5 de dezembro; 2024
AMÉLIA MARTINEZA noite parecia interminável. Assim que Gabi saiu do quarto, senti o peso da realidade desmoronando sobre mim, como uma avalanche impossível de deter. As palavras do médico ecoavam na minha cabeça, "provavelmente não vai poder jogar de novo." Cada repetição era como uma punhalada, uma lembrança cruel do que eu estava prestes a perder. O joelho latejava de dor, mas nada se comparava ao vazio que estava se formando dentro de mim.
Virei de um lado para o outro na cama de hospital, mas era inútil. A cada tentativa de dormir, um pensamento doloroso surgia, e então vinha outro, e mais outro. Meus olhos ardiam, e a escuridão do quarto parecia mais sufocante a cada minuto.
Depois de um tempo, a falta de ar tomou conta, e senti como se algo estivesse apertando meu peito. Uma angústia esmagadora se espalhava pelo meu corpo. As mãos tremiam, o coração disparava, e, por um segundo, senti como se estivesse afundando em um buraco sem fundo. Coloquei as mãos na cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos, mas eles se recusavam a ir embora. A sensação de fracasso, de impotência, de que toda a minha vida tinha sido jogada fora.
Cobri o rosto com as mãos e tentei me acalmar, mas a crise só piorava. Senti as lágrimas quentes escorrendo sem controle, e soluços abafados escaparam da minha garganta. Não podia acreditar que era real, que aquele era o fim de tudo pelo que eu tinha lutado durante toda a minha vida. O esporte era minha identidade, meu refúgio, e agora parecia ter sido arrancado de mim.
Era madrugada, e o silêncio do hospital só fazia a dor ecoar ainda mais. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não responder. Em meio aos soluços, fechei os olhos, desejando que, de alguma forma, quando eu os abrisse novamente, tudo fosse apenas um pesadelo.
Ali, sozinha naquela cama fria, percebi que talvez o pior não fosse a dor no joelho, mas o medo de que nada mais fizesse sentido.
A tela do celular piscou no escuro, tirando-me por um instante daquela espiral de pensamentos sombrios. Era uma mensagem do Yuri, e, ao ler suas palavras, senti um aperto no peito. Ele está em Paris o fuso horário era diferente por isso mandou mensagem agora. ele é uma das pessoas mais próximas, alguém que sempre esteve comigo nas melhores e piores fases da minha carreira. Vê-lo preocupado assim só aumentava a dor.
"Amiga! Você está bem? Essas notícias são verdade? Que você está no hospital com o joelho machucado."
Segurei o celular por alguns instantes, sem saber como responder. O que eu podia dizer? Que eu estava longe de estar bem? Que a possibilidade de nunca mais jogar estava me destruindo? Respirei fundo e comecei a digitar, mas as palavras não vinham facilmente. Depois de alguns segundos, enviei algo simples, tentando não revelar demais.
"Oi, Yuri... tô no hospital, sim. O joelho foi mais sério do que eu esperava. Ainda não sei de tudo, mas as coisas não estão muito boas."
Ele respondeu em segundos, como se estivesse aguardando minha resposta.
"Poxa, meu bem. Não acredito. Mas olha, qualquer coisa que você precisar, eu tô aqui, tá? Isso vai passar, amiga. Você é forte demais pra deixar isso te derrubar."
Suspirei, tentando absorver a positividade que ele me enviava, mas era difícil. A verdade nua e crua estava ali, me esmagando. Yuri não sabia o quanto eu estava quebrada por dentro, o quanto o medo de perder tudo estava me consumindo. E, ao olhar ao redor do quarto, percebi o quanto aquela dor era solitária.
Logo depois, uma mensagem de Gabi apareceu na tela, me perguntando se eu estava precisando de algo, se eu queria que ela voltasse. Só o fato dela estar tão presente me trouxe um alívio, mesmo que pequeno, como se eu pudesse respirar um pouco melhor. Respondi, dizendo que não queria preocupá-la mais e que ela precisava descansar também. Eu sabia que não conseguiria encarar ninguém agora.
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Missão impossível
FanfictionAmélie Martinez, uma jovem jogadora de vôlei talentosa, recentemente medalhista de ouro nas Olimpíadas, encontra-se diante de uma importante decisão em sua carreira: escolher o clube onde continuará a brilhar. Ela opta pelo renomado Imoco Conegliano...