capítulo-26

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Sam:

        Quando nós paramos, ficamos olhando um pro outro. Os olhos de Ranz pareciam estar mais azuis do que nunca, sua pele bem branca fazia-os parecerem mais claros do que nunca. Não sabia o que dizer, minhas mãos ainda seguravam seu rosto próximo ao meu. Estava elaborando em minha mente, a forma certa de como declarar meus sentimentos pra ele, e pensando o que faria depois se eu fosse rejeitada. Depois de um tempo, Ranz estava constantemente desviando seus olhos, e suas bochechas pela primeira vez desde que eu o conheci tinham cor, esse era o Ranz com vergonha. É incrível como  vou conhecendo as faces dele pouco a pouco, e cada expressão nova sua pra mim é como a emoção de um colecionador de selos sempre que consegue um novo, que ninguém mais tem.

       — Tenho que te dizer uma coisa... - angulo a ansiedade.
       — Des... Eu te bei... É que... - Ele começa a gaguejar.
       — Você pode ouvir o que tenho a falar? - pergunto virando seu rosto pra mim de modo que olhe em meus olhos de novo.
       — Sim.
       —  Bom, eu não sei bem como começar. Faz algum tempo já que eu queria te dizer...

      — O que vocês dois estão fazendo?! - Jena entra na enfermaria e fica nos olhando da porta.

     Quando me dou conta das minhas mãos no rosto de Ranz me levanto constrangida, pensando em alguma desculpa. Olho pro Ranz que também se levantou e o rosto dele ainda está muito vermelho, ele olha pra mim e coloca o capuz tentando disfarçar seu rosto.

      — B-bom... É que tinha, um cisco no olho de Ranz, e, eu tava assoprando o olho dele. Né Ranz?! - pisco pra ele.
      — ah, é. - Ele fala baixo.
      — Mas a gente já tem que ir pra sala Jena! Vem Ranz! - puxei ele com a mão. Ele coloca as mãos no bolso e sai da enfermaria junto comigo. Sinto o olhar de Jena me fuzilando pelas costas.

      Pelos corredores vazios da escola, só ouço os sons de nossos sapatos no chão liso. Meu corpo está meio endurecido, pois eu realmente não sei como agir sendo que a alguns  minutos atrás Ranz me beijou. Eu queria poder ler a mente dele agora e saber se ele se sente como eu. De qualquer forma, me sinto um pouco aliviada, por que se naquela hora eu me declarasse e ficasse na friendzone nem sei o que faria. Agora eu sei como os garotos que se declaravam pra mim se sentiam, é mais assustador que o primeiro dia na escola ou ser largado no caixa pela sua mãe que esqueceu de pegar alguma coisa.

Ranz:

      Não acredito que eu fiz aquilo. O que será que ela ia dizer naquele hora? Algo do tipo: " Ranz, não faz isso tá? Não é certo!" Ou : "desculpa, mas nunca vamos ter nada".

Droga! Droga! Droga!

    Eu sou muito nojento! Eu fiz algo horrível?! Será que ela vai ficar com raiva? Ela é a primeira garota que beijei na minha vida. E agora eu não sei como olhar pra ela de novo, queria ler a mente dela e saber se ela se sente como eu.

   — Ranz! Ranz! - percebo Sam me chamando perto da porta da sala - você não vai entrar? Vai ficar parado aí?
   — Tô indo. - Antes de poder abrir a porta eu senti Sam puxando meu moletom. Ela estava com uma expressão estranha.

Será que foi tão ruim assim? Acho que eu fiz merda!

   — Sobre aquilo que eu ia te falar antes, eu ainda quero te falar. Um dia... Quem sabe logo logo eu não te fale.
  — Eu vou... me lembrar disso.
  — Tá!

Apenas Um ToqueOnde histórias criam vida. Descubra agora