Sam:
Cheguei na escola faz pouco tempo, todos já estão aqui inclusive Ranz. Dei bom dia por educação, mas ele não respondeu, e agora ele está dormindo na carteira. Estou agindo normalmente, fingindo que estou bem, não quero demonstrar minha tristeza. Ted está falando alguma coisa, mas eu apenas vejo ele falar, meus pensamentos não me permitem ouvir qualquer coisa. O professor começou a aula, e ele ainda dormia, o velho Gomes estava ficando irritado com ele, mas eu não o avisei. Ele se aproximou de Ranz e cutucou o ombro dele com a ponta do dedo indicador.
— Você acha que aqui é sua casa rapazinho?! - ele repousa as mãos atrás das costas.
Ranz estava de capuz, ele levantou o rosto devagar com aquela expressão odiosa dele e ao mesmo tempo horrorizada.
— Já disse...- ele fala com uma grande raiva - Não encoste suas mãos em mim!
— Saia da sala! - o professor fala com firmeza.
— com todo prazer...- Ranz reverencia ironicamente, e depois da um tapa no livro derrubando ele no chão.Ele voltou a ser exatamente como era no começo de tudo. Eu não posso mais fazer nada, eu preciso apenas fingir que está tudo bem. Naquele dia, ele não se sentou com nosco, nem do dia seguinte, e nem no outro, e nem no outro... Até que ele não falava mais direito com nenhum dos outros. Ted e Jena eram os únicos de quem ele não se separava, o urso as vezes ficava com a gente, e as vezes com ele. Jena estava sempre ao seu lado, o tempo todo. Ele não parecia sentir nossa falta, e eu já não sabia mais reconhecer as suas expressões, e mais uma vez ele era só uma casca vazia. Pra gente, tudo se tornou estranho, o intervalo não era mais tão empolgante, nós não sabíamos lidar com a falta dele naquela mesa. De vez enquando eu ia à estufa, e passava um bom tempo com Luke cuidando das plantas pra tentar esquecer.
Já fazem duas semanas que não nos falamos. Dizem que esses sentimentos passam depois de um bom tempo, e sinceramente eu não sinto nenhum progresso em mim. Eu e Ranz nos tornamos dois estranhos que nem se que se olham na cara. Ele deve me odiar tanto, e essa sensação de ser odiada é terrível, me sinto uma droga. Agora eu estou com Ted e Luke aqui em casa, eles tem vindo aqui todos os dias, Victoria faz comidas gostosas pra gente sempre. No momento eles estão brincando de queda de braço, tem feito isso a semana toda, mal seguram um balão na mão de dor nos bíceps.
— Eu vou ganhar dessa vez! Vou te fazer chorar igual uma garotinha. - Ted zoa Luke.
— Você disse isso ontem, e te venci três vezes! - Luke tira onda.
— Vocês deveriam parar com isso e vir aqui comer meu Pudim! - Victoria grita da cozinha.
— To indo! - me levanto do sofá e desligo a TV.
— Deixa só eu vencer...- Ted faz força pra bater a mão de Luke na mesa.Reviro meus olhos e vou pra cozinha, pego uma xícara no armário e coloco um pedaço do doce. Depois daquilo os outros dois vem e se sentam na mesa também, ficam rindo e brincando um com o outro sobre a queda de braço. A propósito, Luke venceu de novo. Eu apenas observava eles e me divertia com as brincadeiras.
— Vamos sair qualquer dia pô! - Ted sugere pra nos dois.
— Acho uma boa idéia, abriu uma sorveteria nova na cidade. - Luke fala empolgado.
Me lembrei daquela vez em que eu e Ranz fomos na sorveteria. Um dia antes eu tinha passado duas horas na chuva esperando por ele e então, pra não guardar nenhuma culpa ele quis me levar pra tomar sorvete. Ficamos horas conversando sobre muitas coisas, Ranz usava poucas palavras pra se expressar, mas eu ainda sim conseguia compreender um pouco. Depois daquilo nos atravessamos a pracinha, e nos sentamos em um banco. Foi quando ele me relatou um dos tristes episódios de sua infância. Me lembro de ter sentido um impulso e abraçado ele com força. Agora eu compreendo, que na verdade eu queria ser consolada por me sentir triste, eu não estava tentando consolar Ranz, só queria me sentir menos pior. Ele sempre teve um abraço muito caloroso, e eu não entendo como tudo o que passei com ele pode ter sido ilusão da minha cabeça.
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Apenas Um Toque
RomansaSam é uma garota animada, divertida e cheia de amigos. Ranz é um cara isolado, cheio de fantasmas que o impedem de se socializar. Ele odeia ser tocado e Sam vai fazer de tudo pra quebrar os muros que o cercam. Se gostar da história deixe o seu voto...