capítulo-14

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Sam:





   O céu estava ficando cinza, pude ver as grandes nuvens de chuva que se formavam e iam cobrindo o azul e sentir o cheiro da água que estava prestes a cair. Olhei brevemente pra janela e vi as folhas das árvores balançando e logo alguns colegas de classe fecharam as janelas. O professor já ia dar play no vídeo e eu estava desesperada. Não sabia o que fazer, Ranz não deveria assistir aquela porcaria de vídeo! As luzes se apagaram e o documentário começou, eu ja estava ficando com a respiração enfadada, ele simplesmente estava ali, parado, olhando.  A chuva começou a cair cada vez mais forte, e eu pudia ouvir o barulho das gotas de água que batiam velozes na janela atrás de mim.



"No próximo dia 18 de maio é lembrado pelo Dia Nacional de Luta o Abuso e a Exploração Sexual Infantil. Até o dia 27 de abril, o Serviço de Atenção às mulheres Vítimas de Violência Sexual – (Samvvis) atendeu 138 atendimentos, sendo que 108 foram feitos a crianças de zero a 15 anos, ou seja quase 80% dos casos envolvem crianças e adolescentes.  

No ano passado, foram realizados 341 atendimentos de corpo de delito que depois foram encaminhados para psicólogos, ginecologistas e assistentes sociais, em caso de estupros, destes 263 foram em crianças de até 15 anos.

De acordo com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), uma média de duas a três denúncias de abuso sexual são recebidas por dia. E a maioria dos acusados são pessoas conhecidas das vítimas, sendo a maioria, de acordo com o juiz Almir Adib Tajra, da 7ª Vara Criminal, familiares e vizinhos.

A psicóloga Kislley Sá Urtiga afirma que as crianças não tendem a denunciar porque infringem os sofrimentos e danos as elas por quem deveria dar proteção. 

Essas crianças tendem a apresentar diversas mudanças de comportamento. “Os sintomas variam desde apatia, ansiedade, depressão, timidez, agressividade, sexualidade exacerbada, ansiedade, depressão, distúrbio de personalidade, uso de drogas, risco de suicídio, falta de apetite, isolamento, comportamentos hostis, fadiga crônica, medo, insônia, baixa autoestima, somatização de doenças, falta de expectativas no futuro, entre outros”, destacou a psicóloga.

Veja entrevista com a psicóloga sobre os traumas que a violência pode provocar numa criança:

1. Por que as crianças tendem a não contar o fato?

 

Porque infringem sofrimentos e danos a criança, exercidos, geralmente, por adultos que deveriam ser, a princípio, os responsáveis pela segurança, supervisão e proteção. No entanto, falham nessas tarefas, não estabelecendo relações recíprocas e apresentando desequilíbrio nas funções relativas ao poder. 

2. É possível perceber que a criança sofre de abuso sexual? Como? Há mudança de comportamento, especifica?

 

A violência sexual corresponde aos atos de natureza sexual impostos a uma criança ou adolescente por um adulto que explora seu poder hierarquicamente superior, sob a forma de assédio verbal, invasão de limites corporais ou psicológicos com toques ou palavras e relações sexuais genitais, orais ou anais. No abuso sexual, as atividades sexuais não estão sintonizadas com o nível de desenvolvimento do adolescente, o qual é incapaz de dar o seu consentimento. 

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