13 - quem é ela?

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17 de outubro; 2024
Dia do jogo
AMÉLIA MARTINEZ

O dia do jogo finalmente havia chegado, e a empolgação no meu peito era como uma corrente elétrica, difícil de conter. Levantei com o primeiro toque do alarme, sentindo um misto de nervosismo e antecipação vibrar sob a pele. Era como se todas as horas de treino e planejamento culminassem naquele momento. Eu sabia que hoje seria decisivo.

Após um café da manhã rápido, apesar do estômago revirado, fiz o caminho até a quadra com passos firmes. O som dos meus tênis contra o asfalto parecia sincronizar com meu coração acelerado. Eu repassava mentalmente as jogadas, revisando cada detalhe para me preparar. Não podia haver erros.

Ao chegar, encontrei minhas colegas de equipe já se aquecendo, alongando-se e trocando olhares de expectativa. Gabi estava entre elas, com seu sorriso confiante e aquela presença que sempre me dava segurança. Ela era como uma âncora, e seu jeito descomplicado me fazia acreditar que tínhamos o controle, mesmo quando o jogo parecia fugir de nós.

— Vamos arrebentar hoje, — disse ela, me lançando um olhar cheio de ânimo. — Tô contando com você.

Sorri de volta, tentando esconder a leve ansiedade que me invadia. — Pode deixar. Vamos dar nosso melhor.

Enquanto me alongava, o nervosismo parecia querer se apoderar de mim, mas eu o empurrava para longe. Respirei fundo, tentando canalizar aquela energia para o foco. Precisava estar no meu ápice, e sabia que, ao lado de Gabi, teríamos uma chance real.

O técnico reuniu o time para revisar as jogadas. Ele falava com um tom de confiança, e eu absorvia cada palavra como se fossem instruções de uma missão. Meus olhos, no entanto, não resistiam a desviar rapidamente para Gabi, que me lançou um olhar cúmplice. A conexão entre nós era palpável, e eu sabia que aquele olhar significava que estávamos prontas.

Ao fim da conversa, cada uma de nós assumiu sua posição na quadra, e o silêncio antes do apito era quase ensurdecedor. Meu coração martelava no peito, mas quando o som da bola batendo no chão ecoou, o mundo pareceu desacelerar, e tudo se resumiu àquela partida.

O jogo começou a toda velocidade, e logo percebemos que não seria fácil. Cada ponto era disputado com unhas e dentes, mas a nossa equipe se mantinha forte. Eu estava determinada a não deixar o nervosismo me dominar. Era tudo sobre manter o controle, sobre confiar no treino, confiar no time.

Num dos momentos mais intensos do jogo, percebi uma brecha na defesa adversária. Sinalizei discretamente para Gabi, que captou imediatamente. Nós duas já havíamos treinado aquela jogada. Era arriscada, mas se desse certo, nos colocaria à frente.

Gabi se posicionou e, quando a bola veio, saltou como se estivesse em câmera lenta. A perfeição do movimento foi indescritível. Seu corpo suspenso no ar, a mão encontrando a bola com precisão cirúrgica, mandando-a para o outro lado da quadra. Um segundo depois, o som estrondoso do ponto ecoou pelo ginásio, seguido pelo grito da torcida. O time inteiro explodiu em comemoração, mas tudo o que eu conseguia ver era Gabi.

Ela me olhou, ofegante e sorrindo, e por um momento senti que estávamos só nós duas ali, no meio da quadra. Corremos uma em direção à outra e nos abraçamos com força, como se aquele ponto fosse o início de algo ainda maior. "Sabia que ia dar certo," ela sussurrou, e eu ri, aliviada. A adrenalina pulsava em nossas veias, e não havia espaço para dúvida.

À medida que o jogo avançava, a pressão só aumentava. O placar estava apertado, e cada jogada poderia definir o resultado. O técnico pediu tempo e nos chamou de volta.

Sua voz estava firme, mas havia uma clara urgência. — Gabi, Amélia, vocês precisam executar aquela jogada agora. É a nossa chance de virar.

Eu e Gabi trocamos um olhar intenso, sem necessidade de palavras. Sabíamos o que precisávamos fazer. Voltamos para a quadra, cada passo calculado. A bola subiu e, quando vi a oportunidade, sinalizei. Gabi reagiu como se soubesse exatamente o que eu estava pensando. Ela saltou novamente, mas dessa vez com uma intensidade ainda maior. A bola voou sobre a rede, atingindo o chão do lado adversário com uma força imbatível. O ginásio explodiu.

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