Sam:
Meus olhos se abriram subitamente com o estalo das palmas de Lívia. Olhei pra ela com os olhos quase saltando das órbitas e o coração acelerado, sem contar o suor que escorria pelo meu corpo, mesmo dentro de uma sala refrigerada. Minha cabeça doía tão intensamente, e meus olhos estavam lacrimejando. Ela olhou pra mim preocupada, tirou os óculos e ficou me observando até que eu me recuperasse do susto.
— O que foi que viu depois da porta? - ela me perguntou apertando o botão da caneta esperando minha resposta pra poder escrever.
— Nada... - soltei um suspiro - não tinha nada. Era tudo tão escuro e frio...
— Você tem certeza senhorita Samanta? Se me esconder algo, não vou poder te ajudar...
— Realmente não vi nada. Era um lugar tão desesperador. Ainda sim, minha memória não voltou, o que está acontecendo comigo doutora?!
— não fique nervosa, vou solicitar que faça alguns exames como tomografia, raio x do cérebro, tentar identificar alguma lesão ou algum tumor. Nunca vi nada parecido.
Voltei pra casa desanimada, não tinha quase ninguém a não ser os empregados. Fui trocar de roupa, fiquei andando descalça pela casa, fiquei explorando ela já que pra mim tudo era novo mesmo não sendo. Não tinha nada de interessante, então resolvi assistir um filme, fui até a cozinha e fiz pipoca, depois me joguei no grande sofá da sala em frente aquela enorme TV de tela plana. Peguei o controle, e fiquei vendo as opções de filmes, passando sem parar, até que um deles me chamou muito a atenção: Lagoa azul, o retorno. Não sei por que aquilo me deixou tão atraída, mas eu só dei play e comecei a assistir. Estava sempre com uma sensação estranha de djavu, até que houve uma sena de sexo entre o casal principal, senti uma pontada na minha cabeça, tive a pior sensação sobre lembrança, aquela que você está prestes a se lembrar de algo importante mas não consegue. Eu desliguei o filme, não me senti muito bem, levei a bacia onde estava comendo e lavei. Decidi tomar sorvete, depois que exuguei as louças, fui até a geladeira e peguei o pote, coloquei em cima da bancada e peguei uma colher na gaveta. Dei uma grande colherada e levei a boca, e enquanto derretia, senti uma dor tão forte na cabeça, não era do gelado do sorvete, tive uma breve memória de algo que me foi dito.
"Nós temos que ir tomar sorvete lembra? Eu...eu não... Eu não saberia viver em um mundo em que você não existe, entende?"
— Essa voz... - falei pra mim mesma.
— Falando sozinha? - vejo Ted entrando na cozinha.
— to pensando em algumas coisas. Não fui muito bem na terapeuta.
— Entendo...
Fomos pra beira da piscina, nos sentamos nas cadeiras de praia com sucos e ficamos falando sobre nossa adolescência. Nada do que eu dizia parecia ter coerência pra Ted, mesmo assim, falar com ele me parecia mais agradável do que com aquela terapeuta, bem mais divertido. Me levantei, e fiquei falando sem parar, o urso só ouvia. Tenho lembranças, não muito claras, estão embasadas e eu não posso enxergar elas detalhadamente, parecem tão reais. Eu ficava rodando o anel no meu dedo sem parar, tirava e botava, até que de tanto fazer isso, soltei ele sem querer e ele caiu na piscina.
— Droga! -xinguei pelo susto - Minha aliança caiu.
— Quer que eu pegue? - Ted disse sem se levantar.
— Não, pode deixar, Eu pego.
Me sentei na beirada, mergulhei, e nadei até o fundo, vendo o anel embaçado pela água no chão. Quando pus meus dedos nele, minha cabeça doeu de novo, e alguns lapsos de memória turbinaram meu cérebro.
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Apenas Um Toque
RomanceSam é uma garota animada, divertida e cheia de amigos. Ranz é um cara isolado, cheio de fantasmas que o impedem de se socializar. Ele odeia ser tocado e Sam vai fazer de tudo pra quebrar os muros que o cercam. Se gostar da história deixe o seu voto...