capítulo-22

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Sam:

        O sol estava alto quando corri até a sala da casa deles. Logo ao entrar, vi Marisa, a mãe de Ranz sentada em uma poltrona onde Brant se encontrava sentado no braço da mesma. O pai deles se sentava no sofá adjacente a poltrona e de frente pra TV.  Todos me olharam como se vissem Jesus descendo do céu e ela veio até mim com um olhar de esperança.

             — como ele está?! - pergunto segurando os braços de Marisa com força.
             — Não sei... - sinto o desespero em sua voz - Ja fazem três dias que ele se trancou naquele quarto, ouvimos ele quebrar tudo lá dentro, e... Se entrássemos a força seria pior. Ele não tem comido, eu nem sei... Tenho medo de abrir aquela porta e ver alguma coisa ruim! Por favor, faça ele sair, eu te imploro, aqui, a chave do quarto dele!! - ela chora.

      — Calma... Calma. - eu respiro fundo - Eu vou lá.  Fiquem aqui, qualquer coisa, eu...Eu, grito!

      Eu solto os braços dela, e subo as escadas. Ao olhar momentaneamente pra trás vejo o Hugo o pai dele, consolar Marisa, que se afunda em suas lágrimas. Tomando coragem subo as escadas aumentando o ritmo da minha respiração, na verdade nem sei qual o quarto dele, vou tentar abrir todas as portas e ver qual delas está trancada.

      No final das escadas, vejo um enorme corredor do lado direito cheio de portas e do outro uma grande sala de TV com um lustre de luzes amarelas no meio.  Começo a abrir porta em porta, e todos os quartos estão vazios, até a quinta porta que quase bato meu nariz com toda força vendo que ela não abre. Bato, e espero, sinto um vento gelado passar por baixo da porta, vento de ar condicionado, encaro as chaves que dona Marisa me deu do quarto e à enfio no trinco girando lentamente até senti-la destravar.


        Um vento extremamente gelado bateu no meu corpo me fazendo arrepiar. De frente pra porta, havia uma grande porta de vidro que dava pra uma varanda coberta por enormes cortinas cor vinho, que deixavam o quarto totalmente sem luz,  a não ser um pequeno feixe de luz que entrava pelo meio delas.  Todos os objetos do quarto estavam espatifados no chão. Vidros quebrados, livros rasgados, e um abajur que estava destruído no meio do quarto, um caos. Olhei em volta e não podia enxergar direito até ir a porta do banheiro e abri-la dando uma luminosidade melhor, me deixando enxergar com mais clareza. Havia uma cama no meio do quarto e duas mesinhas de cabeceira uma em cada lado. Do lado oposto da cama ao que eu estava, vi, encolhido entre a cama e a mesinha, Ranz. Ele estava enrolado em um cobertor deixando apenas seu rosto visível. Estava pálido, e o olhar estava sem vida, nem se quer ainda tinha se dado conta  que eu estava ali no quarto com ele. Me aproximei lentamente dando a volta na cama e me ajoelhando em sua frente, com um nó na garganta me sufocando. Ele nem se quer me olhava, estava atônito, sem reação apenas olhando pro nada, perdido. Finalmente  tomei coragem e consegui falar alguma coisa.

     — E- eu... - Respiro fundo engolindo o choro - posso, ficar aqui com você? - falo baixinho.

        Fico apenas esperando alguma reação dele, que não tira seu olhar do vácuo. Espontaneamente, ele abre os braços segurando o cobertor. Demoro um pouco pra me dar conta  que ele reagiu. Engatinhando, vagarosamente vou até ele e me sento em seu colo, encolhendo os ombros o máximo o possível pra perto dele, descansando minha cabeça em seu ombro e meu rosto colado em seu pescoço. Ele então fecha os braços envolvendo nós dois no cobertor que ficamos naquela posição sem dizer nada, por muito tempo.

       Posso ouvir o coração dele batendo lentamente, e sentir seu maravilhoso cheiro mais perto ainda. Quanto mais o tempo passava, mais sentia Ranz me apertar e encolher sua cabeça pra perto do meu rosto. Fecho meus olhos e apenas aproveito o momento, de estar perto dele e perceber que ele não tinha feito nada de mal a si mesmo. Ficar assim, só faz eu amar ele mais ainda, e todos os dias, eu queria que ele me abraçasse assim.  Me senti tão aliviada de ver ele bem fisicamente naquele momento.

Apenas Um ToqueOnde histórias criam vida. Descubra agora