Missão impossível

2 - Flashback

11 de agosto; 2024
A entrega das medalhas.
AMÉLIA MARTINEZ

depois da cerimônia de entrega das medalhas era marcada por adrenalina e uma mistura de emoções. Eu, Paola e algumas outras jogadoras estávamos praticamente sozinhas no ginásio, enquanto as outras atletas e comissão técnica já haviam deixado o local. As medalhas de ouro estavam no pescoços da seleção italiana, isso para mim é surreal, enquanto o som do nosso respiração era a única coisa que se ouvia na quietude do ambiente.

Eu ainda estava com a medalha de ouro pendurada no pescoço, enquanto trocava olhares entre Paola e as outras colegas. Uma sensação de realização, de vitória e de alívio percorria todo o meu corpo. Era o pináculo de um ano inteiro de treinamentos intensos, de sacrifícios e de foco.

Paola se aproximou de mim, apoiando as duas mãos em meus ombros e olhando profundamente nos meus olhos. Ela sempre foi uma pessoa expressiva, então era fácil imaginar o orgulho e a satisfação que ela sentia naquele momento.

— está tudo bem agora, princesa. você conseguiu! comandou esse equipe como ninguém! você é o meu orgulho. — ela sussurrou suavemente , enquanto se aproximava mais de mim. Era clara a emoção em sua voz, a forma como a palavra "princesa" saía de seus lábios com um tom carinhoso.

Eu acenei com a cabeça, quase sem palavras para expressar o que eu sentia. Era um misto de felicidade, alívio e sensação de dever cumprido. Paola sempre tinha aquela maneira de me acalmar e me fazer sentir apoiada, mesmo em momentos de muita pressão, como aquele.

Paola então me puxa de encontro ao seu peito, me envolvendo em um abraço apertado, que parecia conter tanto orgulho e amor. Eu retribui o abraço, apoiando a cabeça no peito dela, escutando os batimentos baixos e regulares de seu coração. quando nós separamos, observei de canto de olho a Gabi se aproximando

Gabi se aproximou de nós duas, segurando ainda a medalha de bronze no pescoço. Havia um olhar de admiração e respeito em seus olhos enquanto olhava para mim. Era evidente que ela tinha a maior estima por nossa vitória e pelo que alcançamos como um time.

— Parabéns pela medalha, vocês duas foram incríveis — ela disse calmamente, enquanto parava ao nosso lado. Sua voz parecia calma, mas eu podia detectar um leve toque de emoção nas palavras. ela parou por um tempo, parecendo ponderar o que diria a seguir.

— o jogo foi um espetáculo de se assistir. — ela finalmente completou, enquanto encarava nossas expressões. Eu podia notar um brilho de sinceridade em seus olhos enquanto falava. Era quase como se houvesse uma corrente invisível entre nós três naquele momento, uma conexão que havia sido reforçada pela energia das Olimpíadas.

Paola soltou uma risada suave enquanto apoiava a mão na cintura de Gabi, uma expressão de diversão em seu rosto. — Eu sei que você também teve um papel importante na sua equipe, minha pequena. Parabéns por isso.— ela disse com um tom de provocação.

A expressão de Gabi se suavizou um pouco com as palavras de Paola, como se houvesse uma brincadeira amistosa entre as duas. Eu observei a interação entre elas, sentindo a familiaridade e confiança que já existia, devido à temporada que passamos no mesmo time.

— Eu só fiz o que pude. — Gabi respondeu, alisando a sua medalha de bronze no pescoço. Havia uma leveza em seu tom de voz, enquanto ela parecia se divertir com as provocações de Paola.

— Só o que pôde? — eu falei, enquanto levantava uma sobrancelha de forma irônica. — você praticamente foi a razão do Brasil ganhar aquele jogo.

Os olhos de Gabi se iluminaram com minhas palavras, enquanto uma expressão de surpresa tomava conta de seu rosto. Era evidente que ela não estava esperando que eu elogiasse tão diretamente suas habilidades.

— É verdade — Paola adicionou, com um sorriso brincalhão em seu rosto. — Você foi um verdadeiro bicho-papão naquele jogo, Gabi.

O rosto de Gabi ficou bem vermelho com os elogios, mas ela rapidamente recuperou a compostura e riu suavemente. — Eu só estava fazendo meu trabalho— , ela respondeu, tentando se mostrar humilde.

— Você sempre consegue minimizar seus talentos, não é mesmo? — Paola provocou, enquanto colocava a mão no ombro de Gabi, num gesto carinhoso.

A expressão de Gabi se suavizou ainda mais com a mão de Paola apoiada em seu ombro. Era quase como se ela tivesse um ponto fraco para os toques gentis da italiana, mas a interação acabou rápido quando a equipe da Gabi chamou ela, e teve que se despedir da gente. O primeiro puxou a Paola para um abraço e sussurrou algumas coisas no ouvido, depois ela se virou pra mim abrindo um meio sorriso e juntamente abrindo os braços para um abraço 

Eu retribui o abraço de Gabi, abraçando-a com força. Havia um misto de admiração, respeito e familiaridade em nosso abraço, devido aos nossos tempos juntos no campo. Senti uma breve corrente elétrica percorrer meu corpo enquanto nossos corpos se tocavam, mas tentei afastar aquele sentimento estranho.

— Parabéns novamente. Você foi incrível.— eu sussurrei suavemente

Gabi sorriu, seu rosto ainda ligeiramente corado. — Obrigada. E você sempre vai ser uma capitã incrível, nunca se esqueça disso.— Ela disse, enquanto começava a se afastar em direção ao restante da equipe dela. Depois de alguns passos, ela se virou novamente, me encarando diretamente nos olhos, então sorriu novamente, antes de se juntar as amigas brasileiras

Paola se aproximou de mim novamente, e pude perceber a expressão astuta em seu rosto.
— eu vi hein

Eu me virei para ela, levantando uma sobrancelha, fingindo desinteresse. — O que você viu, exatamente?

— aquele olhar que você deu para a Gabi. não tente se fazer de desentendida, princesa. — Paola disse com um tom jocoso, enquanto apoiava as mãos na cintura.

Senti o rubor subindo em meu rosto com as palavras de Paola. Mas tentei disfarçar o desconforto, levantando os ombros de leve. — não sei do que você está falando. — e sai de perto dela