36 - isso parece certo.

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7 de novembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

No dia seguinte, a rotina voltou ao normal. Aquele momento mágico com Gabi parecia um sonho distante enquanto eu me preparava para mais um dia de treino. Acordei cedo, como de costume, com o despertador me arrancando da cama e me lembrando das responsabilidades que eu tinha. Não importava o que acontecesse na minha vida pessoal, o esporte sempre exigia foco, disciplina e uma rotina rígida.

Cheguei ao ginásio ainda com os ecos do dia anterior na mente. Ao entrar na quadra, o cheiro do piso, das redes, tudo isso me trazia uma sensação familiar de casa, mas agora era como se houvesse uma leve mudança dentro de mim. Eu sabia que, mesmo em meio àquela rotina intensa, algo havia mudado.

Durante o aquecimento, troquei olhares com Gabi de longe. Nós duas sabíamos que precisávamos manter a profissionalidade, mas o sorriso leve no rosto dela era impossível de ignorar. Aquele pequeno gesto era um lembrete de que, apesar dos desafios do dia a dia, algo especial havia começado entre nós.

À medida que o treino avançava, eu me concentrei em cada movimento, mas minha mente voltava, vez ou outra, para a o dia anterior. As risadas, o sorvete, o jeito como o sol iluminava nossos rostos ao entardecer... Era difícil ignorar a felicidade que aquilo me trazia.

No final do treino, enquanto tomava um gole de água, percebi que estava sorrindo sozinha. E mesmo que o cansaço físico fosse grande, meu coração estava leve. Sabia que ainda havia muitas barreiras para superar, mas ter Gabi ao meu lado tornava tudo mais suportável.

E assim, enquanto a rotina se mantinha, a promessa de algo novo e emocionante continuava a brilhar, como um ponto de luz no fundo do meu coração.

— Boo! — ouvi uma voz animada atrás de mim, me assustando por um instante. Virei rapidamente, e lá estava Gabi, com aquele sorriso travesso e cheio de charme que eu começava a conhecer tão bem.

— Ai, Gabriela! — exclamei, tentando disfarçar o susto, mas não consegui evitar o sorriso que apareceu em meu rosto. — Vai me dar um ataque do coração assim!

Ela riu, balançando a cabeça com aquele jeito descontraído que sempre a acompanhava.

— Achei que você precisava de um sustinho para acordar! — brincou, me olhando de um jeito que só ela conseguia.

Eu revirei os olhos, mas no fundo, adorava esses momentos espontâneos com ela. Era como se, em meio à rotina intensa e à seriedade dos treinos, Gabi fosse aquela faísca de alegria que iluminava o meu dia.

— O que você quer? — perguntei, cruzando os braços e tentando esconder o sorriso que ameaçava surgir.

Gabi deu de ombros, fingindo inocência, mas o brilho travesso nos olhos dela entregava tudo.

— Quem disse que eu quero alguma coisa? — respondeu, inclinando a cabeça com aquele sorriso que me deixava sem defesas.

Eu suspirei, tentando manter a pose, mas a verdade era que eu adorava quando ela aparecia do nada. A presença dela era sempre um refresco, uma pausa da pressão constante do treino e da rotina.

— Sei... você não engana ninguém — provoquei, arqueando uma sobrancelha. — Fala logo, o que você veio aprontar?

Ela riu, aproximando-se um pouco mais.

— Ok, ok... talvez eu só tenha vindo te sequestrar por alguns minutos. Que tal um café? Ouvi dizer que você fica mais calma depois de uma dose de cafeína.

Eu ri, balançando a cabeça.

— Você não tem jeito, Gabi...

Gabi me olhou com um olhar mais intenso, quase sério, como se estivesse lendo cada pensamento que eu tentava esconder. O jeito como seus olhos me encaravam fez meu coração acelerar, e, por um momento, fiquei sem saber como reagir. Aquela intensidade me pegou desprevenida.

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