Jenna Ortega

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Pov S/n Dobrev

*Eu sabia que aquilo ia dar problema. Desde o momento em que o diretor explicou a cena e eu li o roteiro, tive certeza absoluta de que Jenna não ia reagir bem. Não porque ela fosse controladora ou insegura, mas porque... bem, porque ela era a Jenna. E, quando se tratava de mim, ela tinha uma dificuldade enorme em separar a ficção da realidade, por incrível que pareça.

A cena tinha ido ao ar na noite anterior. Eu e o meu par romântico na série tínhamos protagonizado uma cena que era, pra dizer o mínimo, quente. Beijos intensos, troca de olhares carregados, mãos explorando territórios proibidos — o tipo de coisa que fazia os fãs enlouquecerem, mas que, aparentemente, fazia minha namorada enlouquecer de outra maneira.

Quando cheguei em casa naquela noite, o clima estava mais gelado do que o ar-condicionado no máximo. Jenna estava sentada no sofá, com os braços cruzados e uma expressão que, sinceramente, era mais assustadora do que qualquer cena de "Wednesday".

-Oi, amor. -Disse com um sorriso hesitante, tentando medir o terreno.

-Oi. -Ela respondeu sem emoção, nem se dando ao trabalho de olhar pra mim.

Eu sabia que tinha que ir direto ao ponto. Quanto mais eu enrolasse, pior seria.

-Isso é sobre a cena, não é?

Ela riu de um jeito que não me deixou nada tranquila e finalmente levantou os olhos para mim.

-Ah, você acha? -Sua voz era carregada de sarcasmo. -Talvez seja porque eu tive que passar a noite inteira vendo você quase engolir outra pessoa na televisão.

Suspirei, tirando minha jaqueta e me aproximando devagar.

-Jen, é só atuação. Você sabe disso.

-Sei? -Ela arqueou uma sobrancelha, se levantando do sofá. -Porque, do meu ponto de vista, parecia muito real.

-Claro que parecia real! — Respondi, um pouco defensiva. -É meu trabalho fazer parecer real.

-Ótimo, então parabéns! -Ela jogou as mãos para o alto. -Você fez um ótimo trabalho. Tão bom que eu quase acreditei que você estava apaixonada por aquela pessoa.

-Jenna, pelo amor de Deus. -Fui até ela, mas ela deu um passo para trás, evitando qualquer contato.

-Não faz isso, S/n. Não tenta minimizar como eu me sinto.

-Eu não estou tentando minimizar nada! -Falei, frustrada. -Mas você precisa entender que isso não significa nada pra mim. Era uma cena. Um roteiro.

Ela me olhou nos olhos, e pela primeira vez, vi algo além de raiva: mágoa.

-Você sabe o que é pior? -Ela começou, sua voz mais baixa agora. -Não é nem a cena. É o fato de que eu odeio me sentir assim. Odiar o fato de que alguém pode tocar você desse jeito, mesmo que seja só de mentira.

Meu coração apertou. Jenna era orgulhosa e raramente admitia suas vulnerabilidades, então ouvir aquilo dela me deixou sem palavras por alguns segundos.

-Jenna... -Me aproximei de novo, dessa vez ela não recuou. -Você sabe que é você. Sempre foi você. Ninguém mais.

Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior de um jeito que eu sabia que fazia quando estava tentando segurar as lágrimas.

-E se eles forem melhores do que eu? -Ela sussurrou, quase inaudível.

Aquilo quebrou algo dentro de mim. Segurei seu rosto com as duas mãos, forçando-a a me encarar.

-Nunca. -Disse com firmeza. -Ninguém nunca vai ser melhor do que você. Não importa quantas cenas eu faça ou com quem eu atue, ninguém me faz sentir o que você faz.

Ela piscou, e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha. Limpei rapidamente com o polegar, sem tirar os olhos dela.

-Eu te amo, Jenna. -Continuei. -E nada, absolutamente nada, vai mudar isso.

Ela finalmente cedeu, relaxando nos meus braços enquanto escondia o rosto no meu peito.

-Eu odeio que você me faça parecer tão boba. -Ela murmurou, sua voz abafada contra minha camisa.

-Você não é boba. -Disse, acariciando seu cabelo. -Só é apaixonada.

Ela se afastou o suficiente para me olhar, com um sorriso fraco no rosto.

-Promete que vai avisar antes da próxima cena assim?

Ri, sentindo o alívio finalmente tomar conta de mim.

-Prometo. Vou te dar tempo suficiente pra se preparar emocionalmente.

Ela revirou os olhos, mas o sorriso permaneceu.

-Melhor mesmo.

A puxei para mais perto, selando um beijo suave em seus lábios. Era a nossa maneira de colocar um ponto final na discussão, de reafirmar que estávamos bem, apesar de tudo.

Quando nos separamos, ela suspirou.

-Eu sou ciumenta demais, né?

-Muito. -Concordei com um sorriso. -Mas eu gosto.

-Vai gostar menos se eu quebrar a TV da próxima vez.

Rimos juntas, finalmente deixando a tensão para trás. E, naquele momento, soube que, por mais desafiador que fosse, não havia ninguém no mundo com quem eu preferisse estar do que ela.

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749 palavras

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𝕴𝖒𝖆𝖌𝖎𝖓𝖊𝖘 𝖌𝖎𝖗𝖑𝖘Onde histórias criam vida. Descubra agora