Sam:
Quando abri meus olhos, eu estava sentada em um banco de espera de um hospital na recepção. Estava muito calmo, e parecia tudo estranho, de repente eu vi Rachel indo falar com a enfermeira recepcionista. Corri até ela feliz, parecia que não nos víamos à muito tempo. Ao fim da conversa, mamãe sorriu pra mulher atrás do computador, e saiu caminhando por um corredor sem me notar. Eu gritava o nome dela, pedi pra ela parar, tentei segurar o braço dela mas, era como se eu não existisse. Por que Rachel está no hospital mesmo? Nem ela, nem os enfermeiros e médicos que passavam me viam, não consegui compreender. Será que estou morta? Quando ela parou e entrou em um quarto, eu imediatamente entrei com ela, e fiquei esperando até ela fechar, me virei, Ranz estava dormindo em uma poltrona ao lado da cama o de havia alguém deitado, me desesperei por me preocupar em qual dos meus amigos estaria ali. Tinha uma cortina na frente da pessoa, só podia ver seus pés embaixo do lençol.
— Você deve ir pra casa, descansar um pouco. O que acha? - Rachel toca o ombro dele levemente fazendo-o acordar em um susto.
— E se ela acordar? Eu quero estar aqui...
— você sabe que se isso acontecer te ligaria na hora. Precisa descansar, se não não vai ter forças pra rever ela.Eu estava com tanto medo de me aproximar daquela cama, e ver quem era. Me sentei em um sofá, não tive. Coragem de chegar perto, então eu iria esperar até que alguém falasse quem era, e por que estava ali.
— Tudo bem... - ele disse sem muita sinceridade.
Tentei chama-lo, tocar na mão dele, mas novamente a minha presença permaneceu inexistente. Não sei o que houve comigo, se isso é um sonho, ou pesadelo, ou se eu realmente morri e não me lembro. Só espero que se eu estiver mesmo morta, Deus não me deixe ser uma daquelas almas penadas que não encontram seu caminho.
— Olá Rachel, finalmente ele foi pra casa. - o médico entra sorrindo - o garoto já estava virando um zumbi.
— Ele gosta muito da minha filha...O QUE?! DA SUA FILHA?! AI MEU DEUS, SOU EU ALI?!
Me levantei quase sem forças nas pernas, caminhei com passos pequenos até depois daquela cortina. Fechei meus olhos, respirei, e abri olhando pra aquela cama. Sim, eu estava lá, dormindo, estava muito magra e cheia da aparelhos. Que burrice, quem mais estaria ali pra Rachel ficar de vigilha, se fosse a vovó ela estaria na cidade dela, mas eu conheço este hospital, estamos em Seattle. Se fosse um de meus amigos, eu estaria aqui com ela. Mas por que eu posso me ver se eu não estou morta? Parece uma versão de "se eu ficar" da minha vida. O acidente de carro?! Eu fui atropelada quando Mayson me perseguia, agora me deu um clarão nos pensamentos.
Só posso ter ficado louca...
— Rachel, tenho que conversar sobre a saúde de sua filha... - ele fala de maneira profissional - Samanta não está bem, como dizer...
— Não me diga que não houve melhora... - Mamãe se desespera.
— Infelizmente não. Na verdade, devido ao traumatismo, o oxigênio não tem chegado direito ao cérebro, e ela não consegue mais respirar sem os aparelhos. Sinto lhe dizer, mas está havendo um caso de morte cerebral, não estou otimista... Se ela não acordar logo, não vai acordar nunca mais. E tudo o que eu posso fazer, é lhe oferecer eutanásia, pra evitar sofrimento prolongado de sua filha.
— Ela vai sair dessa... Eu sei que vai. Doutor! - Rachel chora. - Eu não posso matar minha filha!
— De que adianta manter ela respirando, se ela não pode viver de verdade é o mesmo que estar morta, ela só vai sofrer mais. Sam tem pouco tempo agora, se ela não melhorar... Sinto muito Rachel, fiz tudo o que pude...
— Como pode tirar a vida de um ser humano assim?! Não lhe dá remorso?!
— Todos os dias eu choro quando me deito, a morte é minha companheira, já fiz eutanásia em várias pessoas, por que elas jamais voltariam. Eu sofro, por que sei que Deus está triste com isso, mas infelizmente não posso deixar alguém sofrendo atoa... Faço apenas o que posso. Claro, que se você não quiser, poderemos manter ela aqui com todos os cuidados até seu último suspiro, mas acredite, o coração dela não irá bater de verdade, e ela já estará praticamente morta.Eu estou morrendo...
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Apenas Um Toque
RomanceSam é uma garota animada, divertida e cheia de amigos. Ranz é um cara isolado, cheio de fantasmas que o impedem de se socializar. Ele odeia ser tocado e Sam vai fazer de tudo pra quebrar os muros que o cercam. Se gostar da história deixe o seu voto...