar por mim também estava claro. Ela queria estar ao meu lado, mas eu não sabia por quanto tempo poderia pedir isso.
Sentei no sofá, minha cabeça cheia de pensamentos conflitantes, e mandei uma mensagem para Yuri, dizendo que estava considerando a proposta. Eu sabia que, ao fazer isso, estaria tomando uma decisão importante, mas ainda assim, me sentia perdida em meio a tudo o que estava por vir.
O dia passou devagar, e eu sentia uma angústia crescente. Não queria afastar Gabi, mas também não queria que ela se sentisse pressionada a esperar por mim. Ela merecia mais do que isso. Eu merecia mais do que isso. Mas a dúvida me consumia. Estaria eu realmente fazendo a escolha certa?
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Missão impossível
FanfictionAmélie Martinez, uma jovem jogadora de vôlei talentosa, recentemente medalhista de ouro nas Olimpíadas, encontra-se diante de uma importante decisão em sua carreira: escolher o clube onde continuará a brilhar. Ela opta pelo renomado Imoco Conegliano...