14 - eu quero a proteger

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18 de outubro;2024
GABRIELA GUIMARÃES

Acordei meio desnorteada depois de tudo que aconteceu ontem no restaurante. Muita coisa para pensar, muita coisa para resolver. E Amélia... Meu Deus, eu simplesmente não sei o que pensar sobre ela. As palavras dela ainda ecoavam na minha mente, ela não parecia estar bem, e ainda por cima ela estava mentindo que estava. E eu com isso está misturando-se com a confusão que já tomava conta de mim.

Quando estava prestes a levantar, o meu telefone, ao lado da cama, vibrou com uma mensagem. Paola.

"Gabriela, pelo amor de Jesus! Não deixa a Amélia entrar no telefone por nada nesse mundo, me promete!"

Meu coração acelerou imediatamente. Que diabos estava acontecendo? Paola não era de mandar mensagens assim, alarmada. Fiquei parada, encarando a tela, sem saber o que responder. Era cedo, meu cérebro ainda estava embaralhado, mas algo na urgência daquela mensagem me fez sentir que a situação era séria.

Respondi rapidamente:
"O que tá rolando, Paola? Por que eu não posso deixar a Amélia no telefone?"

Segundos se transformaram em minutos enquanto eu esperava a resposta. A ansiedade começou a crescer, e com ela, veio uma onda de pensamentos. Ontem Amélia e eu tínhamos acabado de ter uma conversa estranha, ela não estava normal, isso já era óbvio. Mas o que isso tinha a ver com o telefone?

O som de uma nova mensagem interrompeu minha linha de raciocínio:

"Twitter. Confia em mim, Gabi, é sério. Depois do jogo de ontem, estão caindo em cima dela com tudo, e conhecendo Amélia ela vai ficar arrasada com isso."

Meus dedos pairavam sobre a tela, hesitantes. O que Paola viu que eu não tinha visto ainda , e isso me deixava em pânico. O que, exatamente, Amélia não poderia ver? Ontem à noite, no restaurante, parecia que tudo estava prestes a desmoronar.

Olhei para o telefone novamente, um sentimento de urgência pulsando em minhas veias. A Amélia. Ela não podia saber. Mas saber o quê?

A tensão no ar estava palpável enquanto eu refletia sobre a mensagem de Paola. A relação entre Amélia e eu havia mudado tanto nas últimas horas que parecia difícil acreditar que tudo ainda estava em pé. Agora, o que acontecia nas redes sociais podia ser mais uma camada de complicação.

Olhei novamente para a tela do celular. A frase de Paola ecoava na minha mente: "Não deixa a Amélia entrar no telefone". O que poderia ser tão prejudicial para ela? Decidi rapidamente buscar o Twitter, a plataforma que Paola havia mencionado. A curiosidade e a preocupação se misturavam em meu estômago.

Com o aplicativo aberto, o feed estava repleto de postagens, memes e comentários que pareciam críticos, ferinos. O que eu não queria ver estava lá, estampado em letras garrafais. As pessoas não estavam apenas discutindo o jogo; elas estavam atacando Amélia pessoalmente, discutindo sua performance e aparência, como se ela fosse um objeto para ser analisado em vez de uma atleta e uma pessoa. Fui rolando o feed, parando para ler as mensagens.

"Desculpa os fãs da Amélia, mas sinceramente ela não jogou tão bem assim. O nível dela abaixou muito depois das Olimpíadas."
"Amélia só tá no hype porque a galera tá shippando ela com a Gabi, mas jogadora mesmo ela nunca foi."
"Celulites e estrias? Eu só vejo uma mulher real. Essas críticas são ridículas, a Amélia é linda de qualquer jeito!"

Meus olhos se arregalaram ao ler algumas das críticas mais duras. A última frase, no entanto, foi como um pequeno alívio em meio ao caos. Algumas pessoas estavam defendendo Amélia, mas não era suficiente para neutralizar o que estava sendo dito.

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