capítulo-65

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Luke:





       Ranz havia combinado com todos nós como faria naquela noite, assim que eles saíram da festa  pegamos a limousine e seguimos atrás, ass esperamos no porto até que o barco voltasse pra nos pegar. Foi uma noite incrível, acredito que sempre que formos lembrar de nossa juventude, aquele será um momento que nunca nos irá sair da cabeça. Faltava pouco pra que o Sol começasse a nos iluminar com seus primeiros raios matinais, e foi quando pedi pra que eles parassem e se sentassem perto de mim, pra que eu anunciasse minha partida.

        — Primeiro de tudo... - começo a falar enquanto tenho a atenção de todos voltada pra mim. - Pelo pouco tempo que eu estive aqui, equivale a quatro meses, quero agradecer por conseguirem se tornar tão importantes pra mim. Foram os melhores amigos que fiz na vida, e olha que modéstia parte, sempre fiz amizade fácil. - Brinco.
       — Cara, sério?! Parece até uma despedida, corta essa. - Sally fala impaciente.
       — É uma despedida Sally... - confirmo a suspeita dela.
       — Você não tá morrendo não né?! - Ana me olha com receio.
       — Não! Calma gente! - solto uma risada das caras assustadas deles. - Eu vou voltar pra Inglaterra no voo das 8:00 de hoje. Provavelmente, assim que sairmos desse barco, vou direto pro aeroporto. - Falo ao olhar o relógio e perceber que já eram 5:30 da manhã.
       — Pra Inglaterra...? - Ted me olha sem entender. - Por quê?
       — Ele e a Lisa não tem se dado bem. Então, pra evitar preocupações, ou que esse problema se torne uma bola de neve, Luke decidiu ir embora.  - Ranz responde por mim.
       —  Você já sabia?! - Sam pergunta decepcionada. - Por que não contaram?
       — Não queria aproveitar meu último tempo com vocês com esse sentimento de partida imediata. Mas eu acredito que um dia a gente se veja de novo... Só não sei quando. - Falo com um nó na garganta.
        — Então... Vamos aproveitar esse pouco tempo que nos resta com Luke. Eu sei que é gay pra caramba... Mas podemos nos abraçar em grupo?! - Sally pergunta já com os olhos encharcados.
   

         Todos se levantam, e vão se unindo de pouco em pouco em um bolinho de pessoas, até que já estávamos uns envolvidos nos braços dos outros. Despedidas são cruéis, por que de certo modo, você está pondo um ponto final em algo que ama por tempo indeterminado. Realmente não sei, quando verei essas pessoas com quem eu me apeguei tanto de novo. Mas espero que mesmo que o tempo passe, nosso sentimento de amizade e nem nossas memórias se apaguem.






        Durante anos da minha vida, me perguntava: "por que pela minha irmã?!".  Eu queria amar ela dessa forma, mas eu nunca me senti conectado com ela dessa forma. Pesquisei sobre isso, e por mais que seja estranho, é muito comum esse tipo de coisa acontecer entre uma família. A questão, é que o sentimento de repugnância é tão grande que tenho raiva de me olhar no espelho. O que é mais difícil, é conviver com a culpa, o tempo todo, e viver em silêncio, por que os olhares das pessoas ao descobrirem seriam um pesadelo sem fim.




       O que eu menos queria, é que minha estupidez destruísse minha família. O choque da minha mãe e do meu pai, a vergonha... E pior ainda, ter que me afastar dela, como estou fazendo agora. Infelizmente, deixei as coisas fora de controle e não consegui me conter. A pressão de esconder isso já era tão grande, e eu ainda tinha que aguentar ver ela com ele. Foi tão cruel que em um certo ponto, meu eu interior não aguentou e gritou.




       Já está tudo resolvido, e assim que chegar a Inglaterra, vou arrumar minhas coisas e me mudar pra Austrália. Vou morar com o irmão mais velho do meu pai, o tio Paul. E se um dia eu voltar a ver Lisa, será quando eu já estiver casado e melhor ainda se eu já tiver filhos. O que eu espero que também acontece com ela, assim nada mais poderá ser mudado.


Apenas Um ToqueOnde histórias criam vida. Descubra agora