Apenas Um Toque

capítulo-20

Ted:

      Já estávamos  no  ônibus da escola nos preparando pra sair da cidade. Alguns alunos aí da estavam chegando, e outros ainda arrumando suas malas no bagageiro, eu e Sam estávamos sentados um ao lado do outro, e ela tinha pegado o lugar do lado da janela. Ela estava extremamente quieta, com a cabeça encostada no vidro, e um olhar vazio e distante, seus olhos estavam baixos e tinha olheiras profundas, aparentando cansaço. Eu à conheço, e geralmente só fica assim quando chora muito antes de dormir. Melhor esperar ela se recuperar, depois perguntar por que está tão deprimida.

      Ana e Caio andam sempre juntos agora. Depois que paramos de nós falar, eles tem se demonstrado cada vez mais próximos e, eu queria não me importar, e apenas não ligar. Só que eu ainda à amo, e quanto mais olho a cena dos dois juntos, e se divertindo, sinto um ciúmes tremendo. Todos já tinham Chegado e já estávamos saindo da cidade.  Sally acabou não vindo também, o pai dela foi internado com suspeita de diabetes, e ela não podia simplesmente abandonar a família num momento daqueles só pra viajar.

      Durante a viagem, aconteceram muitas coisas, como a galera brincando de verdade ou desafio, Quando estava escurecendo alguns aproveitaram pra ficar, e os alunos que dormiam sofriam pegadinhas, como ter a cara coberta de pasta de dentes, fotos constrangedoras entre outras coisas. Sam passou a viagem inteira quieta, as vezes dormia, as vezes ouvia música nos fones e de vez enquando falava comigo, ou ficava lendo um livro que eu não consegui ver a capa até ela sair pra ir ao banheiro do ônibus. Por curiosidade eu peguei o livro e comecei a dar uma olhada. Bastou folhear pra perceber o que estava deprimido ela: era um livro extremamente triste, com relatos de pessoas com o mesmo problema de Ranz. Nem tive coragem de continuar, era uma tortura psicológica ler aquelas coisas. Quando ela voltou, se sentou e começou a procurar alguma coisa. Logicamente seu livro.

        — Está procurando por isso? - digo mostrando o livro chamando a atenção dela - Comprou ontem na livraria não foi?
        — Sim! Pode me devolver? - ela fala estendo a mão.
        — Por que está lendo uma coisa dessas? - pergunto sério - É por isso que está assim. Já estamos à 5horas nesse ônibus e você nem se quer fala direito.
        — Se eu conhecer mais sobre o assunto, posso conseguir ajudar ele melhor. - Ela diz com uma fraca.
        —  Quanto mais você lê isso, mais fica triste. E me desculpe Sam, mas Ranz já é triste demais pra ter outra pessoa deprimida perto dele.  Você parece uma morta. Fica lendo essas coisas e só piora.
        — É que... - ela tenta falar.
        — Não quero mais saber. Para de ficar lendo isso, e procure uma maneira menos cruel de ajudar Ranz. Ele tem melhorado muito ultimamente principalmente por sua causa, e você não precisou saber nada sobre o assunto pra conseguir isso. Então para!

      Assim que terminei de falar aquilo, ela ficou mais alguns minutos com o livro na mão apenas encarado ele, e logo em seguida guardou na bolsa e se encostou no meu ombro. Durante o resto da viagem, conversamos sobre outras coisas que não remetessem aquele assunto. Já eram sete da noite quando chegamos no acampamento no meio da floresta. Era perto de um pequeno povoado, Estávamos na floresta nacional de shoshone. Era uma lugar com várias cabanas de madeira, e uma enorme que era o refeitório. Ficaram distribuídos 10 pessoas pra cada cabana, onde tinham cinco beliches. Em cada uma tinha um banheiro pra higiene pessoal, e na frente do acampamento tinha um grande lago que não dava pra ver direito por causa da escuridão da noite. Tinha também uma piscina e uma quadra de esportes.

      Não fizemos muita coisa depois disso, organizamos nossas coisas nos quartos, tomamos banho e fomos pra fora conversar. Os professores fizeram uma fogueira e nos sentamos em volta dela pra conversar, cantar e tocar violão, assar marshmallows e contar piadas até que aos poucos todos foram dormir. Os últimos a saírem de lá foram eu e Caio que ficamos conversando bobagens até uma hora que ele começou a conversar sobre Ana.