30 - E rápido, Gabi.

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4 de dezembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZ

Acordei com os primeiros raios de sol entrando pela janela, filtrando-se nas cortinas e iluminando o meu quarto. O som do meu despertador ecoava como um aviso de que o dia tinha chegado. Hoje era o dia do jogo, e não era um jogo qualquer; era uma verdadeira batalha. A expectativa me deixava inquieta, uma mistura de adrenalina e nervosismo que pulsava em minhas veias. Levantei-me rapidamente, sentindo a ansiedade aumentar a cada passo.

Enquanto me preparava, o café fumegante que havia feito começava a tomar forma na cozinha, e o cheiro envolvente me ajudou a focar. O plano era simples: eu precisava manter minha mente clara e estar pronta para enfrentar cada desafio que viesse pela frente. Olhei no espelho e respirei fundo, tentando acalmar a tempestade que se formava dentro de mim.

O treino de ontem ainda estava fresco na memória, e a interação tensa entre Gabi e eu deixava um gosto amargo. Sabia que não podíamos deixar nossas diferenças atrapalharem o nosso desempenho hoje, mas a verdade é que, no fundo, estava assustada. O clima na quadra estava denso, e eu não conseguia deixar de pensar que, se não resolvêssemos isso, poderíamos perder mais do que apenas um jogo.

Ao chegar ao ginásio, o ar estava eletrificado. A atmosfera era intensa, cheia de murmúrios, risadas nervosas e o som da bola quicando. Olhei em volta e vi as minhas companheiras de equipe, todas com o semblante determinado, mas notei que a energia entre Gabi e eu ainda estava distante. Ela estava em um canto, conversando com algumas jogadoras, seu sorriso parecia natural, mas eu sabia que por trás daquela fachada, havia um mar de emoções não ditas.

Anna se aproximou de mim, sua expressão seria.

— Você está pronta? — perguntou, o olhar fixo nos meus olhos.

— Estou. — Respondi, tentando soar confiante.

Nos dirigimos para o vestiário, onde uma atmosfera de camaradagem e nervosismo se estabelecia. As jogadoras se preparavam, e eu sentia meu coração acelerar a cada minuto que passava. Sabia que era agora ou nunca. O jogo seria difícil, e precisaríamos de toda a força que pudéssemos reunir. Assim que todas estavam vestidas e prontas, nosso treinador entrou, trazendo uma aura de liderança.

— Meninas, hoje não é apenas um jogo. É uma oportunidade de mostrar quem somos, o que somos capazes de fazer juntas! — Ele começou, e eu o ouvia, tentando absorver suas palavras. — Vamos deixar as diferenças de lado. Precisamos da união, da nossa força, e, mais importante, do foco.

A adrenalina pulsava nas minhas veias enquanto eu olhava para minhas companheiras. Quando nossos olhos se encontraram, senti uma conexão. Sabíamos que, independentemente das nossas dificuldades pessoais, éramos um time.

No momento em que entramos em quadra, o barulho da torcida aumentou e me envolveu, como se estivéssemos em um mundo separado, longe de qualquer problema. A bola começou a rolar, e a tensão era palpável. Assim que o apito soou, deixei tudo para trás. O jogo começou, e, por um momento, consegui ignorar tudo que estava acontecendo fora da quadra.

O primeiro set começou rápido, e, assim como esperado, o time adversário não nos deu nenhum espaço. Cada ponto conquistado era uma luta, e os gritos da torcida criavam um clima de tensão que tornava tudo ainda mais difícil. Gabi e eu começamos a nos comunicar mais, trocando olhares e gestos, como se tentássemos estabelecer um novo entendimento.

No entanto, as coisas não estavam fáceis. O placar estava apertado, e a cada erro cometido, a pressão aumentava. Um erro meu em um saque crítico levou a equipe adversária a ganhar uma vantagem que parecia se tornar uma montanha intransponível. Olhei para Gabi, seu rosto estava carregado de frustração e preocupação. O silêncio entre nós era ensurdecedor.

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