10 de novembro; 2024
GABRIELA GUIMARÃESO dia está corrido, como sempre. mais uma vez estou aqui, suando a camisa no treino. O ginásio está com aquela luz branca forte, refletindo nas paredes e no chão como se todo o espaço estivesse em alerta, preparado para cada movimento. Já estou com o corpo no limite, mas o foco é inabalável. Não tem como relaxar agora; cada saque, cada bloqueio, cada mergulho no chão faz parte de algo maior.
A pressão está presente, claro, mas hoje, parece diferente. Talvez seja o peso de tudo que anda acontecendo ultimamente, de todas as mudanças e incertezas. E ainda tem ela... Amélia. Os pensamentos dela me acompanham, mesmo que eu tente afastá-los. Uma parte de mim quer focar totalmente aqui, nesse momento, mas é como se ela estivesse nos bastidores da minha mente, sem pedir permissão para entrar.
Sinto o olhar do técnico sobre mim, ele nunca facilita, e eu também não facilito comigo mesma. Quero mostrar que estou pronta, que cada treino conta, que a dedicação é real. A equipe depende de cada uma de nós, mas hoje, especialmente, sinto o peso de ser melhor para mim mesma.
O treino hoje é com Amélia, e a presença dela muda tudo. A energia no ar é palpável. Enquanto nos aquecemos, trocamos sorrisos e olhares que falam mais do que palavras. Há uma conexão entre nós que é difícil de descrever, uma cumplicidade que surge até mesmo nos momentos mais simples, como passar a bola ou fazer um saque.
Começamos a praticar os exercícios de ataque e defesa. Eu a observo enquanto ela se move em quadra, sua habilidade é inegável, cada movimento fluido e preciso. Quando é minha vez de atacar, sinto a adrenalina subir, e a maneira como ela me incentiva traz uma motivação extra.
— Vai, Gabi! Isso! — Amélia grita, e não tem como não sentir meu coração acelerar.
Depois de algumas jogadas, decidimos fazer um desafio amistoso entre nós. Uma disputa para ver quem consegue fazer mais pontos seguidos. A competição é saudável, e a forma como Amélia sorri enquanto me provoca só aumenta minha determinação. A adrenalina e a empolgação nos envolvem, e a quadra se torna o nosso mundo.
Enquanto jogamos, esqueço das preocupações e das pressões externas. É só nós duas, a bola e a paixão pelo vôlei. Cada ponto é uma pequena vitória, e cada risada entre nós faz o tempo parecer fluir de maneira diferente. Às vezes, uma troca de olhares mais intensa faz meu estômago revirar, mas não me importo; estou apenas aproveitando o momento.
No final do treino, estamos cansadas, mas felizes. O suor escorre pelo rosto, mas a sensação de realização e conexão é muito mais intensa.
— Você jogou muito bem hoje — , Amélia diz, e o sorriso dela ilumina tudo ao redor. Respondo com um sorriso tímido, sabendo que, independente de qualquer coisa, esses momentos com ela são os que mais valem a pena.
— Tenho reunião com a comissão técnica agora, preciso ir — diz Amélia, enquanto se seca com a toalha e passa a mão pelo cabelo, fazendo algumas mechas caírem sobre o rosto. A visão dela, ainda ofegante e radiante após o treino, me deixa um pouco sem palavras. — Tchau, beijo. A gente se vê depois?
Sinto um frio na barriga com o toque suave dos lábios dela nos meus, mesmo que tenha sido rápido. É uma despedida simples, mas tem um peso especial. Nossos olhares se encontram por um instante, e é como se o tempo parasse. Eu gostaria que aquele momento durasse mais, que a reunião dela pudesse esperar.
A quadra ainda está quente, e o cheiro do suor e do polimento do piso me envolve, mas a ausência dela já se faz sentir. Meus pensamentos são uma mistura de alegria e expectativa. Enquanto ela se afasta, não consigo evitar admirar como a forma como ela se move é tão cativante. Amélia é pura energia, e essa paixão que ela coloca em cada passo me inspira.
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Missão impossível
FanfictionAmélie Martinez, uma jovem jogadora de vôlei talentosa, recentemente medalhista de ouro nas Olimpíadas, encontra-se diante de uma importante decisão em sua carreira: escolher o clube onde continuará a brilhar. Ela opta pelo renomado Imoco Conegliano...