capítulo-27

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Brant:


                    No carro, o clima tinha ficado talvez um pouco pesado.  Mas essa garota é tão irritante, sempre me trazendo problemas. Eu sou sempre muito paciente, mas sério, se ela fosse um cara eu já teria socado ela. De qualquer forma eu não deveria ter gritado tão agressivamente daquela forma, tenho que me manter calmo, além do mais, ela é só uma criança mesmo então vou tentar me controlar.

                —Me desculpa por ter agido daquela forma - ela quebra o silêncio - eu não sou muito paciente.

                —Tanto faz - respondo friamente - vou evitar me encontrar com você, sempre acabo me ferrando.

             — Também não precisa falar assim! — Ela fala aborrecida com os braços cruzados - Você que é todo cheio de si.

             —Eu ainda não esqueci da minha moto. 

             Quando falo isso, Sally não diz mais nada, Só encosta a cabeça no vidro do carro e fica olhando pra rua.  Assim que chegamos na casa dela, ela sai do carro e fecha a porta com força, demonstrando grande irritação. Mayson fica esperando que ela entre em casa, mas as luzes estão todas apagadas, e ela passa vários minutos batendo na esperança de que alguém abra. Ao que parece não tem ninguém e Sally acaba voltando pro carro. Nem os pais dela, nem a irmã estavam em casa, e também não atendiam suas ligações, nem a chave da porta não tinham deixado. A rua da casa dela era muito pouco iluminada, cenário perfeito pra um daqueles filmes de terror como Halloween ou os do Jason. Depois de ficarmos uns 20 minutos ali parados enquanto ela tentava ligar sem parar pros pais, Sally pediu para que à deixassemos na casa da garota que meu irmão gosta. Por incrível que pareça, na casa dela também não havia ninguém, pelo que parece, ela a mãe e o amigo delas tinham ido pra uma pizzaria. 

           — Pelo que parece vou ficar na rua... — ela fala desanimada.

           —É né. Uma pena!   - falo em tom debochado.

           — Por que a senhorita não fica em nossa casa? - Mayson fala sorridente olhando pro espelho - Tenho certeza que Ranz ficaria feliz em receber uma amiga!
           — O que?! - falo indignado.
           — Eu gostaria muito Mayson! - ela responde antes que eu possa recusar a presença dela em minha casa.

      Quando chegamos, meus pais estão no plantão, a maioria dos empregados já se recolheram e Ranz está no quarto. Assim que avisei à ele os dois ficaram conversando na sala e eu fui direto pro meu banheiro tomar um banho pra tirar aquele fedor da cadeia. Desci e me sentei ao lado de Ranz, liguei o vídeo game e fiquei lá brincando enquanto os dois continuavam a conversa sobre bobagens escolares.
        

           Em um certo momento eu percebi que as expressões amigáveis pareciam forçadas. Como se ela só estivesse sendo legal pra não demonstrar alguma tristeza que sentisse. Não sei se foi pelo fato de eu ter sido grosseiro, se eu posso ter deixado ela ressentida.  Mais tarde, depois de umas duas horas, já estava dando quase 22:30 da noite e ela não tinha nem notícias dos pais.

       — Pelo visto ela vai dormir aqui de novo... - falo sem tirar a atenção do vídeo game, deixando escapar sem querer.
       — Como assim "de novo"? - Ranz é esperto, óbvio que perceberia o sentido da frase.
       — O que?! - tento me fazer de desentendido.
       — Você disse que Sally teria que dormir aqui de novo, que eu saiba você nunca dormiu aqui né Sally? Na verdade, essa é a primeira vez que vem aqui não? - Ranz parece agente do FBI, antes ele não falava, agora não cala a boca mais.
       — B-bom, acho que ele falou errado. Ou então você não entendeu! - Sally tenta explicar.
       — Deixa pra lá. Vou pedir pra alguém arrumar o quarto pra você. - Ranz sai da sala nos deixando à sós.

        Sally se levanta e vem até mim dando um tapa atrás da minha cabeça. Ela tira o controle da minha mão e coloca em cima da mesinha enquanto cruza os braços.

      — Ta maluco? Como deixou escapar que eu já tinha dormido aqui?
      — Foi mal - falo pegando minha carteira de cigarros - falei sem querer.
      — aff! Esquece, eu quero ir pra casa...

       Desde que chegamos, ela não parava de olhar pra tela daquele celular. Parecia muito preocupada com alguma coisa, e eu sei que eu não deveria mas acabei perguntando o motivo de tanta agitação. Sem contar que ela não queria dormir na nossa casa, só estava fazendo aquilo por que não tinha pra onde ir.

       — Aconteceu alguma coisa com você? - pergunto acendendo meu cigarro.
       — Por que a pergunta? - ela fala tirando seus olhos do celular.
       —  Você parece nervosa.  Andou aprontando? - sorrio maldoso.
       — Cala boca. Você é tão irritante!
       — O sujo falando do mal lavado! - solto o ar de cigarro e olho pra ela obstinado a saber o motivo da agitação - Se não falar por bem vou te obrigar a falar.

       —  O problema é meu! Não sou obrigada a falar. Vê se cresce!

    Depois que ela fala isso, eu apenas por pura diversão, primeiramente apago meu cigarro e vou até Sally que está prestando atenção no celular, pego ela no colo e ela começa a espernear  com muita raiva por eu estar fazendo aquilo. Saio pela porta da cozinha até o quintal da casa onde tem a piscina e a área de lazer, fico à beira da piscina. Ela então esperneia ainda mais, e segura meus braços com toda força desesperada pra que eu à não jogasse ali dentro.

     — ME PÕE NO CHÃO AGORA SEU MALUCO! EU VOU GRITAR PRA TODO  QUE VOCÊ TA ME ASSEDIANDO!- ela grita p*** de raiva.
     — Só me dizer por que está emburrada! Se admitir que está assim por que está com raiva de mim eu te solto! - rio ainda mais maldoso.
     — O QUE?! AGORA DEU, ME PÕE NO CHÃO! PARA DE INFANTILIDADE E ME SOLTA AGORA!

     Sally grita muito, uma das empregadas corre até lá fora preocupada me fazendo rir muito na hora. Quando ela finalmente se cansa de gritar, simplesmente ela para e fica lá parada e não faz mais nada. Pra mim a graça acaba aí, e eu me toco que aquilo foi desnecessário da minha parte. Solto ela e ela fica parada na minha frente e só aí me dou conta que  eu tinha feito ela chorar.

       — Idiota... - Sally se vira e corre pra dentro de casa.
    

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