23 - noite do filme

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28 de outubro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

Era um dia tranquilo e ensolarado, perfeito para um dia de folga. As ruas estavam cheias de pessoas aproveitando o clima, mas eu me sentia um pouco perdida, sem o foco que o treino costumava trazer. Meus pensamentos ainda giravam em torno de Gabi e da confusão que a Ária havia trazido para a minha vida.

Decidi que, ao invés de ficar em casa remoendo meus sentimentos, seria melhor dar uma volta e respirar um pouco de ar fresco. Caminhei sem destino, apenas deixando meus pés me levarem. O sol estava quente, e as árvores balançavam suavemente ao vento. Enquanto caminhava, não pude evitar que flashes de memórias com Ária surgissem na minha mente — risadas, abraços e momentos de felicidade genuína.

Foi quando cheguei a um café que vi um carro esportivo estacionado na calçada. Meu coração disparou ao reconhecer aquele modelo: era o carro da Ária. Uma mistura de ansiedade e nostalgia tomou conta de mim. O que ela estaria fazendo aqui?

Aproximando-me da entrada do café, vi Ária sentada em uma mesa ao ar livre, olhando o menu. Seu cabelo ruivo brilhava sob o sol, e uma expressão contemplativa estava em seu rosto. Por um momento, hesitei. Lembranças do nosso relacionamento e da maneira como tudo havia terminado passaram pela minha cabeça. Mas, afinal, eu não queria ser a pessoa que fugia. Respirei fundo e fui até ela.

— Oi, Ária. — Eu disse, forçando um sorriso.

Ela levantou a cabeça, e seu olhar imediatamente se iluminou. — Amélia! Oi! Que surpresa te ver aqui! — A voz dela era calorosa, e havia uma sinceridade em seu tom que me fez sentir um pouco mais à vontade.

— O que você está fazendo por aqui? — perguntei, tentando manter a conversa leve.

— Eu precisava de um tempo longe da pista e dos compromissos. Achei que um café seria uma boa ideia para relaxar. E você? — Ela me observava, a curiosidade evidente em seus olhos.

— Ah, só estou dando uma volta. Dia de folga, sabe? — respondi, tentando não parecer muito interessada.

Hesitei por um momento, lembrando de tudo o que aconteceu entre nós. Mas, antes que pudesse recuar, Ária fez um gesto com a mão, convidando-me para sentar.

— Você se importaria de se juntar a mim? — ela perguntou, um sorriso nos lábios.

Concordei, e me sentei à mesa, a tensão começando a se dissipar. O garçom chegou, e fizemos nossos pedidos. A conversa fluiu, e, surpreendentemente, era como se o tempo não tivesse passado. Falamos sobre tudo e sobre nada, desde as novidades do time até o que tinha acontecido nas corridas recentemente. Havia um conforto naquele momento que eu não esperava.

Mas, eventualmente, a conversa voltou para nós. Ária me olhou com uma intensidade que me deixou um pouco nervosa. — Sabe, eu gostaria de pedir desculpas por tudo o que aconteceu entre nós. Eu sei que fui... bem, um desastre.

— Não foi só você, Ária. Nós duas contribuímos para aquilo. — Eu disse, tentando ser justa. O que mais me incomodava era a sensação de que ainda havia algo não resolvido entre nós.

— Mas eu sinto falta de nós, Amélia. Não apenas do que tínhamos como namoradas, mas da nossa amizade. — A sinceridade no olhar dela era inegável.

Uma parte de mim queria gritar que eu também sentia falta dela, mas havia uma linha tênue entre amizade e algo mais que ainda me deixava hesitante. — Eu também sinto, mas... tudo ficou muito complicado. Você sabe que já estou tentando seguir em frente.

Ela assentiu, mas a tristeza nos olhos dela era evidente. — Eu entendo. E não quero te pressionar. Só queria que você soubesse que estou aqui, e se algum dia você quiser conversar ou só se encontrar como amigas, eu adoraria.

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