Apenas Um Toque

capítulo-70

Sam:

Já se passaram 15 anos, crescemos, amadurecemos. Eu e Ranz namoramos por 8 anos, e ao terminar a faculdade nos casamos. Me tornei psiquiatra, e ele se formou em engenharia aeronáutica. Tivemos uma filha: Isa, com dois anos atualmente. Não foi fácil chegar até aqui, construir cada pedacinho dessa história foi um longo caminho. Os quatro primeiros anos de faculdade que passamos longe um do outro foi um período complicado, nos víamos uma ou duas vezes por ano. Ao concluir, voltamos pra Seattle, montei minha clínica e ela acabou crescendo bastante com o passar dos anos. Ainda sim, era difícil, Ranz estava sempre viajando por causa do trabalho, e passava semanas em projetos complicados. Os dias eram divertidos quando estávamos juntos. Ainda era como se estivéssemos nos tempos de escola, sempre foi um relacionamento inocente. Me lembro do dia em que Ranz me pediu em casamento, não foi nada grandioso demais.

Estávamos na varanda da minha casa com grandes xícaras de chocolate quente que Rachel havia feito para nós, a neve caía suavemente pintando o chão de branco, e não sei muito bem sobre o que conversávamos. Ele se mexeu um pouco na cadeira pra tirar algo do bolso, depois colocou a caixinha em cima da mesa e disse: "Me aceita como marido?". Não parece um pedido convencional, mas isso o torna único, e por isso fico feliz em lembrar. Foi uma correria sem fim, muitas coisas pra organizar, muitas pessoas pra convidar. Eu não fazia idéia de como queria meu vestido, Ranz também não sabia como participar da preparação de um casamento, ainda mais o dele. Naquela época, Victoria correu atrás da maioria das coisas. Enquanto ainda estávamos no colegial, os pais dela se arrependeram do que fizeram, e pouco antes do bebê nascer, ela acabou voltando pra casa. Infelizmente ela não estava conosco na formatura, pois sua mãe desenvolveu um câncer de mama alguns meses antes e faleceu poucos dias antes de nos formamos. Ela conheceu um cara legal chamado David, que cuida bem delas duas, e trata a filha de Victoria, Lizzie, como se fosse dele.

Foi uma cerimônia com a presença de muitas pessoas, mas simples, e o dia mais feliz de nossas vidas. Eu gosto muito de como o céu fica quando está anoitecendo, por isso o casamento começou as quatro da tarde, e se estendeu em uma festa até o dia seguinte. Todas as pessoas mais importantes da minha vida estavam lá, Ted, Ana, Sally, Luke, Jena, Brant que se tornou um grande amigo com o decorrer dos anos, Caio, Victoria, minha mãe, minha avó, e principalmente: Ranz. Enchemos a entrada com muitas flores, coloridas e de várias espécies diferentes. Luke nos deu elas de presente de casamento. Os bancos estavam enfeitados com longos tecidos enrolados cor creme e brancos. O caminho até o altar seguia com um enorme tapete vermelho e em frente ao padre haviam dois bancos de madeira vermelha para nos sentarmos. Vesti um vestido pouco comum, cor rosa pastel, com mangas de rendas bordadas com flores. E prendi meu cabelo em um coque preso à uma grinalda prateada. Nunca estive tão nervosa quanto naquele dia, meu coração parecia estar tendo um ataque e eu mal conseguia me segurar em pé, minhas pernas tremiam tanto. Quem entrou segurando meu braço na igreja foi o senhor Jônatas, pai de Ranz. Seu semblante demonstrava grande orgulho do filho, e pouco antes de entrarmos, ele chorou emocionado.