51 - beija, beija!

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24 de novembro; 2024
GABRIELA GUIMARÃES

Era o dia do jogo, e a tensão estava no ar. O vestiário estava mais movimentado do que nunca, as jogadoras se preparando para a partida importante. Embora eu soubesse que Amélia não estaria em quadra hoje, sua presença ao meu lado, como sempre, era uma força que eu não podia ignorar. Ela estava ali, ao meu lado, me dando apoio, mas eu também sabia que a dor de vê-la nos bancos , em vez de estar jogando, era algo que ela estava tentando esconder.

Estava concentrada, colocando o uniforme e ajustando o cabelo, mas a cada olhar em direção a Amélia, eu sentia meu coração apertar. Ela estava sentada no banco, com o joelho enfaixado, mas seu olhar não se desviava de mim. Seus olhos, sempre atentos, estavam focados, e eu sabia que ela estava me passando força, mesmo sem palavras. O time precisava dessa energia, e eu precisava ser forte por ela, por mim, por todas nós.

O calor da quadra era quase palpável, e o som das torcidas ecoava, criando uma atmosfera eletricamente carregada. O time estava alinhado, mas minha mente não conseguia parar de pensar em Amélia, sentada no banco, com o joelho enfaixado, observando cada movimento meu. Mesmo sem estar em quadra, ela estava lá, de alguma forma me guiando, me dizendo sem palavras o que eu precisava fazer.

O apito soou, e o jogo começou. Eu estava em meu posto, na linha de passe, os nervos a flor da pele, mas ao mesmo tempo, focada. O time estava determinado, mas havia uma sensação extra de pressão no ar, sabendo que estávamos jogando para mais do que apenas por nós mesmas – estávamos jogando por Amélia, pela sua recuperação, pela sua força.

O primeiro set foi disputado ponto a ponto, com as duas equipes se pressionando mutuamente. Eu estava concentrada, mas a cada vez que eu olhava para o banco e via Amélia, me sentia ainda mais determinada. Ela me olhava com uma intensidade silenciosa, como se soubesse exatamente o que eu precisava fazer a seguir. Um sorriso discreto, um gesto de aprovação, era tudo o que eu precisava para seguir em frente.

O técnico Santarelli gritava as instruções, mas era o olhar de Amélia que parecia me orientar. Ela estava ali, mesmo não podendo estar em quadra, transmitindo uma força que eu sentia a cada movimento. Eu me sentia conectada a ela de uma forma que nunca tinha acontecido antes, como se, mesmo à distância, ela estivesse jogando comigo.

Eu corri para uma recepção, saltando para salvar um saque forte. O impacto foi intenso, e meu braço tremia um pouco, mas eu sabia que precisava manter o ritmo. O time foi eficiente, bloqueando o ataque adversário. O público se levantou com a defesa, e no fundo da quadra, vi Amélia vibrando, um sorriso largo no rosto.

— Isso mesmo! — ela gritou, embora o som de sua voz fosse abafado pelo barulho da torcida. — Vamos, Gabi, não pare!

Aquelas palavras me deram forças. Eu sabia que ela acreditava em mim, e aquilo se refletia em cada ponto que eu conquistava para o time. Quando o jogo chegou ao último set, a tensão era insuportável. Estávamos empatadas, e a qualquer momento, o jogo poderia virar. O time adversário estava forte, mas não tanto quanto o nosso desejo de vencer.

Eu estava posicionada para um contra-ataque, e o saque adversário veio com uma velocidade impressionante. Fui rápida, me atirei para a bola, e a recebi no limite. O time reagiu rapidamente, e logo estávamos em uma jogada de ataque. A bola passou pela rede com uma força incrível, e o último ponto foi nosso. O som da torcida, a vibração do time, tudo parecia se misturar em um único momento de pura alegria.

Olhei para o banco, onde Amélia estava de pé, aplaudindo, seus olhos brilhando com orgulho. O jogo havia terminado, mas eu sabia que nossa vitória era muito mais do que um simples resultado. Era uma celebração de tudo o que estávamos construindo juntas. Então, com o olhar ainda fixo no dela, as meninas do time vieram me abraçar todas juntas, comemorando a vitória com entusiasmo. Eu estava sorrindo, mas o toque delas foi apenas uma distração momentânea.

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